ANGÉLICA
REIS
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Londrina, Paraná
(Brasil)
Memórias
do Padre Germano
Amália Domingo Sóler
(Parte
10)
Damos continuidade nesta edição
ao
estudo do clássico
Memórias do Padre
Germano,
que será aqui estudado
em 20 partes.
A fonte do estudo é a
21ª edição do livro,
publicada pela Federação
Espírita Brasileira.
Questões preliminares
A. Dois grandes
princípios Padre Germano
aprendeu com as
religiões. Quais são
eles?
O primeiro: não há mais
que um Deus, como não há
mais que um culto. O
segundo: devemos fazer o
bem pelo próprio bem.
Ele reconhecia, no
entanto, que a religião
católica mortifica o
corpo sem alevantar a
alma, visto que pede o
absurdo, o impossível, o
truncamento das leis
naturais, um sacrifício
superior às fracas
forças, como a reclusão,
a soledade completa, ou
seja, o aniquilamento do
ser.
(Memórias do Padre
Germano, pp. 179 a 181.)
B. Germano diz que
gostaria de, em vida,
cingir não a coroa de
flores, mas a coroa de
espinhos. Por que ele
disso isso?
Ele dizia preferir a
coroa de espinhos, não a
de flores, para que as
gotas de sangue que
manassem de suas feridas
fossem o batismo sagrado
de sua regeneração.
(Obra citada, pp. 181 e
182.)
C. Como o menino André
surgiu na vida do Padre
Germano?
André era filho de
Madalena, uma jovem
leprosa que, vivendo em
humilde barraca, logo
que deu à luz o menino,
expirou. Antes, porém,
de desencarnar, ela
confiou o filho ao Padre
Germano. O menino André
e Sultão, o
valoroso companheiro de
Germano, passaram a ser,
então, o consolo
daqueles dias em que
Germano experimentava
inúmeras calúnias e as
dores da expatriação.
(Obra citada, pp. 186 a
188.)
Texto para leitura
77. O Padre ficou com a
jovem, a quem ele
pretendia salvar de tão
cruel destino, enquanto
sua mãe retornou à sua
casa. Ato contínuo,
Germano foi ao encontro
do Marquês B..., a quem,
além de apresentar a
filha tida como morta,
explicou toda a história
e a pretensão da
Condessa. O reencontro
de pai e filha foi
comovente. Impossível
descrever o júbilo dos
dois, que seguiram para
a Espanha, onde a jovem
poderia, junto com o pai
que a estimava, dar
início a uma nova vida.
(PP. 173 e 174)
78. Após chamar a
Condessa à igreja, Padre
Germano deu-lhe ciência
do desfecho do caso,
falando-lhe com toda a
severidade. Hostil, a
princípio, a mulher
acabou sucumbindo às
palavras do pároco e
clamou por piedade.
“Tranquilizai-vos,
infeliz mulher, segui
vossa vida de agonias --
respondeu-lhe o Padre
--; sois bem digna de
compaixão, visto que não
há na Terra uma só
criatura que possa
abençoar-vos. Continuai
a erigir casas de
oração, mas não vos
esqueçais de que as
orações por vós
compradas nada
aproveitam ao repouso da
vossa alma. Esta tem
muito que gemer, porque
os que com ferro ferem
com ferro serão
feridos”. (PP. 176 e
177)
79. “O Verdadeiro
Sacerdócio” é o título
do cap. 18, que se
reporta ao dia em que
Padre Germano completou
vinte e cinco anos de
idade, um jovem
sacerdote que já
entendia que o convento
não é mais do que um
sepulcro, onde fora
iniciado numa religião
de gelo, a contrastar
com o fogo de um sagrado
amor que sentia em sua
alma, (P. 179)
80. Depois de ler muito,
embora não tudo o que
gostaria de ter lido
(porquanto os seus
superiores não permitiam
que ele lesse certos
livros, avaramente
guardados no convento),
Padre Germano diz ter
aprendido com as
religiões dois grandes
princípios: primeiro,
não há mais que um Deus,
como não há mais que um
culto; segundo, fazer o
bem pelo mesmo bem. Mas,
reconhecia também,
embora tarde, que a
religião católica
mortifica o corpo sem
alevantar a alma, visto
que pede o absurdo, o
impossível, o
truncamento das leis
naturais, um sacrifício
superior às fracas
forças, como a reclusão,
a soledade completa, ou
seja, o aniquilamento do
ser. (PP. 179 a 181)
81. “A religião a que
pertenço -- assevera
Germano --, sublime na
sua teoria, tanto quanto
mesquinha e absurda na
sua prática, necessita
de representantes
dignos, de verdadeiros
sacerdotes, e estes...
desgraçadamente
escasseiam, visto que
aos homens não se lhes
pode pedir impossíveis.”
“Há sacerdotes que são
maus, porque são vítimas
dos seus apetites
carnais, tanto quanto
das suas ambições,
quando o homem deve ser
superior a todos os
vícios, uma vez que,
para isso, o dotou Deus
com a inteligência.”
Dizendo isso, Germano
confessa que quer, ao
deixar a Terra, levar
alguma coisa e, por
isso, cingirá não a
coroa de flores, mas a
de espinhos, para que as
gotas de sangue que
manarem de suas feridas
sejam o batismo sagrado
de sua regeneração. (PP.
181 e 182)
82. Nessa mesma época,
um homem muito rico,
enviado por seus
superiores, procurou
Germano para pedir-lhe
fosse o preceptor de
seus filhos e confessor
de sua esposa. Após
quinze dias de
convivência naquele
palacete, o Padre
admitiu apenas ser o
preceptor dos meninos,
sem contudo ficar preso
àquelas paredes,
porquanto não viera ao
mundo para servir aos
ricos, mas aos pobres.
Quanto a ser confessor
da esposa, ninguém
melhor do que o marido
para aconselhar sua
mulher. (P. 184 e 185)
83. Na verdade, a recusa
a ouvir a mulher em
confissão tinha um outro
motivo: a infeliz vivia
só; o marido não a
compreendia, nem a
estimava. Por isso,
Germano fugiu dela,
sedenta que estava de
felicidade e de amor.
“Não convém -- assevera
o Padre -- que os
famintos de carinho
estejam em contacto com
os que, por sua vez, têm
fome e sede de ternura.”
(P. 185)
84. Retirando-se dali,
sem nenhum recurso,
Germano acudiu uma jovem
leprosa que, em humilde
barraca, dava à luz um
menino. Chamava-se
Madalena, que apenas
pôde confiar ao Padre o
filho que ela não
poderia criar, porque em
seguida expirou. O Padre
Germano percebeu que um
homem ainda moço chorava
ante aquela cena
comovente, e
perguntou-lhe: “Queres
ter, provisoriamente,
mais um filho? Digo
provisoriamente, porque,
uma vez passado o
período da amamentação,
virei buscá-lo”. Duas
horas depois, o menino
era entregue à sua nova
família. (P. 186 e 187)
85. Cinco anos depois, o
menino André e o
Sultão, o valoroso
companheiro de Germano,
eram o consolo daqueles
dias em que Padre
Germano experimentava
inúmeras calúnias e as
dores da expatriação.
Por essa ocasião, morreu
o magnata que tentara
contratá-lo cinco anos
antes, o qual o nomeou
tutor e curador dos seus
filhos, encarregando-o
de velar por sua jovem
viúva. (PP. 187 e 188)
(Continua na próxima
edição.)