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Estudando a série André Luiz
Ano 3 - N° 153 - 11 de Abril de 2010

MARCELO BORELA DE OLIVEIRA
mbo_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná (Brasil)  


Entre a Terra e o Céu

André Luiz

(Parte 30)

Continuamos a apresentar o estudo da obra Entre a Terra e o Céu, de André Luiz, psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier e publicada em 1954 pela Federação Espírita Brasileira.

Questões preliminares

A. Por que muitos jovens se arrojam ao casamento com absoluta inaptidão para semelhante responsabilidade?

O caso que ocorreu entre Amaro e Júlio ajuda-nos a compreender esse fato, visto que na base dos sonhos juvenis moram quase sempre dívidas angus­tiosas a que não se pode fugir. Segundo o Ministro Clarêncio, grande número de paixões afetivas no mundo correspondem a autênticas obsessões ou psicoses, que só a realidade consegue tratar com êxito. "Em muitas ocasiões, por trás do anseio de união conjugal, vibra o passado, através de requisições dos amigos ou inimigos desencarnados, aos quais devemos colaboração efetiva para a reconquista do veículo carnal.” (Entre a Terra e o Céu, cap. XXXIII, pp. 211 a 213.)

B. Os anjos de guarda estão sempre conosco?

Não. Segundo Clarêncio, a ideia de um ente divinizado e perfeito, invariavelmente ao nosso lado, ao dispor de nossos caprichos ou ao sabor de nossas dívidas, não concorda com a justiça. Os anjos de guarda não vivem então conosco? Respondendo a essa indagação, Clarêncio disse: "Não digo isso. O Sol está com o verme, amparando-o na furna, a milhões e milhões de quilômetros, sem que o verme esteja com o Sol". Em seguida, o instrutor completou: "Anjo, se­gundo a acep­ção justa do termo, é mensageiro. Ora, há mensageiros de todas as con­dições e de todas as procedências e, por isso, a antiguidade sempre admitiu a existência de anjos bons e anjos maus. Anjo de guarda, desde as concepções religiosas mais antigas, é uma expressão que define o Espírito celeste que vigia a criatura em nome de Deus ou pessoa que se devota infinitamente a outra, ajudando-a e defendendo-a. Em qualquer região, convivem conosco os Espíritos familiares de nossa vida e de nossa luta”. (Obra citada, cap. XXXIII, pp. 213 a 215.) 

C. Se Júlio desencarnou no momento certo, por que Mário experimentava remorso como o de um autêntico assassino?

A informação de que Júlio desencarnara no momento certo foi dada por Clarêncio. Quanto aos jatos de pensamento escuro emitidos pelo enfer­meiro Mário, se o menino não estivesse protegido, teriam efetiva­mente abre­viado sua morte, e, ainda assim, a Lei ter-se-ia cumprido. Os pensa­mentos escuros de Mário voltaram, entretanto, para ele mesmo. Como os emitiu com evidente propósito de matar, experimentava então, em razão disso, o remorso de um autêntico assassino. Em qualquer lugar e em qualquer tempo, explicou Clarêncio, “receberemos da vida de acordo com as nossas próprias obras". (Obra citada, cap. XXXIII, pp. 215 a 217.) 

Texto para leitura 

100. Uma reencarnação difícil - Como ele detestasse a Amaro mais profun­damente, pesava com mais intensidade sobre este. O ferroviário, quando na erraticidade, conheceu-lhe a perseguição acérrima, ouvindo-lhe as acusações e as queixas, nas regiões purgatoriais, e, ao reencarnar, foi seguido de perto por Júlio, que lhe afligia a mente, exigindo o necessário concurso à formação do novo corpo. Como ele fora indireta­mente responsável pelo suicídio do ex-amigo, agora a Lei permitia-lhe a união com o desafeto, necessitado de nova oportunidade. "Entre o credor e o devedor há sempre o fio espiritual do compromisso", asseve­rou Clarêncio. A vida de Amaro foi, por isso, algo conturbada, sobre­tudo na juventude. Em sonhos, fora do corpo denso, ele se encontrava com o adversário que lhe pedia o retorno ao mundo e, ansioso pela re­conciliação, pensava no casamento com extremado desassossego, desejoso de saldar a conta que reconhecia dever. Jovem ainda, encontrou Odila que o aguardava, conforme ambos haviam programado, na vida espiritual. As vibrações de Júlio eram, contudo, tão incômodas, que Odila não con­seguiu acolhê-lo, de imediato, recebendo primeiro Evelina, de vez que a ligação do casal com ela se baseava em doces afinidades. O caso de Amaro na juventude ajuda-nos a entender por que muitos jovens se arro­jam ao casamento com absoluta inaptidão para as grandes responsabili­dades... Na base dos sonhos juvenis, quase sempre moram dívidas angus­tiosas a que não se pode fugir... "Sim – confirmou o Ministro –, grande número de paixões afetivas no mundo correspondem a autênticas obsessões ou psicoses, que só a realidade consegue tratar com êxito". "Em muitas ocasiões, por trás do anseio de união conjugal, vibra o passado, através de requisições dos amigos ou inimigos desencarnados, aos quais devemos colaboração efetiva para a reconquista do veículo carnal. A inquietação afetiva pode expressar escuros labirintos da re­taguarda..." (Cap. XXXIII, págs. 211 a 213) 

