MARCELO BORELA DE
OLIVEIRA
mbo_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná
(Brasil)
Entre a Terra e o Céu
André Luiz
(Parte
23)
Continuamos a apresentar
o
estudo da obra
Entre a Terra e o Céu,
de André Luiz,
psicografada pelo médium
Francisco Cândido Xavier
e
publicada em 1954 pela
Federação Espírita
Brasileira.
Questões preliminares
A. Como Zulmira reagiu
ao pedido para que fosse
mãe do menino Júlio?
Tomada por lágrimas de
alegria e depois de
inclinar-se sobre o
menino, afagando-o com
intraduzível ternura,
ela disse em voz quase
sufocada pela emoção:
"Estou pronta! Devo a
Júlio cuidados que lhe
neguei... Louvo
reconhecidamente a Deus
por esta graça! Sinto
que assim nunca mais
serei assaltada pelo
remorso de não haver
feito por ele quanto me
competia!... Será meu
filho, sim!...
Conchegá-lo-ei de
encontro ao peito! O'
Senhor, ampara-me!..."
(Entre a Terra e o Céu,
cap. XXVII, págs. 169 a
171.)
B. A nova existência de
Júlio teria curta
duração?
Sim. O ex-suicida
sofreria o aflitivo
desejo de permanecer na
Terra; no entanto,
suicida que fora, com
duas tentativas de
autoaniquilamento, por
duas vezes deveria
experimentar a
frustração para
valorizar com mais
segurança a bênção da
vida terrestre. "Depois
de estagiar por muitos
anos nas regiões
inferiores de nosso
plano, confiando-se
inutilmente à revolta
e à inércia – elucidou o
Ministro –, já passou
pelo afogamento e agora
enfrentará a
intoxicação. Tudo isso é
lastimável, no
entanto... quem
aprenderá sem a
cooperação do
sofrimento?" Hilário
aludiu, então, ao
martírio dos pais, e
Clarêncio esclareceu:
"Meus amigos, a
justiça é inalienável.
Não podemos iludi-la.
Com o desequilíbrio
emocional de Amaro e
Zulmira, no pretérito,
Júlio arrojou-se a
escuro despenhadeiro de
compromissos morais e,
na atualidade,
reabilitar-se-á com a
cooperação deles. Ontem,
o casal, por esquecê-lo,
inclinou-o à queda,
hoje, por amá-lo,
garantir-lhe-á o
soerguimento".
(Obra citada, cap.
XXVIII, págs. 172 e
173.)
C. Por que fora simples
o processo
reencarnatório de Júlio?
Clarêncio esclareceu que
a reencarnação de Júlio
fora simples porque se
tratava de uma
encarnação com interesse
tão-somente para ele
mesmo e para os
familiares que o
cercavam. Se a
existência do filho de
Amaro estivesse
destinada a influenciar
a comunidade, se ele
fosse detentor de
méritos indiscutíveis,
com responsabilidades
justas nos caminhos
alheios, o problema
seria diferente.
"Forças de ordem
superior seriam
fatalmente mobilizadas
para a interferência nos
cromossomos,
garantindo-se o embrião
do veículo físico de
maneira adequada à
missão que lhe
coubesse", ajuntou o
Ministro.
(Obra citada, cap.
XXVIII, págs. 174 a
176.)
Texto para leitura
79.
Zulmira
aceita ser mãe -
Hilário aludiu então à
questão da antipatia.
Seria esta prejudicial
nos processos
reencarnatórios?
Clarêncio elucidou:
"Toda antipatia
conservada é perda de
tempo, em muitas
ocasiões acrescida de
lamentáveis
compromissos. O
espinheiro da aversão
exige longos trabalhos
de reajuste. Em várias
circunstâncias, para
curar as chagas de um
desafeto, gastamos
muitos anos, perdendo o
contacto com admiráveis
companheiros de nossa
jornada espiritual para
a Grande Luz".
Os dias transcorreram e
soube-se, então, que
Odila passou a dispensar
envolvente carinho a
Amaro e sua esposa
doente, que, à custa de
muito esforço dela,
restabeleceu afinal a
saúde orgânica.
Preparando o retorno do
filho amado, Odila
associou-se, de coração,
à tarefa de restaurar a
harmonia conjugal e o
contentamento de viver.
Foi assim que, passadas
algumas semanas, o grupo
recebeu de irmã Clara um
convite para uma visita
ao Lar da Bênção.
No dia aprazado, estavam
ali, a postos, Blandina,
Mariana, Clarêncio,
Hilário e André,
palestrando
animadamente em
aposentos reservados na
Escola das Mães, em
torno do berço de Júlio.
Decorrido algum tempo,
Clara, Odila e Zulmira
chegaram, envolvidas em
luminosa onda de paz.
Enlaçada pelos braços
das duas entidades, a
ex-obsidiada parecia
feliz, apesar da
impressão de medo e
insegurança que lhe
transparecia do olhar.
Ao ver o menino,
indagou: "Será Júlio,
meu Deus?" – "É
verdadeiramente Júlio! –
confirmou Odila – para
ele te rogamos socorro!
nosso pequeno precisa
renascer, Zulmira!
poderás auxiliá-lo,
oferecendo-lhe o regaço
de mãe?"
Tomada por lágrimas de
alegria, Zulmira
inclinou-se sobre o
menino e, afagando-o com
intraduzível ternura,
falou em voz quase
sufocada pela emoção:
"Estou pronta! Devo a
Júlio cuidados que lhe
neguei... Louvo
reconhecidamente a Deus
por esta graça! Sinto
que assim nunca mais
serei assaltada pelo
remorso de não haver
feito por ele quanto me
competia!... Será meu
filho, sim!...
Conchegá-lo-ei de
encontro ao peito! O'
Senhor, ampara-me!..."
Zulmira, abraçada ao
menino, pareceu, desde
então, incapaz de
qualquer sintonia com os
demais Espíritos que ali
se encontravam.
Clarêncio sugeriu então
que ela fosse restituída
ao lar terrestre, para
evitar maiores emoções,
ficando marcada para o
dia seguinte a
reencarnação daquele
que, no passado, fora
amante de Lina Flores e
por ela se suicidara!
(Cap. XXVII, págs. 169 a
171.)
80.
Júlio volta ao
lar terreno - No
dia seguinte, Clarêncio
informou, de forma
concisa, como seria o
processo reencarnatório
de Júlio. O ex-suicida
sofreria o aflitivo
desejo de permanecer na
Terra; no entanto,
suicida que foi, com
duas tentativas de
autoaniquilamento, por
duas vezes deveria
experimentar a
frustração para
valorizar com mais
segurança a bênção da
vida terrestre.
"Depois de estagiar por
muitos anos nas regiões
inferiores de nosso
plano, confiando-se
inutilmente à revolta
e à inércia – elucidou o
Ministro –, já passou
pelo afogamento e agora
enfrentará a
intoxicação. Tudo isso é
lastimável, no
entanto... quem
aprenderá sem a
cooperação do
sofrimento?" Hilário
aludiu ao martírio dos
pais, e Clarêncio
esclareceu: "Meus
amigos, a justiça é
inalienável. Não podemos
iludi-la. Com o
desequilíbrio
emocional de Amaro e
Zulmira, no pretérito,
Júlio arrojou-se a
escuro despenhadeiro de
compromissos morais e,
na atualidade,
reabilitar-se-á com a
cooperação deles. Ontem,
o casal, por esquecê-lo,
inclinou-o à queda,
hoje, por amá-lo,
garantir-lhe-á o
soerguimento".
Quando se avizinhava a
madrugada, o grupo
socorrista voltou à casa
de Amaro. Odila trazia
nos braços o filho
irrequieto e gemente,
enquanto Clarêncio,
Clara, Blandina,
Mariana, Hilário e André
rodeavam a ambos, em
silêncio. Ao penetrar a
sala humilde, Júlio
emudeceu. O Ministro
explicou: "O doentinho
encontra grande alívio
em contacto com os
fluidos domésticos. O
reequilíbrio da alma no
ambiente que lhe é
familiar no mundo
constitui base firme
para o êxito da
reencarnação".
Em seguida, penetrou,
sozinho, a câmara
conjugal, para
certificar-se quanto à
conveniência de se
confiar o pequenino à
sua futura mãe.
Passados alguns
minutos, Clarêncio
voltou à sala e convidou
os demais para entrar.
Enternecedor espetáculo
desdobrou-se à vista de
todos. Zulmira, em
Espírito, estendeu-lhes
braços fraternos. Estava
bela, radiante de
alegria... E, quando
recebeu Júlio,
conchegando-o ao peito,
pareceu-lhes sublimada
Madona, aureolada por
maternidade vitoriosa.
Odila chorava. O
Ministro ergueu, então,
os olhos para o Alto e
orou, em voz comovedora.
(Cap. XXVIII, págs. 172
e 173.)
81.
A
reencarnação de Júlio
- "Senhor,
abençoa-nos!... De almas
entrelaçadas na
esperança em teu
infinito amor e no
júbilo que nasce da
obediência aos teus
desígnios, aqui nos
achamos, acompanhando um
amigo que volta à
recapitulação!", disse
Clarêncio em sua prece,
pedindo forças para o
amigo submeter-se
resignado à cruz que lhe
seria a salvação. "O'
Pai, sustenta-nos –
prosseguiu o Ministro –
na grande estrada
redentora em que o
obstáculo e a dor devem
ser nossos guias,
fortalece-nos o bom
ânimo e a serenidade e
modela-nos o coração
para que saibamos
servir-te em qualquer
circunstância!...
Sobretudo, Senhor,
rogamos-te auxilies a
nossa irmã que investe
sagradas aspirações
femininas no apostolado
maternal! Santifica-lhe
os anseios,
multiplica-lhe as
energias para que ela se
honre contigo na divina
tarefa de criar!..."
A palavra de Clarêncio,
saturada de paternal
amor, levara todos à
comoção, especialmente
Zulmira, que, atraída
pelo poder magnético da
oração, avançou com o
menino colado ao regaço
até junto do Ministro, e
ajoelhou-se. André
lembrou-se da passagem
evangélica da viúva de
Naim com o filho morto
aos pés do Cristo, e
chorou. Tocado por
aquele gesto espontâneo
de confiança e fé,
Clarêncio
transfigurou-se. Jorro
estelar descia da
Altura, inflamando-lhe a
fronte, e da destra que
acariciava a irmã
genuflexa projetavam-se
raios de safirina luz...
Em seguida,
sustentando-a nos
braços, ele a reergueu,
conduzindo-a ao leito
com a criança. Júlio
dormia placidamente e,
abraçado ao colo
materno, parecia
fundir-se nele. O
fenômeno reencarnatório
ali era demasiado
simples. O corpo sutil
do menino como que se
justapunha aos delicados
tecidos do perispírito
maternal, adelgaçando-se
gradativamente. Clara e
as demais companheiras
oscularam a futura mãe,
que tentava recuperar o
corpo denso, conduzindo
consigo o pequeno
confortado e
desfalecente. Odila
encarregou-se da
assistência a Zulmira e
Clarêncio prometeu
seguir, de perto, os
serviços naturais
daquela gravidez
incipiente.
Ao sair, Clarêncio
esclareceu que a
reencarnação de Júlio
fora simples, porque se
tratava de uma
encarnação com interesse
tão-somente para ele
mesmo e para os
familiares que o
cercavam. Todavia, se a
existência do filho de
Amaro estivesse
destinada a influenciar
a comunidade, se ele
fosse detentor de
méritos indiscutíveis,
com responsabilidades
justas nos caminhos
alheios, o problema
seria diferente.
"Forças de ordem
superior seriam
fatalmente mobilizadas
para a interferência nos
cromossomos,
garantindo-se o embrião
do veículo físico de
maneira adequada à
missão que lhe
coubesse", ajuntou o
Ministro. (Cap. XXVIII,
págs. 174 a 176.)
(Continua no próximo
número.)