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Crônicas e Artigos
Ano 3 - N° 149 - 14 de Março de 2010

EDUARDO BATISTA DE OLIVEIRA
ebatistadeoliveira@ig.com.br

Juiz de Fora, Minas Gerais (Brasil)


Etiqueta social

 

Quatro pessoas se encontram: um casal e dois amigos. Mas somente um destes conhece o casal. Seguem-se, então, as apresentações, feitas por aquele que conhece a todos. Contudo, por um descuido, o amigo comum apresenta apenas um amigo ao outro, ignorando a presença da mulher, que registra a indelicadeza, sem nada dizer. Fatos como esse, infelizmente, acontecem a toda hora. E, na maioria das vezes, geram insatisfação, quando não uma leve mágoa nos que foram desprezados. 

O homem é um ser social por natureza, asseverou Aristóteles. Relatos de casos de seres humanos que conviveram desde tenra idade exclusivamente com animais (como lobos, por exemplo) demonstram que, depois de encontrados e levados para o seio social humano, não conseguiram se adaptar e não sobreviveram por muito tempo. A vida em sociedade é que torna o homem humano. Se ficar isolado entre animais nos primeiros anos de vida, pouco diferirá destes no que se refere a hábitos e habilidades. 

No entanto, em sociedade, o homem encontra muita dificuldade em manter relações duradouras. Estas, via de regra, desandam, pela simples falta de compreensão, tolerância e bom trato. A inserção em um grupo social exige a busca de uma convivência harmoniosa, que muitas vezes é prejudicada por ações “bobas”, como não ouvir os outros calmamente e com atenção, interromper a fala do outro como se já tivesse entendido onde ele quer “chegar”, pretender impor ideias, falar e/ou agir com agressividade. A história das relações entre homens, porém, também comprova que as coisas podem ser diferentes: as pessoas tendem a se aperfeiçoar, em especial quando buscam compreender mais os outros e a si próprias. 

Nesse sentido, a etiqueta social tem muito a acrescentar em nossas relações. Há um conjunto de regras de boas maneiras, tanto na vida social, como na profissional, que serve para nortear os relacionamentos interpessoais e melhorar nossa conduta. Afinal, quem não se sente melhor ouvindo “por favor”, “muito obrigado!” e “desculpe-me”? Entenda-se vida social como aquela que acontece a todo o momento, sempre que estamos nos relacionando com outras pessoas, e não exclusivamente a relacionada a eventos formais e cerimônias. 

Contrariamente ao que muitos podem pensar, esses verdadeiros códigos comportamentais quase sempre têm como tônica a simplicidade, a amabilidade, a naturalidade, o bom senso e, sobretudo, o respeito àqueles com quem convivemos. Por isso, uma coisa é certa: nunca a etiqueta social foi tão necessária como agora, quando quase todos os códigos parecem ter entrado em crise. É como se as pessoas estivessem se esquecendo de ser gentis, atenciosas, respeitosas. O padrão comportamental moral da maioria da nossa sociedade dá evidentes sinais de declínio. As novelas televisivas, por exemplo, que arregimentam um público tão grande, cada vez mais têm investido nas fórmulas “triângulo amoroso com traição e requintes de maldade”, “golpes financeiros” e “maldades paralelas”, relegando a justiça, a benemerência, o entendimento e o verdadeiro amor apenas para os últimos capítulos. Questionadas a esse respeito, as redes de TV se defendem alegando que põem no ar o que o público mais gosta de ver. É o cachorro correndo atrás do rabo, ou seja, se gostam de ver maldades e não aprendem o bem, mais vão gostar de ver maldades. Depois, os telejornais mostram a consequência disso: a agressividade grassando pelo mundo. 

Buscando as origens da etiqueta social, podemos encontrar na Biblioteca de Nova Iorque um papiro egípcio de 2.500 a.C, que é o primeiro documento a falar de normas de conduta. Trata-se de um completo manual de boas maneiras e é considerado por alguns historiadores a semente de muitas regras de etiqueta que floresceram mais tarde no Ocidente. “Boas maneiras” foram também objeto da filosofia grega. Platão orientava seus parentes a ensinarem aos filhos o respeito aos idosos. 

Muitos dos nossos hábitos à mesa tiveram origem num passado bem distante e nos foram apresentados por autores ilustres. O gênio criador e artístico Leonardo da Vinci inventou o guardanapo. Tendo trabalhado como mestre de banquete e de cozinha, Da Vinci resolveu colocar um pano individual para cada convidado visando resolver o problema da imundície que ficava nas bordas das toalhas de mesa. Da Vinci elaborou também um catálogo de boas maneiras à mesa, que continha dicas que hoje nos causam espanto, como não cuspir e não tirar a comida do prato do vizinho, entre outras. 

Na corte de Luiz XIV, rei da França, eram distribuídas “etiquetas” aos nobres que adentrassem o recém-construído Palácio de Versailles, com instruções sobre como deveriam se portar. Mas a preocupação com os rigores do cerimonial talvez tenha atingido o auge no século XIX, durante a Belle Époque, na qual a burguesia dava festas e bailes exuberantes. O mais impressionante dessa época era o rigor das exigências, traduzido em intolerância para com os que não observassem estritamente as regras cerimoniais. 

Felizmente, os dias atuais são marcados por normas mais flexíveis, o que não representa prejuízo para o convívio social agradável. Este, afinal de contas, é o objetivo da etiqueta social: em vez de servir como instrumento de discriminação a serviço da elite, os bons hábitos e costumes devem possibilitar que a vida em sociedade seja mais harmônica. 

Cada povo, cada cultura, cada época tem seus valores éticos, e os comportamentos são a expressão desses valores. Assim, como espíritas-cristãos, temos uma ética baseada na moral evangélica que nos ensina que somos todos irmãos e devemos nos tratar como tais, fazendo uns aos outros exatamente o que gostaríamos que fizessem conosco (“Amar ao próximo como a nós mesmos”). Esse é o maior mandamento, sobre o qual deve se assentar toda a nossa conduta na sociedade.

As pessoas mais encantadoras são aquelas que parecem príncipes entre os príncipes e pobres entre os pobres. Jamais seremos verdadeiramente polidos se não conseguirmos ser naturais junto aos outros. Assim viveu Jesus, nosso Modelo e Guia. Apesar da elevada condição moral em relação ao seu meio, sempre viveu de acordo com a sociedade na qual nasceu, nunca se apartando dela. Inovou na apresentação de uma nova noção de Deus, trazendo um Deus-Pai, um Deus justo, amoroso e misericordioso. Mas suas sábias palavras eram simples e amáveis. Nunca falava em tom solene. Parafraseando uma peça publicitária que vi, um dia desses: “Que a simplicidade seja a nossa maior sofisticação”.  

Para terminar a nossa conversa sobre conduta, indico os livros Conduta Espírita, de André Luiz, psicografado por Waldo Vieira; Vida Feliz, de Joanna de Ângelis, por meio da psicografia de Divaldo Pereira Franco; além, é claro, de O Evangelho segundo o Espiritismo, de Allan Kardec. 

 


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 Revista Semanal de Divulgação Espírita