Alcoolismo e consequências
No livro Árdua
Ascensão ¹
ditado da
espiritualidade pelo
grande romancista
francês Victor Hugo, há
um notável diálogo entre
o Dr. Helio Garcia, juiz
da comarca local e o Sr.
Demétrio Patriarca,
conhecido alcoólatra,
contumaz provocador de
arruaças, quando
embriagado:
– “À margem do
problema, gostaria de
dizer-lhe, na condição
de amigo, que o
alcoolismo é uma
enfermidade curável.
Dependência orgânica
e psicológica, tem
conotação obsessiva,
isto é, de interferência
espiritual, já que
antigos viciados se
utilizam de pessoas
conflitadas para as
dominarem, dando curso
aos seus despautérios
antigos, ou pode ser
inspirada por ferrenhos
inimigos que desejam
destruir aqueles a quem
perseguem, recorrendo a
este expediente infeliz.
Um pouco de vontade para
vencer a impulsão do
vício, adiando a dose
inicial; a prece de
humildade, rogando a
divina ajuda; a
meditação a respeito do
sentido da vida são
antídotos eficientes
contra a embriaguez
alcoólica”.
Após uma longa conversa,
sentindo que o
interlocutor ainda não
estava aberto às novas
ideias, conta o
magistrado uma rica
história:
–“Gostaria de
narrar-lhe uma parábola
oriental, atribuída a
Maomé, o profeta que o
mundo árabe considera
como o maior de todos os
emissários jamais vindos
à Terra. Conta-se que o
Tentador
encontrou um homem que
ambicionava a posse caso
ele aceitasse uma das
três seguintes
propostas: matar a
esposa, surrar a mãe até
inutilizá-la ou
embriagar-se. O
candidato à abundância
respondeu: ‘- Do que me
adiantam um grande poder
e riqueza, após matar
minha esposa ou à minha
mãe inutilizar,
retribuindo-lhe todos os
sacrifícios e dedicação
afetiva com tão estúpida
ação?’ ‘– Então, aceita
embriagar-se, apenas uma
vez?’ – propôs o
Perverso.
Acreditando que os
efeitos da bebida logo
cessariam e que o ato
seria de curta duração,
o ambicioso aquiesceu,
negociando a fortuna,
pelo embebedar-se. Tomou
altas doses de vinho e
aguardente, perdendo o
controle e
desequilibrando-se,
lamentavelmente. Porque
a esposa o admoestasse,
ignorando o que se
passava, ele agrediu-a,
grosseiro, empurrando-a
com violência, o que
redundou em a mesma
chocar-se contra a
parede e perecer de
fratura craniana, no
mesmo instante. A
mãezinha, que observara
o desditoso incidente,
correu a auxiliar a
nora, enquanto ele,
desarvorado e odiento,
reagiu, agredido-a e
produzindo-lhe fraturas
ósseas e hemorragias que
a inutilizaram. O homem,
que se negara, no
exercício da razão
lúcida, a praticar
apenas um mal, quando
embriagado descambou
para a dolorosa
realização de todos os
males”.
E, para encerrar o
colóquio admoestador,
recomenda o nobre
jurista:
–“Medite, meu amigo,
a bebida alcoólica é má
companheira, levando a
sua vítima a terminais
sem retorno possível”.
Referência:
(1)
FRANCO,
Divaldo. Árdua
Ascensão. Pelo
Espírito Victor Hugo, 6.
ed. Salvador, Ed. LEAL,
1985, p.110 e 113.