ALTAMIRANDO
CARNEIRO
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São Paulo, SP
(Brasil)
Fatalidade, determinismo
e livre-arbítrio
Um dos atributos de
Deus, enumerados por
Allan Kardec no capítulo
III de O
Livro dos Espíritos, é
que Ele é soberanamente
justo e bom; que a
sabedoria providencial
das leis divinas se
revela nas menores como
nas maiores coisas; e
que esta sabedoria não
nos permite duvidar nem
da justiça nem da
bondade de Deus.
Logo, “aquilo que é infinitamente
sábio, justo e bom não
pode produzir nada que
seja desrazoável, mau e
injusto”, explica o
Codificador, no capítulo
III – O bem e o mal – do
livro A
Gênese.
Se o homem agisse
rigorosamente de
conformidade com as leis
divinas, evitaria os
males mais amargos e
viveria feliz sobre a
Terra. Se ele assim não
age, é em virtude de seu
livre-arbítrio.
É comum ouvirmos as
pessoas dizerem: “foi
uma fatalidade”. Será?
Em resposta a Kardec, na
questão 853, de O
Livro dos Espíritos, anotamos
que “fatal, no
verdadeiro sentido da
palavra, só o instante
da morte. Chegado esse
momento, de uma forma ou
de outra, a ele não
podeis furtar-vos”.
A fatalidade, informam
os Espíritos na resposta
à questão 851, “não
existe senão para a
escolha feita pelo
Espírito, ao
encarnar-se, de sofrer
esta ou aquela prova; ao
escolhê-la, ele traça
para si mesmo uma
espécie de destino, que
é a própria consequência
da posição em que se
encontra. Falo das
provas de natureza
física, porque, no
tocante às provas morais
e às tentações, o
Espírito, conservando o
seu livre-arbítrio sobre
o bem e o mal, é sempre
senhor de ceder ou
resistir. Um bom
Espírito, ao vê-lo
fraquejar, pode correr
em seu auxílio, mas não
pode influir sobre ele a
ponto de subjugar-lhe a
vontade. Um Espírito
mau, ou seja, inferior,
ao lhe mostrar ou
exagerar um perigo
físico pode abalá-lo e
assustá-lo, mas a
vontade do Espírito
encarnado não fica por
isso menos livre de
qualquer entrave”.
Neste ponto, Allan
Kardec, arguto como era,
pergunta (questão
853-a): “Assim, qualquer
que seja o perigo que
nos ameace, não
morreremos se a nossa
hora não chegou?”
A resposta: “– Não, não
morrerás, e tens disso
milhares de exemplos.
Mas quando chegar a hora
de partir, nada te
livrará. Deus sabe com
antecedência o gênero de
morte por que partirás
daqui, e frequentemente
teu Espírito também o
sabe, pois isso lhe foi
revelado quando fez a
escolha desta ou daquela
existência”.
Há fatos que devem
ocorrer forçosamente e
que a vontade do
Espírito não pode
evitar? É a pergunta de
Allan Kardec (questão
859-a).