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Brasil
Ano 3 - N° 139 - 3 de Janeiro de 2010

ADILTON PUGLIESE
santospugliese@hotmail.com

Salvador, Bahia (Brasil)


Federação Espírita do Estado da Bahia: 94 anos de Unificação

Sucessora da União Espírita Baiana, fundada em 25 de dezembro de 1915, a Casa-Máter do Espiritismo na Bahia comemorou em dezembro mais um ano de vida
 

A Federação Espírita Brasileira/FEB, fundada em 2 de janeiro de 1884, publicou em 1º de novembro de 1904 importante, pioneiro e hoje centenário documento intitulado Bases de Organização Espírita. Dentre várias proposições ali contidas, a principal é a de criar, em todos os Estados da União, um órgão unificador, comunicando-se com as demais instituições estaduais e com a FEB. A atribuição básica desse órgão seria a de manter a harmonia do Movimento Espírita, garantindo sua unidade e, em consequência, a expansão segura do Espiritismo. (1) 

Quarenta e cinco anos depois, em 5 de outubro de 1949, outra iniciativa do Movimento Espírita Brasileiro viria renovar e fortalecer esses mesmos propósitos do opúsculo “Bases de Organização Espírita”, na Grande Conferência Espírita do Rio de Janeiro, quando foi selado o acordo que ficou conhecido como PACTO ÁUREO.  A imediata propagação dos ideais da Unificação teve efeito em janeiro de 1950, com a instalação do Conselho Federativo Nacional e, em seguida, em outubro do mesmo ano, da Caravana da Fraternidade, cuja marcha teve início em Salvador (BA), onde, em 2 de novembro de 1950, foi fundada a USEB/União Social Espírita da Bahia, prosseguindo por outros Estados brasileiros. (2)

Os sinais preliminares das atividades unificadoras constam do estatuto da antiga União Espírita Baiana 

A Bahia tem também nos seus anais o pioneirismo da instalação, em 17/9/1865, do Grupo Familiar do Espiritismo, primeiro Centro Espírita do Brasil, e do surgimento da Imprensa Espírita Brasileira, em julho de 1869, com o jornal O Eco de Além-Túmulo, ambos fundados por iniciativa de Luís Olímpio Teles de Menezes (1825-1893). (3) Contudo, os sinais preliminares das atividades unificadoras constam do estatuto da antiga União Espírita Baiana desde 25 de dezembro de 1915, data de sua fundação, e que previa, no capítulo I, artigo 1º, parágrafo segundo, “constituir-se entre as associações espíritas do Estado o laço de união e solidariedade, integrando-as ao mesmo tempo no movimento de organização espírita do Brasil e de todo o planeta, segundo o plano da Federação Espírita Brasileira”. (grifamos) 

Emociona observarmos no documento de 29/6/1916, que aprovou o “projeto de estatuto da União Espírita Baiana”, a assinatura, representando o Grupo Caridade, dentre outras, de José Petitinga (1866-1939), esse valoroso e dinâmico pioneiro do movimento espírita da Bahia e que hoje, no mundo espiritual, prossegue incansável, impulsionando as atividades unificacionistas no Estado e no Brasil. 

Esses eram os primeiros momentos federativos vividos pelos espíritas baianos, confirmados, anos depois, com o Acordo de Unificação do Movimento Espírita, aprovado em 3/9/1972, e assinado na sessão de encerramento do III Congresso Espírita Estadual, em 30/10/1972, em que a USEB transferia à União Espírita Baiana “o encargo e responsabilidade da coordenação, orientação e concretização da Unificação do Movimento Espírita no Estado da Bahia”.  

Nesses 94 anos, a história da FEEB ostenta consideráveis esforços para manter acesa a chama da Unificação 

Esses atos culminariam, posteriormente, com o surgimento da Federação Espírita do Estado da Bahia/FEEB, em 11 de fevereiro de 1973, nova denominação da União Espírita Baiana. São 94 anos, portanto, desde 1915, de perseverantes investimentos no ideal unificacionista, sobretudo através do modelo do federativismo, que é “um fenômeno unificador e criativo, tendo como unidade-base o Centro Espírita”. 

Nesses noventa e quatro anos de trajetória federativa, a história das origens da FEEB ostenta consideráveis esforços para manter acesa a chama dos ideais de Unificação, cujos primeiros sinais encontramos em trechos do discurso pronunciado em 1º de abril de 1862, por Allan Kardec, na Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas/SPEE, na abertura do ano social, e onde identificamos o paradigma do modelo unificacionista do Movimento Espírita Brasileiro, competentemente dinamizado pela Federação Espírita Brasileira/FEB, por meio das atividades conhecidas como federativismo: “Senhores, cabe aqui uma observação muito importante sobre a natureza das relações que existem entre a Sociedade de Paris e as reuniões ou Sociedades fundadas sob os seus auspícios, e que seria erro considerar como sucursais. A Sociedade de Paris não tem, sobre aquelas, outra autoridade senão a da experiência. O laço que as une é, pois, puramente moral, fundamentado na simpatia e na similitude de ideias; a única palavra de ordem é a que deve unir todos os homens: caridade e amor ao próximo, palavra de ordem pacífica e que não deixa margem a dúvidas”. (4)   

O estatuto da FEEB, aprovado em fevereiro de 1973, recebeu o aval do Espírito de José Petitinga

Na histórica mensagem transmitida por via psicofônica ao médium Divaldo Pereira Franco, no encerramento da solenidade em que entrou em vigor o estatuto da FEEB, naquela manhã de 11 de fevereiro de 1973, que consolidava o “acordo de Unificação”, o venerável Espírito de José Petitinga faz comovedora prece a Jesus, da qual destacamos os parágrafos abaixo. (5)        

“Senhor Jesus! Abençoa os operários da tua obra, na diligência da Boa Nova!  

“Dá-nos as tuas mãos para que as nossas débeis e trêmulas mãos possam operar incessantemente no bem, até o instante da nossa libertação total.  

“Ante a Unificação dos labores que nos congregam, nas linhas do Espiritismo, nós te pedimos que nos dês consciência para agir, discernimento para compreender e nobreza para perseverar, haja o que haja, porquanto em Ti haurimos o exemplo máximo da dedicação até o sacrifício da vida por amor a todas as vidas em nome da Vida Abundante de todos nós. 

“Abençoa, pois, Senhor e Guia Divino, os teus trabalhadores desencarnados e encarnados no começo da obra de restauração da Verdade na Terra, ora reafirmada neste documento de amor, que leva o sinete da tua misericordiosa presença.”

A meta fundamental da novel Entidade seria reestruturar e dinamizar o trabalho federativo no Estado da Bahia 

Ainda, naquele mês histórico de fevereiro de 1973, a USEB publicaria o seu último Boletim, de número 9, anunciando o encerramento de suas atividades e o surgimento da FEEB, divulgando a meta fundamental da novel Entidade, que seria reestruturar e dinamizar o trabalho federativo no Estado, elaborando em seguida um Plano de Ação e apresentando o primeiro projeto de Ação Federativa. 

Nos dias atuais a FEEB concentra esforços no “aperfeiçoamento do trabalhador espírita, na inserção do conhecimento espírita na sociedade e na organização e ampliação da rede de instituições espíritas”, participando ativamente das reuniões do CFN/Conselho Federativo Nacional, da Comissão Regional Nordeste e de outras atividades promovidas pela FEB. 

Assim, desde aqueles dias heróicos de 1915, são mais de nove décadas ininterruptas de intenso labor, dedicadas às atividades federativas espíritas, para se manter fiel aos compromissos assumidos pelos inesquecíveis Petitinga e Manoel Philomeno de Miranda (1876-1942), em consonância com as nobres diretrizes da Codificação Espírita. 

Congratulações, portanto, aos seus dirigentes e trabalhadores, de todos os tempos, pela significativa efeméride.

 

Referências:

(1) Apostila Movimento Espírita. FEB. 1994.p.54.

(2) Idem, ibidem, p.54 a 57.

(3) Wantuil, Zêus. Grandes Espíritas do Brasil. 1. ed. FEB, 1969. p.570 e 578.

(4) Kardec, Allan. Revista Espírita. Junho de 1862. 1. ed. FEB, 2004.p.231 e 232.

(5) Estatuto da FEEB, 1973, p.29.

 

 


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