Um amigo de Florianópolis
pergunta-nos por que o
desprendimento da alma é
facilitado no estado de sono
e não o é no momento da
morte?
A emancipação da alma por
ocasião do sono corporal é
um fato corriqueiro, mas não
passa de um desprendimento
parcial, visto que ela
continua ligada ao corpo
físico. O que ocorre então é
apenas uma expansão do laço
perispiritual que une a alma
ao corpo, permitindo a ela
deslocar-se a lugares
distantes do local em que o
corpo material repousa.
No caso da morte corpórea,
mesmo antes do desligamento
completo da alma – fato que
o Espiritismo chama de
desencarnação – pode ocorrer
a emancipação parcial
semelhante à do sono, o que
explica os fatos de
comunicação espírita por
ocasião da morte, estudados
por vários pesquisadores,
como Ernesto Bozzano.
O desprendimento completo da
alma, ou a desencarnação, é
que requer algum tempo,
visto que no processo
reencarnatório o perispírito
se liga ao corpo molécula a
molécula, o que implica
dizer que é preciso tempo
para que essa ligação
molecular se desfaça.
Conforme a questão 155 d´O
Livro dos Espíritos,
como regra geral, a
separação da alma não se dá
instantaneamente. Ela se
liberta gradualmente e não
como um pássaro cativo que,
de repente, ganhasse a
liberdade.
Tudo, a princípio, é confuso
no momento da morte. O
Espírito desencarnante
precisa de algum tempo para
entrar no conhecimento de si
mesmo. Ele se acha como que
aturdido, no estado de uma
pessoa que despertou de
profundo sono e procura
orientar-se sobre a sua
situação. A lucidez das
ideias e a memória do
passado lhe voltam aos
poucos, à medida que se
apaga a influência da
matéria que ele acaba de
abandonar e se dissipa a
espécie de névoa que lhe
obscurece os pensamentos.
O processo de desprendimento
espiritual é lento ou
demorado, conforme o
temperamento, o caráter
moral e as aquisições
espirituais de cada ser. Não
existem duas desencarnações
iguais. Cada pessoa desperta
ou se demora na perturbação,
conforme as características
próprias de sua
personalidade.
A perturbação pode, pois,
ser considerada o estado
normal no instante da morte,
e perdurar por tempo
indeterminado, variando de
algumas horas a alguns anos,
de conformidade com o estado
evolutivo do Espírito. Breve
no caso das almas elevadas,
pode ser longa e penosa no
caso das almas culpadas.
Para aqueles que já na
existência corpórea se
identificaram com o estado
que os aguardava, menos
longa ela é, porque
compreendem imediatamente a
posição em que se encontram.
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