MARCELO BORELA DE
OLIVEIRA
mbo_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná
(Brasil)
Entre a Terra e o Céu
André Luiz
(Parte
30)
Continuamos a apresentar
o
estudo da obra
Entre a Terra e o Céu,
de André Luiz,
psicografada pelo médium
Francisco Cândido Xavier
e
publicada em 1954 pela
Federação Espírita
Brasileira.
Questões preliminares
A. Por que muitos jovens
se arrojam ao casamento
com absoluta inaptidão
para semelhante
responsabilidade?
O caso que ocorreu entre
Amaro e Júlio ajuda-nos
a compreender esse fato,
visto que na base dos
sonhos juvenis moram
quase sempre dívidas
angustiosas a que não
se pode fugir. Segundo o
Ministro Clarêncio,
grande número de paixões
afetivas no mundo
correspondem a
autênticas obsessões ou
psicoses, que só a
realidade consegue
tratar com êxito. "Em
muitas ocasiões, por
trás do anseio de união
conjugal, vibra o
passado, através de
requisições dos amigos
ou inimigos
desencarnados, aos quais
devemos colaboração
efetiva para a
reconquista do veículo
carnal.”
(Entre a Terra e o Céu,
cap. XXXIII, pp. 211 a
213.)
B. Os anjos de guarda
estão sempre conosco?
Não. Segundo Clarêncio,
a ideia de um ente
divinizado e perfeito,
invariavelmente ao nosso
lado, ao dispor de
nossos caprichos ou ao
sabor de nossas dívidas,
não concorda com a
justiça. Os anjos de
guarda não vivem então
conosco? Respondendo a
essa indagação,
Clarêncio disse: "Não
digo isso. O Sol está
com o verme, amparando-o
na furna, a milhões e
milhões de quilômetros,
sem que o verme esteja
com o Sol". Em seguida,
o instrutor completou:
"Anjo, segundo a
acepção justa do termo,
é mensageiro. Ora, há
mensageiros de todas as
condições e de todas as
procedências e, por
isso, a antiguidade
sempre admitiu a
existência de anjos bons
e anjos maus. Anjo de
guarda, desde as
concepções religiosas
mais antigas, é uma
expressão que define o
Espírito celeste que
vigia a criatura em nome
de Deus ou pessoa que se
devota infinitamente a
outra, ajudando-a e
defendendo-a. Em
qualquer região,
convivem conosco os
Espíritos familiares de
nossa vida e de nossa
luta”.
(Obra citada, cap.
XXXIII, pp. 213 a 215.)
C. Se Júlio desencarnou
no momento certo, por
que Mário experimentava
remorso como o de um
autêntico assassino?
A informação de que
Júlio desencarnara no
momento certo foi dada
por Clarêncio. Quanto
aos jatos de pensamento
escuro emitidos pelo
enfermeiro Mário, se o
menino não estivesse
protegido, teriam
efetivamente abreviado
sua morte, e, ainda
assim, a Lei ter-se-ia
cumprido. Os
pensamentos escuros de
Mário voltaram,
entretanto, para ele
mesmo. Como os emitiu
com evidente propósito
de matar, experimentava
então, em razão disso, o
remorso de um autêntico
assassino. Em qualquer
lugar e em qualquer
tempo, explicou
Clarêncio, “receberemos
da vida de acordo com as
nossas próprias obras".
(Obra citada, cap.
XXXIII, pp. 215 a 217.)
Texto para leitura
100. Uma
reencarnação difícil
- Como ele detestasse a
Amaro mais
profundamente, pesava
com mais intensidade
sobre este. O
ferroviário, quando na
erraticidade,
conheceu-lhe a
perseguição acérrima,
ouvindo-lhe as acusações
e as queixas, nas
regiões purgatoriais, e,
ao reencarnar, foi
seguido de perto por
Júlio, que lhe afligia a
mente, exigindo o
necessário concurso à
formação do novo corpo.
Como ele fora
indiretamente
responsável pelo
suicídio do ex-amigo,
agora a Lei permitia-lhe
a união com o desafeto,
necessitado de nova
oportunidade. "Entre o
credor e o devedor há
sempre o fio espiritual
do compromisso",
asseverou Clarêncio. A
vida de Amaro foi, por
isso, algo conturbada,
sobretudo na juventude.
Em sonhos, fora do corpo
denso, ele se encontrava
com o adversário que lhe
pedia o retorno ao mundo
e, ansioso pela
reconciliação, pensava
no casamento com
extremado desassossego,
desejoso de saldar a
conta que reconhecia
dever. Jovem ainda,
encontrou Odila que o
aguardava, conforme
ambos haviam programado,
na vida espiritual. As
vibrações de Júlio eram,
contudo, tão incômodas,
que Odila não conseguiu
acolhê-lo, de imediato,
recebendo primeiro
Evelina, de vez que a
ligação do casal com ela
se baseava em doces
afinidades. O caso de
Amaro na juventude
ajuda-nos a entender por
que muitos jovens se
arrojam ao casamento
com absoluta inaptidão
para as grandes
responsabilidades... Na
base dos sonhos juvenis,
quase sempre moram
dívidas angustiosas a
que não se pode fugir...
