MARCELO BORELA DE
OLIVEIRA
mbo_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná
(Brasil)
Entre a Terra e o Céu
André Luiz
(Parte
17)
Continuamos a apresentar
o
estudo da obra
Entre a Terra e o Céu,
de André Luiz,
psicografada pelo médium
Francisco Cândido Xavier
e
publicada em 1954 pela
Federação Espírita
Brasileira.
Questões preliminares
A. Onde se radicam as
causas das enfermidades
humanas?
Segundo o Ministro
Clarêncio, a percentagem
quase total das
enfermidades humanas
guarda origem no
psiquismo. Orgulho,
vaidade, tirania,
egoísmo, preguiça e
crueldade são vícios da
mente, gerando
perturbações e doenças
em seus instrumentos de
expressão. Quando
ofendemos a essa ou
àquela criatura, lesamos
primeiramente a nossa
própria alma, uma vez
que rebaixamos a nossa
dignidade de Espíritos
eternos, retardando em
nós sagradas
oportunidades de
crescimento. É por isso
que a dor comparece em
nossa vida como fator
essencial no reajuste.
"A dor é o grande e
abençoado remédio – diz
Clarêncio –, porque nos
reeduca a atividade
mental, reestruturando
as peças de nossa
instrumentação e
polindo os fulcros
anímicos de que a
inteligência se vale
para desenvolver-se. É
ela, depois de Deus, a
única força capaz de
alterar o rumo de nossos
pensamentos,
compelindo-nos a
indispensáveis
modificações, com vistas
ao Plano Divino, de que
não podemos fugir sem
graves prejuízos para
nós mesmos.”
(Entre a Terra e o Céu,
cap. XXI, pp. 132 a
134.)
B. Por que Clarêncio
recorreu à Irmã Clara
para a doutrinação de
Odila?
O Ministro explicou que
ele detinha, sim, alguma
força magnética
suficientemente
desenvolvida, capaz de
operar sobre a mente de
nossos companheiros em
recuperação; mas ainda
não dispunha de
sentimento sublimado,
suscetível de garantir a
renovação da alma. E,
humildemente, aditou:
"Sem dúvida, dentro de
minhas limitações, estou
habilitado a falar à
inteligência, mas não me
sinto à altura de
redimir corações. Para
esse fim, para decifrar
os complicados
labirintos do
sofrimento moral, é
imprescindível haver
atingido mais elevados
degraus na humana
compreensão".
(Obra citada, cap. XXII,
pp. 135 e 136.)
C. Como conceituar a
cólera e quais os seus
efeitos?
O ensinamento veio da
Irmã Clara, que foi
incisiva ao dizer que a
cólera não aproveita a
ninguém, não passa de
perigoso curto-circuito
de nossas forças
mentais, por defeito na
instalação de nosso
mundo emotivo,
arremessando raios
destruidores, ao redor
de nossos passos. Em
tais ocasiões, se não
encontramos, junto de
nós, alguém com o
material isolante da
oração ou da paciência,
o súbito desequilíbrio
de nossas energias
estabelece os mais altos
prejuízos à nossa vida,
porque os pensamentos
desvairados, em se
interiorizando, provocam
a temporária cegueira de
nossa mente, arrojando-a
em sensações de remoto
pretérito, nas quais
como que descemos, quase
sem perceber, a
infelizes experiências
da animalidade inferior.
E Clara aduziu: "A
cólera, segundo
reconhecemos, não pode e
nem deve comparecer em
nossas observações,
relativas à voz. A
criatura enfurecida é um
dínamo em descontrole,
cujo contacto pode gerar
as mais estranhas
perturbações".
(Obra citada, cap. XXII,
pp. 137 e 138.)
Texto
para leitura
61. Causas e
função das doenças
- Clarêncio acentuou que
o corpo do homem na
Crosta foi erigido
pacientemente, no curso
dos séculos, e o
delicado veículo do
Espírito, nos planos
mais elevados, vem sendo
construído, célula a
célula, na esteira dos
milênios incessantes,
"até que nos
transfiramos de
residência, aptos a
deixar, em definitivo,
o caminho das formas,
colocando-nos na direção
das esferas do Espírito
Puro, onde nos aguardam
os inconcebíveis, os
inimagináveis recursos
da suprema sublimação".
A conversação derivou
então para as
enfermidades e suas
causas: "Um dia, o
homem ensinará ao
homem, consoante as
instruções do Divino
Médico, que a cura de
todos os males reside
nele próprio. A
percentagem quase total
das enfermidades humanas
– asseverou Clarêncio –
guarda origem no
psiquismo. Orgulho,
vaidade, tirania,
egoísmo, preguiça e
crueldade são vícios da
mente, gerando
perturbações e doenças
em seus instrumentos de
expressão". O Benfeitor
lembrou, em seguida, que
a morte não é redenção,
e nunca foi: "O pássaro
doente não se retira da
condição de enfermo, tão
só porque se lhe
arrebente a gaiola. O
inferno é uma criação de
almas desequilibradas
que se ajuntam, assim
como o charco é uma
coleção de núcleos
lodacentos, que se
congregam uns aos
outros. Quando de
consciência inclinada
para o bem ou para o mal
perpetramos esse ou
aquele delito no mundo,
realmente podemos ferir
ou prejudicar a alguém,
mas, antes de tudo,
ferimos e prejudicamos a
nós mesmos. Se
eliminamos a existência
do próximo, nossa vítima
receberá dos outros
tanta simpatia que, em
breve, se restabelecerá,
nas leis de equilíbrio
que nos governam, vindo,
muita vez, em nosso
auxílio, muito antes que
possamos recompor os
fios dilacerados de
nossa consciência".
