VALCI SILVA
valcipsi@terra.com.br
Tupã, São Paulo
(Brasil)
Eternidade
“Felizes são
aqueles que
levam consigo
uma parte das
dores do mundo.
Durante a longa
caminhada, eles
saberão mais
coisas sobre a
felicidade do
que aqueles que
a evitam.”
Nossa existência
terrena se
assemelha a uma
viagem. A
primeira
estação, a do
embarque, é a
mesma para
todos, e se
chama
nascimento.
Quanto tempo
durará a viagem,
qual a duração
de uma vida,
quem o saberá?
Da mesma forma
que bela, breve
é a vida. A
última estação,
a do
desembarque, é a
mesma para
todos, e se
chama
eternidade...
Estamos
preparados para
este
desembarque? Não
pensemos estar
prontos. Não nos
iludamos, pois
infindável é a
preparação.
E um dia, não
tão distante,
chegará a nossa
vez de
desembarcar, e
será um ato
solitário.
Os jornais do
mundo
continuarão
repletos de
notícias, carros
continuarão a
cruzar avenidas
e estradas, mas,
para aquele que
adentrar a
eternidade, já
não terão a
menor
importância.
Familiares -
filhos, irmãos,
pais e amigos
íntimos deixados
para trás. Bens
materiais, conta
bancária, chaves
e senhas ficaram
para trás,
perdendo o valor
que aparentavam
ter.
Desta existência
terrena
levaremos apenas
aquilo que
trazemos no
coração. Nada
nos pertence de
fato, sendo nos
confiado por um
breve intervalo
de tempo.
A partir desse
instante
iniciaremos a
colheita daquilo
que plantamos,
pois nossas
ações têm
consequências.
E quanto ao
nosso corpo
físico, bem, o
corpo físico se
assemelha a uma
gaiola, e a
alma, a uma ave
que nela
habita.
Na hora
derradeira, a
Morte - sempre
atenta, sempre
justa - estende
a sua mão e diz
para a ave da
alma: “É chegada
a hora da tua
partida, de
deixar para trás
esta gaiola
mortal, e seguir
livre a tua
jornada”.
Estará a ave do
Espírito apta a
voar nesta hora
decisiva?
Estarão as suas
asas
suficientemente
fortes? Estarão
as nossas asas
suficientemente
limpas?
Cuidar das asas
significa cuidar
do espírito.
“Cuidar do
espírito
significa cuidar
dos valores que
dão rumo à nossa
caminhada e
alimentar
significações
que enchem de
sentido a nossa
vida e que
levaremos
conosco até o
fim de nossa
existência.”
“Significa,
especialmente,
cuidar da
espiritualidade,
que é a
capacidade de
sentir Deus a
partir do
coração e de
vê-Lo nascer a
cada momento no
outro que está à
minha frente.”
Amar os homens é
amar a Deus.
Muito se tem
falado sobre os
Direitos
Humanos, mas já
é sem tempo pensarmos
em termos de
Deveres
Humanos.
O dever de ser
solidário, de
compartilhar os
bens e os dons
com os quais
fomos agraciados
pela Vida. O
dever de ampliar
o nosso campo de
visão, de modo a
abranger não
apenas a nossa
família
biológica, mas a
inteira família
humana. O dever
de amar e
acolher o órfão,
o idoso, o
enfermo, o
desamparado. O
dever de
socorrer o
pobre, o
necessitado, o
excluído, o
desabrigado.
“Quem, pois,
tiver bens do
mundo, e, vendo
o seu irmão
necessitando,
lhe fechar o
coração, como
permanece nele o
amor de Deus?”
(I João 3, 17).
Existe a matéria
e existe o
espírito. A
matéria é
limitada pelas
leis do tempo e
do espaço, pelo
visível, pelo
findável, pelo
finito. O
espírito
pertence a um
mundo sem
fronteiras ou
limitações, um
mundo onde as
aparências se
desmancham, e as
essências são
reveladas.
Durante um breve
lapso de tempo,
espírito e
matéria dividem
o mesmo palco;
findo tal prazo,
cada qual segue
o seu rumo. O
corpo material,
o necessário
abrigo
temporário do
Espírito,
recolhe-se ao
cosmos, enquanto
que o Espírito
segue sua
jornada pelos
mundos
invisíveis,
eternos,
celestiais.
Purificar o
coração, lapidar
a alma, ser
solidário,
generoso,
atento,
desperto, de
modo a estar
apto a deixar o
palco da vida
terrena, quando
a hora final
chegar, com a
sensação de
dever cumprido,
com uma
consciência
tranquila.
Outros prados,
outras pradarias
nos esperam.
Mundos
espirituais,
onde a Justiça
não fenece, onde
o Amor
continuamente
floresce, e onde
a Bondade
perdura. “Olhai
os lírios do
campo…” “Buscai
o Reino de Deus
em primeiro
lugar”, ensinou
Jesus.