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Estudando as obras de Kardec
Ano 3 - N° 139 - 3 de Janeiro de 2010

ASTOLFO O. DE OLIVEIRA FILHO
aoofilho@oconsolador.com.br
Londrina, Paraná (Brasil)
 

A Revue Spirite de 1865

Allan Kardec 

(Parte 2)

Damos prosseguimento ao estudo da Revue Spirite correspondente ao ano de 1865. O texto condensado do volume citado será aqui apresentado em 22 partes, com base na tradução de Júlio Abreu Filho publicada pela EDICEL.

Questões preliminares

A. O trabalho e a atividade da alma são importantes para o crescimento espiritual?

Sim. Segundo Fénelon, cada luta enfrentada corajosamente sob o olhar de Deus é uma prece fervorosa, “que sobe a ele como o incenso puro e de odor agradável”. “Se bastasse formular palavras para se dirigir a Deus, os inoperantes apenas teriam que tomar um livro de preces para satisfazer a obrigação de orar. O trabalho, a atividade da alma são a única boa prece que a purifica e a faz crescer.” (Revue Spirite de 1865, pp. 28 a 31.) 

B. Qual é a causa que leva os espíritas a encarar a morte com serenidade?

O motivo dessa serenidade é que a doutrina espírita muda inteiramente a maneira de se encarar o futuro. A vida futura deixa de ser simples hipótese, e o estado das almas após a morte não é mais um sistema, mas o resultado da observação. O que os sustém não é, portanto, somente a esperança, mas a certeza de que a vida continua. (Obra citada, págs. 36 e 37.)  

C. Que é que os guias espirituais fazem pela criança durante o período da primeira infância?

Durante esse período, quando a criança ainda se vale do berço, a ação da alma sobre a matéria é pouco sensível. Os guias espirituais procuram, então, aproveitar esses instantes para preparar o Espírito e o encorajar às boas resoluções de que sua alma está impregnada. É nesses momentos de desprendimento que o Espírito, saindo da perturbação que teve de passar para encarnar-se, compreende e lembra os compromissos contraídos para o seu adiantamento moral. (Obra citada, pág. 44.)

Texto para leitura

13. Pitágoras não foi, pois, o autor da metempsicose; foi tão-somente o seu propagador na Grécia, depois de a haver encontrado entre os indianos. Acresce ainda notar que a encarnação entre os animais consistia, segundo os seus defensores, numa punição temporária, uma espécie de prisão da qual, ao sair, a alma entrava na Humanidade. (Págs. 25 e 26.)

14. A Revue anuncia o surgimento em dezembro de 1864 do jornal espírita “O Médium Evangélico”, de Toulouse. Em seu número inicial, o novo periódico explica que, tendo em vista que o objetivo essencial do Espiritismo é a moralização, ele seria redigido conforme o espírito evangélico, que é sinônimo de caridade, tolerância e moderação. (Págs. 26 e 27.)

15. Na seção de livros novos, a Revue divulga a publicação de um opúsculo em língua alemã intitulado “Alfabeto Espírita - Para ensinar a ser feliz”, composto de uma coletânea de comunicações mediúnicas em prosa e verso recebidas na Sociedade Espírita de Viena, sobre diferentes assuntos de moral, postos em ordem alfabética. O autor, Sr. Delhez, de Viena, era o tradutor d’ O Livro dos Espíritos em língua alemã. (Pág. 28.)

