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Crônicas e Artigos
Ano 3 - N° 139 - 3 de Janeiro de 2010

WALDENIR APARECIDO CUIN
wacuin@ig.com.br
Votuporanga, São Paulo (Brasil)
 

O mais rico...


– A civilização, criando novas necessidades, não é a fonte de novas aflições?

“Os males deste mundo estão na razão das necessidades artificiais que criais para vós mesmos. Aquele que sabe limitar os seus desejos e ver sem cobiça o que está fora das suas possibilidades, poupa-se a muitos aborrecimentos nesta vida. O mais rico é aquele que tem menos necessidades.” (Questão 926 de “O Livro dos Espíritos”, de Allan Kardec.) 

Os bens materiais são ferramentas importantes colocadas à nossa disposição, para serem usadas de forma adequada, como auxiliares do nosso aprimoramento espiritual, pois que a verdadeira vida não é a física. A utilização indevida delas é que tem proporcionado a infelicidade entre os homens.

Sendo criaturas imortais, a vida definitiva é a espiritual. Nossa permanência neste mundo é temporária e a utilização que fazemos da matéria também é passageira, por isso, devemos refletir com consciência sobre a forma e maneira de viver bem por aqui, extraindo dessa existência o máximo de aprendizado possível, tendo em vista o nosso progresso espiritual.

O egoísmo que ainda carregamos tem empanado a nossa visão, impossibilitando enxergarmos os reais valores da vida, aqueles que nos atestarão crescimento interior. Essa terrível chaga da humanidade enfraquece o amor ao próximo, obscurece o sentimento de fraternidade e ofusca nossas iniciativas em favor da construção de uma sociedade mais justa e humana, pois que sugere a realização de ações que visam somente a nossa comodidade.

E o desejo de juntar e ter, materialmente, cada vez mais tem abafado os nossos sentimentos de maneira que passamos a pensar somente em nós mesmo, no nosso bem estar, no conforto da nossa família e poucas atenções damos àqueles que seguem ao nosso lado, vivendo momentos de aflições e angústias.                                          

O ensinamento de Jesus: “Ama teu próximo como a ti mesmo” acaba não recebendo as atenções e a compreensão desejadas, pois que na verdade a preocupação é sempre conosco mesmo, embora a nossa afirmação de que somos verdadeiros cristãos. 

Criando novas necessidades, nem sempre imprescindíveis, obviamente temos que nos esforçar para atendê-las, o que acaba por nos escravizar a uma vida voltada às conquistas materiais, dentro do conceito de possuir sempre mais e mais, enquanto os valores espirituais vão ficando para segundo plano, para outras oportunidades.

E como o tempo corre célere, quando percebemos já está findando a nossa vida aqui na Terra e tudo o que fizemos foi deitar preocupações em ter, em possuir bens e coisas materiais, que não nos acompanharão à vida espiritual que inexoravelmente nos aguarda. Conseguimos valores, moedas, patrimônio, mas não conseguimos a paz de uma consciência tranquila nos deveres que deveriam ser cumpridos. O remorso e o arrependimento aparecem, mas pode ser tarde e a grande oportunidade de prosperarmos espiritualmente talvez esteja perdida. Então, o medo e o pavor se instalam em nossas mentes ante a incerteza do futuro.

Diante da assertiva de que o homem mais rico é aquele que tem menos necessidades, porque quase sempre somos insaciáveis, querendo mais e mais, talvez ainda haja  tempo para que tomemos a deliberação de pensar no enriquecimento interior, na aquisição de valores nobres, como caridade, solidariedade, altruísmo, amor ao próximo e outros de igual importância, uma vez que serão essas aquisições que eternamente seguirão conosco, com capacidade de nos proporcionar a paz que queremos e a serenidade que buscamos.

Certamente ninguém está impedido de usufruir dos bens materiais, que aí estão para serem utilizados, mas, obviamente, de forma equilibrada, como recursos disponíveis, mas precisamos manter em mira sempre o desejo de aquinhoar bens espirituais, porque eles sim, nos farão melhores e nos garantirão uma boa posição futura.

Meditemos...
 



 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita