Neste artigo
trazemos o
testemunho da
crença na vida
espiritual na
civilização
Inca, no Peru,
que existiu até
o século XVI
d.C.. Muitas
destas
informações
obtivemos num
documentário
americano de TV
a cabo, History Channel,
o qual
apresentou
excelente nível
histórico-científico.
Os Incas
constituíam o
maior império de
todo continente
americano, com
mais de duzentos
mil súditos e
que foi
derrotado,
incrivelmente,
por cerca de 170
conquistadores
espanhóis e suas
armas. Os
espanhóis
chegaram às
terras
americanas e,
além de
descobrir as
grandes riquezas
incas, se
depararam com um
impressionante
culto aos
mortos, que eram
consultados nos
mais elementares
assuntos da
sociedade e eles
é que governavam
o povo.
OS MORTOS
COABITAVAM COM
OS VIVOS
Os espanhóis
ficaram
impressionados
com o que viram;
os mortos,
representados
pelas múmias dos
imperadores
falecidos, não
só eram
consultados, mas
viviam nas casas
com os vivos,
sendo vestidos,
alimentados, iam
ao banheiro etc.
Até banquetes
eram oferecidos
a estes
ancestrais
mumificados, que
eram vestidos
com roupas finas
e joias. Súditos
fiéis pediam
conselho e
orientação a
eles, que
recebiam até
terras para
governar.
Em 1532, um
pequeno grupo de
aventureiros
espanhóis era
liderado por
Francisco
Pizarro em
Cuzco, a Capital
do império.
Pizarro decide
premiar um
aliado indígena
com a mão de uma
princesa inca.
Um aliado de
Pizarro foi
incumbido de
pedir a mão da
princesa ao
patriarca do
clã, que
governava todos
os assuntos da
família. A
surpresa de
Pizarro foi
descobrir que
este patriarca
que orientava a
família era um
corpo seco e
mumificado,
isto mesmo, uma
“múmia”. Após
algum tempo, o
patriarca (a
múmia) deu a
permissão para o
casamento,
deixando os
espanhóis
horrorizados com
esse culto aos
mortos, que
continuavam a
viver com os
vivos e
administrar sua
vida social.
Para os Incas,
era como se a
morte não
existisse, pois
o falecido
continuava a
viver nos
assuntos
carnais. Os
egípcios, três
mil anos antes
de Jesus,
preparavam seus
mortos para a
vida além da
morte,
acreditando que
o falecido ia
para um lugar
distante. Mas as
múmias da
América do Sul,
além de serem
consideradas as
mais antigas do
mundo, pois aqui
há registros de
mumificação de
sete mil anos,
elas nunca
deixavam o mundo
dos vivos, pois
eram
consideradas
seres vivos, que
passavam a um
outro estado da
vida. Perto de
Cuzco há
Pikillacta, um
grande sítio de
restos
arqueológicos
peruanos, com
objetos e múmias
que ainda estão
sendo objeto de
estudo.
Os Waris
governaram o
Peru por muito
tempo, até mais
ou menos mil
anos depois de
Jesus, quando os
Incas passaram a
governar o país.
Pachacuti
(1438-1471)
(quer dizer
aquele que
transforma o
mundo) foi o
maior gênio
político dessa
época; ele
organizou o
Estado inca,
suas
instituições e o
culto aos
mortos, pois
criou o culto
oficial das
múmias reais. As
Múmias reais iam
até as batalhas
juntamente com
os vivos e
acreditava-se
que elas
controlavam as
forças da
natureza e
aconselhavam os
vivos prevendo o
futuro,
decidindo
casamentos etc.
Em 1471 morreu
Pachacuti e após
algum tempo as
despesas para o
culto aos mortos
começaram a ruir
o império. O
Imperador
Huascar
(1491-1532)
terminou com o
culto aos
mortos, mas não
teve adesão do
povo. Até que
Atahualpa
(1500-1533) o
derrotou em
batalha e
reativou a
homenagem, e foi
quando chegaram
os espanhóis.
Interessante
citar uma prece andina às
cinzas dos
mortos, que
bem exemplifica
suas convicções
quanto à
continuidade da
vida após a
morte:
- Flores do
fogo, resíduos
do fogo, comam
isto, bebam
isto, senhores
queimados,
senhores em
brasas. Donos
das águas, donos
dos campos,
enviem água,
enviem comida de
onde estão...