"Quando ofendemos a essa
ou àquela criatura,
lesamos primeiramente a
nossa própria alma, de
vez que rebaixamos a
nossa dignidade de
espíritos eternos,
retardando em nós
sagradas oportunidades
de crescimento." Ele
informou, por fim, que a
enfermidade, como
desarmonia espiritual,
sobrevive no
perispírito e que as
doenças conhecidas e
desconhecidas do mundo
por muito tempo
persistirão nas esferas
torturadas da alma,
conduzindo-nos ao
reajuste. "A dor é o
grande e abençoado
remédio", acentuou,
porque nos reeduca a
atividade mental,
reestruturando as peças
de nossa instrumentação
e polindo os fulcros
anímicos de que a
inteligência se vale
para desenvolver-se. É
ela, depois de Deus, a
única força capaz de
alterar o rumo de nossos
pensamentos,
compelindo-nos a
indispensáveis
modificações, com vistas
ao Plano Divino, de que
não podemos fugir sem
graves prejuízos para
nós mesmos. (Cap. XXI,
págs. 132 a 134)
62. Irmã Clara
- A caminho da
residência de Irmã
Clara, a quem Clarêncio
pediria ajuda no
esclarecimento de Odila,
André tinha a mente a
fervilhar de indagações.
Por que o Ministro
rogaria a ela ajuda,
quando se dirigira com
tanto êxito à mente de
Armando e Esteves? por
que não conseguiria
doutrinar também a
desditosa irmã enferma?
Clarêncio ouviu-o,
tolerante, e respondeu:
"Iludes-te. Nem sempre
doutrinar será
transformar.
Efetivamente, guardo
alguma força magnética
suficientemente
desenvolvida, capaz de
operar sobre a mente de
nossos companheiros em
recuperação; no entanto,
ainda não disponho de
sentimento sublimado,
suscetível de garantir a
renovação da alma". E,
humildemente, aditou:
"Sem dúvida, dentro de
minhas limitações, estou
habilitado a falar à
inteligência, mas não me
sinto à altura de
redimir corações. Para
esse fim, para decifrar
os complicados
labirintos do
sofrimento moral, é
imprescindível haver
atingido mais elevados
degraus na humana
compreensão". Cercada de
arvoredo e possuindo
espaçosos canteiros de
flores, a residência de
Clara parecia pequeno
colégio ou gracioso
internato para moças. De
fato, Clara não morava
numa escola, mas
mantinha em casa um
verdadeiro educandário,
tão grandes e luzidas
eram as assembleias
instrutivas que sabia
organizar. A benfeitora
os recebeu em extenso
salão, onde era
atenciosamente ouvida
por quatro dezenas de
alunos de variadas
condições, que se
instalavam à vontade, em
grupos diversos, sem
qualquer ideia de escola
assinalando o ambiente
em sua feição exterior.
De olhos rasgados e
lúcidos a lhe marcarem
magnificamente o
semblante, e dotada de
basta cabeleira, Clara
parecia uma jovem
Madona, detida entre os
melhores dons da
mocidade e da madureza,
e foi com alegria
sincera que,
interrompendo a aula,
atendeu o Ministro e
seus pupilos. (Cap.
XXII, págs. 135 e 136)
63. A
importância da voz
- Clara, que ministrava
um curso rápido sobre a
importância da voz a
serviço da palavra,
retomou sua explanação:
"Conforme estudamos na
noite de hoje, a
palavra, qualquer que
ela seja, surge
invariavelmente dotada
de energias elétricas
específicas, libertando
raios de natureza
dinâmica. A mente, como
não ignoramos, é o
incessante gerador de
força, através dos fios
positivos e negativos
do sentimento e do
pensamento, produzindo o
verbo que é sempre uma
descarga
eletromagnética,
regulada pela voz. Por
isso mesmo, em todos os
nossos campos de
atividade, a voz nos
tonaliza a
exteriorização,
reclamando apuro de vida
interior, de vez que a
palavra, depois do
impulso mental, vive na
base da criação; é por
ela que os homens se
aproximam e se ajustam
para o serviço que lhes
compete e, pela voz, o
trabalho pode ser
favorecido ou retardado,
no espaço e no tempo".
Uma das aprendizes
aludiu à necessidade de
jamais nos
encolerizarmos, e Clara
assentiu, dizendo: "Sim,
indiscutivelmente, a
cólera não aproveita a
ninguém, não passa de
perigoso curto-circuito
de nossas forças
mentais, por defeito na
instalação de nosso
mundo emotivo,
arremessando raios
destruidores, ao redor
de nossos passos... Em
tais ocasiões, se não
encontramos, junto de
nós, alguém com o
material isolante da
oração ou da paciência,
o súbito desequilíbrio
de nossas energias
estabelece os mais altos
prejuízos à nossa vida,
porque os pensamentos
desvairados, em se
interiorizando, provocam
a temporária cegueira de
nossa mente, arrojando-a
em sensações de remoto
pretérito, nas quais
como que descemos quase
sem perceber a infelizes
experiências da
animalidade inferior". E
Clara aduziu, de forma
peremptória: "A cólera,
segundo reconhecemos,
não pode e nem deve
comparecer em nossas
observações, relativas à
voz. A criatura
enfurecida é um dínamo
em descontrole, cujo
contacto pode gerar as
mais estranhas
perturbações". (Cap.
XXII, págs. 137 e 138) (Continua no próximo
número.)