Sem a caridade, tudo, na
Terra que povoamos,
seria o caos do
princípio.
A ciência ateará
sempre a chama
da palavra nos
lábios humanos,
erguendo
pedestais à
inteligência;
mas, sem a
caridade de
Jesus, que
alimenta o corpo
e sustenta a
vida, debalde se
levantarão
púlpitos e
monumentos.
Todos os
patrimônios que
enriquecem o
homem foram
acumulados pela
graça do Senhor,
considerando o
progresso em
seus alicerces
profundos.
A caridade
divina é
tangível em toda
parte.
Caridade é o ar
que respiramos,
a luz que nos
aclara os
caminhos, o grão
que nos supre de
forças, o pano
que nos envolve,
a afeição que
nos acalenta, o
trabalho que nos
aperfeiçoa e a
experiência que
nos aprimora.
O mundo inteiro
é uma
instituição de
amor divino, a
que nos
acolhemos para
amealhar a
riqueza do
futuro. A
caridade é a
coluna central
que o mantém.
Sem ela, que
exprime
paciência e
humildade,
serviço e
elevação, a
máquina da vida
paralisaria em
todas as peças.
Sem ela, os
santos mofariam
no paraíso e os
pecadores
clamariam,
desesperados, no
inferno; os
fortes não se
inclinariam para
os fracos, nem
os fracos
vicejariam ao
contacto dos
fortes; os
sábios
apodreceriam na
estagnação, por
ausência de
exercício, e os
ignorantes
gemeriam,
condenados
indefinidamente
às próprias
trevas.
Mas a bendita
sentinela de
Deus é o Anjo
Guardião do
Universo, e
nunca relega as
criaturas ao
desamparo,
ensinando que a
vitória do bem,
com ascensão
para a luz, é
sempre obra de
cooperação,
interdependência
e fraternidade.
A estátua não
desfrutaria o
louvor da praça
pública sem a
caridade do
material
inferior que lhe
assegura o
equilíbrio na
base; a luz não
nos livraria das
sombras se a
candeia acesa no
velador não lhe
dirigisse os
raios para o
chão.
O solo aceita as
exigências do
rio que o
desgasta,
incessantemente,
e, com isto, a
escola terrestre
permanece viva e
fértil; a
semente
conforma-se com
o negrume e a
soledade na cova
e, assim, a mesa
tem pão.
Sem obediência
às normas da
caridade, que
exalta o
sacrifício de
cada um para a
bem-aventurança
de todos,
qualquer ensaio
de felicidade é
impraticável.
Somos todos
filhos da Graça
Divina e
herdeiros dela,
e, para
santificarmos a
vanguarda do
progresso, é
imprescindível
dar de nós
mesmos, em
oferta
permanente ao
bem universal.
Todo egoísmo
está condenado
de início.
A água, sem
proveito,
putrefaz-se. O
arado inativo é
carcomido pela
ferrugem. A flor
estéril torna ao
adubo. O
espírito
permanentemente
circunscrito ao
estreito circulo
de si mesmo é
castigado com a
desilusão.
Recebendo as
bênçãos do Céu,
através de mil
vias, a cada
instante da
experiência no
corpo, o homem
que não aprendeu
a dar, em
auxílio
espontâneo aos
semelhantes, é
louco e infeliz.
Multipliquem-se
palácios para a
administração e
para cultura do
cérebro; mas,
enquanto a porta
do coração não
se descerrar ao
toque do amor
fraterno, a
guerra será o
vulcão
espiritual do
mundo, devorando
a Paz e a Vida.
Descubram-se
preciosos
segredos da
matéria e
entoem-se
cânticos de
triunfo no seio
das nações
gloriosas da
Terra; mas,
enquanto o homem
não ouvir o
apelo suave da
caridade, para
fazer-se
verdadeiro irmão
do próximo, o
solo do Planeta
permanecerá
empestado de
vermes e
encharcado de
sangue dos
mártires, que
continuarão
tombando a
serviço da
divina virtude
em intérmina
caudal.
Do livro
Falando à Terra,
obra
psicografada
pelo médium
Francisco
Cândido Xavier.
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