"Sim – confirmou o
Ministro –, grande
número de paixões
afetivas no mundo
correspondem a
autênticas obsessões ou
psicoses, que só a
realidade consegue
tratar com êxito". "Em
muitas ocasiões, por
trás do anseio de união
conjugal, vibra o
passado, através de
requisições dos amigos
ou inimigos
desencarnados, aos quais
devemos colaboração
efetiva para a
reconquista do veículo
carnal. A inquietação
afetiva pode expressar
escuros labirintos da
retaguarda..." (Cap.
XXXIII, págs. 211 a
213)
101. Anjos de
guarda - A
referência feita por
Clarêncio levou André a
indagar sobre a
existência de anjos de
guarda. Estes vivem em
nossa esfera? Clarêncio,
admirado com a pergunta,
disse que os Espíritos
tutelares encontram-se
em todas as esferas. Os
anjos da sublime
vigilância seguem-nos
a longa estrada
evolutiva e desvelam-se
por nós, dentro das leis
que nos regem; todavia,
não se pode esquecer que
nos movimentamos todos
em círculos
multidimensionais. "A
cadeia de ascensão do
espírito vai da
intimidade do abismo à
suprema glória celeste",
acentuou o Ministro.
Plasmamos nossa
individualidade
imperecível no espaço e
no tempo, ao preço de
continuadas e difíceis
experiências. "A ideia
de um ente divinizado e
perfeito,
invariavelmente ao nosso
lado, ao dispor de
nossos caprichos ou ao
sabor de nossas dívidas,
não concorda com a
justiça", asseverou
Clarêncio. "Que governo
terrestre – ponderou o
instrutor – destacaria
um de seus ministros
mais sábios e
especializados na
garantia do bem de todos
para colar-se,
indefinidamente, ao
destino de um só homem,
quase sempre renitente
cultor de complicados
enigmas e necessitado,
por isso mesmo, das mais
severas lições da
vida?". Os anjos de
guarda não vivem então
conosco? A essa
indagação, Clarêncio
informou: "Não digo
isso. O Sol está com o
verme, amparando-o na
furna, a milhões e
milhões de quilômetros,
sem que o verme esteja
com o Sol". Em seguida,
o instrutor completou:
"Anjo, segundo a
acepção justa do termo,
é mensageiro. Ora, há
mensageiros de todas as
condições e de todas as
procedências e, por
isso, a antiguidade
sempre admitiu a
existência de anjos bons
e anjos maus. Anjo de
guarda, desde as
concepções religiosas
mais antigas, é uma
expressão que define o
Espírito celeste que
vigia a criatura em nome
de Deus ou pessoa que se
devota infinitamente a
outra, ajudando-a e
defendendo-a. Em
qualquer região,
convivem conosco os
Espíritos familiares de
nossa vida e de nossa
luta. Dos seres mais
embrutecidos aos mais
sublimados, temos a
corrente de amor, cujos
elos podemos simbolizar
nas almas que se querem
ou que se afinam umas
com as outras, dentro da
infinita gradação do
progresso". (Cap. XXXIII,
págs. 213 a 215)
102. Recebemos de
acordo com nossas obras
- Depois de tecer
outras considerações
sobre o assunto,
salientando a devoção
das mães, Clarêncio
asseverou que todas as
criaturas contam com
louváveis devotamentos
de entidades afins que
se lhes afeiçoam. A
orfandade real não
existe. Em nome do Amor,
todos recebem
assistência onde quer
que se encontrem. Os
gregos sabiam disso e
recorriam aos seus
gênios invisíveis. Os
romanos compreendiam
essa verdade e cultuavam
os numes domésticos. "O
gênio guardião será
sempre um Espírito
benfazejo para o
protegido – observou
Clarêncio –, mas é
imperioso anotar que os
laços afetivos, em torno
de nós, ainda se
encontram em marcha
ascendente para mais
altos níveis da vida.
Com toda a veneração que
lhes devemos, importa
reconhecer, nos
Espíritos familiares que
nos protegem, grandes e
respeitáveis heróis do
bem, mas ainda
singularmente
distanciados da
angelitude eterna".
"Naturalmente, avançam
em linhas enobrecidas,
em planos elevados,
todavia, ainda sentem
inclinações e paixões
particulares, no rumo
da universalização de
sentimentos." É
certamente por isso que
a intuição popular
assevera: "nossos anjos
de guarda não combinam
entre si", reconhecendo
não serem eles seres
perfeitos. No Lar da
Bênção, Blandina quis
saber se Júlio
desencarnou ou não no
momento certo.
Clarêncio explicou não
haver nenhuma dúvida
quanto a isso. A Lei
funcionou, exata.
Quanto aos jatos de
pensamento escuro
emitidos pelo
enfermeiro, se o menino
não estivesse protegido,
teriam efetivamente
abreviado sua morte, e,
ainda assim, a Lei
ter-se-ia cumprido. Os
pensamentos escuros de
Mário voltaram,
entretanto, para ele
mesmo. Como os emitiu
com evidente propósito
de matar, experimentava
então, em razão disso, o
remorso de um autêntico
assassino. Clarêncio, ao
relatar isso a
Blandina, concluiu:
"Permaneçamos
convencidos, minha
filha, de que, em
qualquer lugar e em
qualquer tempo,
receberemos da vida, de
acordo com as nossas
próprias obras". (Cap.
XXXIII, págs. 215 a 217)
(Continua no próximo
número.)