16. Encerrando o número de janeiro de 1865, a Revue transcreve três mensagens mediúnicas obtidas na Sociedade de Antuérpia em 1864 e firmadas pelo Espírito de Fénelon. Eis alguns dos pensamentos que nelas se contêm: I) “Deus é tão justo quanto grande. Apoiai-vos nele e ele vos inundará de sua graça.” II) “Espíritas, erguei-vos; dai a mão aos vossos irmãos, os apóstolos da fé, para que sejais fortes ante o exército tenebroso que vos quer engolir.” III)  “Jamais é o homem tão forte do que quando sente a sua fraqueza; tudo pode empreender sob o olhar de Deus. Sua força moral cresce em razão de sua confiança, porque sente necessidade de dirigir-se ao Criador para pôr sua fraqueza ao abrigo das quedas a que a imperfeição humana o pode arrastar.” IV) “Todo homem necessita de conselhos. Infeliz aquele que se julga bastante forte por suas próprias luzes, porque terá numerosas decepções. O Espiritismo está cheio de escolhos, mesmo nos grupos e, com mais forte razão, no isolamento.”  V) “Cada luta enfrentada corajosamente sob o olhar de Deus é uma prece fervorosa, que sobe a ele como o incenso puro e de odor agradável.”  VI) “Se bastasse formular palavras para se dirigir a Deus, os inoperantes apenas teriam que tomar um livro de preces para satisfazer a obrigação de orar. O trabalho, a atividade da alma são a única boa prece que a purifica e a faz crescer.” (Págs. 28 a 31.)

17. A apreensão da morte – diz Kardec na abertura do número de fevereiro – é efeito da sabedoria da Providência e uma consequência do instinto de conservação comum a todos os seres vivos. À medida que o homem compreende melhor a vida futura, diminui a apreensão da morte. A certeza da vida futura dá outro curso às suas ideias, outro objetivo a seus trabalhos, porque ele então sabe que seu futuro depende da direção que der ao presente. (Pág. 33.)

18. A apreensão da morte depende, assim, da insuficiência das noções sobre a vida futura. Enfraquece à medida que se forma a certeza; desaparece quando a certeza sobre o futuro é completa. (Págs. 34 a 36.)

19. A doutrina espírita, portanto, muda inteiramente a maneira de encarar o futuro. A vida futura não é mais uma hipótese, mas uma realidade; o estado das almas após a morte não é mais um sistema, mas o resultado da observação. Eis aí a causa da calma com que os espíritas encaram a morte e da serenidade de seus últimos instantes na Terra. O que os sustém não é só a esperança, é a certeza. (Págs. 36 e 37.)

20. Tratando dos incessantes progressos que o Espiritismo apresentava, Kardec destaca a principal causa disso: é que, ao contrário das doutrinas puramente especulativas, o Espiritismo repousa sobre um fato – o da comunicação entre o mundo visível e o invisível. Ora, um fato não pode ser anulado pelo tempo, como uma opinião. O Espiritismo é, por isso mesmo, imperecível. Apoiando-se não numa ideia preconcebida, mas em fatos patentes, ele está ao abrigo das flutuações comuns às diferentes doutrinas que tiveram sucesso circunscrito ou temporário, e não poderá senão crescer. (Págs. 38 e 39.)

21. Alguns, no entanto, dirão que ao lado dos fatos o Espiritismo apresenta uma teoria, uma doutrina. Quem pode assegurar que essa teoria não sofrerá variações? Sem dúvida, reconhece Kardec, ela poderá sofrer modificações em seus pormenores, à vista de novas observações; mas seu princípio não pode variar e, menos ainda, anular-se; eis o essencial. (Pág. 40.)

22. Concluindo, adverte o Codificador: “O Espiritismo está longe de haver dito a última palavra, quanto às suas consequências, mas é inamolgável em sua base, porque esta base está assentada nos fatos”. (Pág. 41.)

23. Na Sociedade Espírita de Paris, um Espírito explica a causa do mutismo que afetava um menino de três anos, dizendo tratar-se de uma inteligência que poderia ainda ficar velada por algum tempo, pelo sofrimento material da reencarnação, a que teve ele muita dificuldade em se submeter. Mas o seu guia o ajudava com terna solicitude a sair desse estado pelos conselhos, o encorajamento e as lições que lhe dava durante o sono do corpo. (Págs. 41 a 43.)

24. Durante o período da primeira infância, quando a criança ainda se vale do berço, a ação da alma sobre a matéria é pouco sensível. Os guias espirituais procuram aproveitar esses instantes para preparar o Espírito e o encorajar às boas resoluções de que sua alma está impregnada. É nesses momentos de desprendimento que o Espírito, saindo da perturbação que teve de passar para encarnar-se, compreende e lembra os compromissos contraídos para o seu adiantamento moral. (Pág. 44.) (Continua no próximo número.) 


 


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