AMÉRICO DOMINGOS
NUNES FILHO
americonunes@terra.com.br
Rio de Janeiro,
RJ (Brasil)
Refutando os
exegetas
dogmáticos
Os profitentes
espíritas,
possuidores da
fé raciocinada,
utilizam a razão
e o bom senso na
análise e
discussão de
seus argumentos,
em oposição aos
que aceitam
servilmente
conceitos
religiosos
dogmáticos.
A Doutrina
Espírita
respeita todas
as crenças
religiosas,
reconhecendo que
cada criatura se
encontra em
determinada
faixa evolutiva
espiritual.
Contudo, como
iluminador das
consciências, o
Espiritismo não
pode ficar
alheio ao exame
das asseverações
religiosas
dogmáticas, com
suas
apresentações
confusas, pueris
e
desatualizadas,
as quais são
responsáveis, em
grande
proporção, pelo
crescimento do
materialismo, no
mundo.
Ainda hoje não
se ensina a
criação do mundo
em seis dias?
Além disso, no
sétimo dia, o
criador
antropomórfico
não descansou? A
Teologia
escolástica, até
o momento, não
prega a respeito
de uma
divindade,
arrependida de
ter criado o
homem e de ter
elevado Saul ao
trono? Um ser
que cria as
almas, sabendo
que definharão,
em sua grande
maioria, por
todo o sempre,
no famigerado
inferno?
Através de
preceitos
humanos
eclesiásticos,
surgiu o dogma
da “Santíssima
Trindade” e,
concomitantemente,
a aceitação, no
Concílio de
Niceia, no ano
de 325, da
deificação de
Jesus, sendo
apontado o
Mestre como o
próprio Deus.
Os exegetas
dogmáticos citam
a afirmativa do
Cristo: “Eu
e o Pai somos
um” (João10:
30), como uma
prova bíblica
segura da
divindade de
Jesus.
O importante é
não confundirmos
a essência ou
centelha divina,
que nos dá a
vida, que é
criação do Pai,
tendo saído
Dele, com o
próprio Criador.
É claro que
todos nós somos
um com o Pai,
porquanto Dele
fomos criados.
Para que não
houvesse
confusão em
relação a isso,
o Mestre
afirmou: “Vós
sois deuses”
(João 10:35). O
Gênesis revela
que fomos
gerados à imagem
e semelhança do
Pai (Capítulo
1:26). Aliás, na
oração
sacerdotal, o
Cristo pede a
Deus que permita
que Ele (Jesus),
seus discípulos
e o Pai sejam um
(João 17:21).
Pretenderão as
igrejas
tradicionais
que, em virtude
dessa frase, o
Mestre tenha
querido
acrescentar à
Trindade mais
doze pessoas?
A fim de
tentarem
abalizar o dogma
da deificação na
Bíblia, os
exegetas afirmam
que o seguinte
texto evidencia
a divindade de
Jesus: “Antes
que Abraão
existisse, Eu
Sou” (João 8:
58).
Devemos frisar
que antes que a
Terra fosse
formada, o
Mestre já
existia como
Espírito puro,
visto que ele
foi o criador do
nosso planeta,
constituindo-se
em dirigente
supremo do orbe:
“Glorifica-me, ó
Pai, contigo
mesmo, com a
glória que eu
tive junto de
ti, antes que
houvesse mundo” (João
17: 5).
Lembramos que
João Batista
disse: “O que
vem depois de
mim é maior do
que eu, porque
já existia antes
de mim” (João1:
15). Portanto,
quando a
personalidade
Abraão apareceu,
em nosso mundo,
Jesus já era o
Cristo (“Eu
Sou”).
Os teólogos
dogmáticos
também
argumentam a
favor do dogma
da divindade do
Mestre,
utilizando o
seguinte
pensamento do
apóstolo João;
“O Verbo se fez
carne e habitou
entre nós” (1:
14).
Consideramos que
o Verbo de Deus
é a vontade ou a
palavra do Pai
que se fez
carne, quer
dizer,
manifestado à
humanidade,
através de
Jesus. Este foi
o encarregado de
transmitir aos
homens o
pensamento de
Deus. O Cristo
veio ao mundo
físico revelar a
todas as
criaturas o Pai
amado, Criador
de todas as
coisas: “Quem
crê em mim, crê
não em mim, mas
naquele que me
enviou” (João
12: 44); “Porque
eu não tenho
falado por mim
mesmo, mas o Pai
que me enviou,
esse me tem
prescrito o que
dizer e o que
anunciar” (João
12: 49);... “As
cousas, pois que
eu falo, como o
Pai me tem dito,
assim falo”
(João 12: 50);
“Tudo por meu
Pai me foi
entregue” (Lucas
10:22); “E dizia
Jesus: Pai,
perdoa-lhes,
porque não sabem
o que fazem....”
(Lucas 23: 34);
“E, clamando o
Mestre com
grande voz,
disse: Pai, nas
tuas mãos
entrego o meu
espírito. E,
havendo dito
isto, expirou”
(Lucas 23: 46).
Constatamos, com
facilidade, pela
leitura atenta e
descompromissada
dos textos do
“Novo
Testamento” que,
na realidade, Jesus
não é o próprio
Deus. Ele mesmo
o afirma,
dizendo a Maria
Madalena: “Não
me toques porque
ainda não
subi a meu Pai,
mas vai ter com
os meus irmãos,
e dize-lhes: Subo
para meu Pai e
vosso Pai, para
meu Deus e vosso
Deus” (João
20: 17). Ao ser
abordado por um
mancebo muito
rico que lhe
chamou de “Bom
Mestre”, o
Cristo lhe
repreendeu: “Por
que me chamas
bom? NINGUÉM
HÁ BOM SENÃO UM
SÓ, QUE É
DEUS”... (Marcos
10:17-18).
Outra passagem
bíblica digna de
registro contra
o dogma da
deificação do
Mestre está no
Evangelho de
Mateus: “Quando
será o dia
ninguém sabe,
nem mesmo os
anjos que estão
nos céus, nem
mesmo o Filho,
mas tão-somente
o Pai” (24:35-36).
Nesta afirmação
de Jesus a
respeito do dia
da sua volta ao
planeta, está
contido o
protesto
antecipado do
Mestre a
respeito do
papel que os
homens lhe
incumbiriam de
ser o próprio
Deus.
Allan Kardec
afirmou que
“Jesus é para o
homem o tipo de
perfeição moral
a que pode
aspirar a
humanidade na
Terra. Deus
no-lo oferece
como o mais
perfeito modelo
e a doutrina que
ele ensinou é a
mais pura
expressão da sua
lei, porque ele
estava animado
do Espírito
divino e foi o
ser mais puro
que já apareceu
na Terra”
(Comentário da
resposta da
questão 625 de “OLE”).
Em “Obras
Póstumas”, no
capítulo sobre a
Natureza do
Cristo, diz o
excelso
codificador que Jesus
era um messias
divino pelo
duplo motivo de
que de Deus é
que tinha a sua
missão e de que
suas perfeições
o punham em
relação direta
com o Pai.
Kardec ressalta,
igualmente, que
o próprio Mestre
deu a si mesmo,
com persistência
notável, a
qualificação de
“Filho do
Homem”,
expressão que
significa o que
nasceu do homem,
em oposição ao
que está fora da
Humanidade.