101. Anjos de guarda - A referência feita por Clarêncio levou André a indagar sobre a existência de anjos de guarda. Estes vivem em nossa esfera? Clarêncio, admirado com a pergunta, disse que os Espíritos tu­telares encontram-se em todas as esferas. Os anjos da sublime vigilân­cia se­guem-nos a longa estrada evolutiva e desvelam-se por nós, dentro das leis que nos regem; todavia, não se pode esquecer que nos movimen­tamos todos em círculos multidimensionais. "A cadeia de ascensão do espírito vai da intimidade do abismo à suprema glória celeste", acen­tuou o Mi­nistro. Plasmamos nossa individualidade imperecível no espaço e no tempo, ao preço de continuadas e difíceis experiências. "A ideia de um ente divinizado e perfeito, invariavelmente ao nosso lado, ao dispor de nossos caprichos ou ao sabor de nossas dívidas, não concorda com a justiça", asseverou Clarêncio. "Que governo terrestre – ponde­rou o instrutor – destacaria um de seus ministros mais sábios e especiali­zados na garantia do bem de todos para colar-se, indefinida­mente, ao destino de um só homem, quase sempre renitente cultor de complicados enigmas e necessitado, por isso mesmo, das mais severas lições da vida?". Os anjos de guarda não vivem então conosco? A essa indagação, Clarêncio informou: "Não digo isso. O Sol está com o verme, amparando-o na furna, a milhões e milhões de quilômetros, sem que o verme esteja com o Sol". Em seguida, o instrutor completou: "Anjo, se­gundo a acep­ção justa do termo, é mensageiro. Ora, há mensageiros de todas as con­dições e de todas as procedências e, por isso, a antiguidade sempre admitiu a existência de anjos bons e anjos maus. Anjo de guarda, desde as concepções religiosas mais antigas, é uma expressão que define o Espírito celeste que vigia a criatura em nome de Deus ou pessoa que se devota infinitamente a outra, ajudando-a e defendendo-a. Em qualquer região, convivem conosco os Espíritos familiares de nossa vida e de nossa luta. Dos seres mais embrutecidos aos mais sublimados, temos a corrente de amor, cujos elos podemos simbolizar nas almas que se que­rem ou que se afinam umas com as outras, dentro da infinita gra­dação do progresso". (Cap. XXXIII, págs. 213 a 215) 

102. Recebemos de acordo com nossas obras - Depois de tecer ou­tras con­siderações sobre o assunto, salientando a devoção das mães, Clarêncio asseverou que todas as criaturas contam com louváveis devo­tamentos de entidades afins que se lhes afeiçoam. A orfandade real não existe. Em nome do Amor, todos recebem assistência onde quer que se encontrem. Os gregos sabiam disso e recorriam aos seus gênios invisí­veis. Os romanos compreendiam essa verdade e cultuavam os numes domés­ticos. "O gênio guardião será sempre um Espírito benfazejo para o pro­tegido – obser­vou Clarêncio –, mas é imperioso anotar que os laços afetivos, em torno de nós, ainda se encontram em marcha ascendente para mais altos níveis da vida. Com toda a veneração que lhes devemos, importa reco­nhecer, nos Espíritos familiares que nos protegem, grandes e respeitá­veis heróis do bem, mas ainda singularmente distanciados da angelitude eterna". "Naturalmente, avançam em linhas enobrecidas, em planos ele­vados, todavia, ainda sentem inclinações e paixões particu­lares, no rumo da universalização de sentimentos." É certamente por isso que a intuição popular assevera: "nossos anjos de guarda não com­binam entre si", reconhecendo não serem eles seres perfeitos. No Lar da Bênção, Blandina quis saber se Júlio desencarnou ou não no momento certo. Cla­rêncio explicou não haver nenhuma dúvida quanto a isso. A Lei funcio­nou, exata. Quanto aos jatos de pensamento escuro emitidos pelo enfer­meiro, se o menino não estivesse protegido, teriam efetiva­mente abre­viado sua morte, e, ainda assim, a Lei ter-se-ia cumprido. Os pensa­mentos escuros de Mário voltaram, entretanto, para ele mesmo. Como os emitiu com evidente propósito de matar, experimentava então, em razão disso, o remorso de um autêntico assassino. Clarêncio, ao re­latar isso a Blandina, concluiu: "Permaneçamos convencidos, minha filha, de que, em qualquer lugar e em qualquer tempo, receberemos da vida, de acordo com as nossas próprias obras". (Cap. XXXIII, págs. 215 a 217) (Continua no próximo número.)

 
 


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 Revista Semanal de Divulgação Espírita