Soneto
Luiz Guimarães Júnior
Na escuridão dos anos
procelosos,
Da velhice nos dias mal
vividos,
Eu quisera voltar aos
tempos idos
Da juventude, aos tempos
bonançosos.
Mal podia julgar que
inda outros gozos
Mais sublimes que
aqueles já fruídos,
Nas esteiras de prantos
esquecidos,
Acharia nos céus
maravilhosos.
Pairar no Além!...
volver ao lar primeiro,
Ressurgido em perene
mocidade,
Clarão de paz ao pobre
caminheiro!
No limiar das amplidões
da Altura
Penetrei, vislumbrando a
Imensidade,
Soluçando empolgado de
ventura.
Luiz Guimarães Júnior,
poeta nascido no Rio de
Janeiro em 17 de
fevereiro de 1845,
desencarnou em Lisboa
com 53 anos de idade.
Foi jornalista,
comediógrafo e
diplomata. Entre suas
obras, Carimbos,
Noturnos, Lírica, etc.,
sobressai Sonetos e
Rimas, que ainda hoje
se lê com encanto. Foi
membro da Academia
Brasileira de Letras. O
soneto acima integra o
livro Parnaso de
Além-Túmulo, obra
psicografada pelo médium
Francisco Cândido
Xavier.