ORSON PETER
CARRARA
orsonpeter@yahoo.com.br
Matão, São Paulo
(Brasil)
Ambos do coração
– A capacidade
musical anímica
e mediúnica
Você quer duas
sugestões de
bons filmes?
Pois não posso
deixar de
recomendá-los,
para sua alegria
e reflexão.
Ambos trazem a
palavra
coração
no título. Um é
O Som do
coração
e outro é
A Voz do coração.
Ambos são ótimos
e emocionantes.
O primeiro deles
apresenta um
caso de menino
prodígio na
música, separado
dos pais pelo
avô materno já
no nascimento e
adotado por
orfanato, cujo
reencontro dos
três personagens
no final da
história é
emocionante,
principalmente
levando-se em
conta as
circunstâncias
vividas pelos
personagens e
sempre sob
inspiração da
música.
Já o segundo,
igualmente
envolvido por um
menino educado
em internato de
rígida e
autoritária
direção, em
enredo mais
sofrido – em
virtude do
ambiente difícil
enfrentado pelos
garotos –, traz
a luta de um
professor de
música para
transformação
daquelas vidas
juvenis,
justamente
através das
notas musicais.
Também tem um
final
emocionante.
Nos dois casos,
o pano de fundo
é a música. A
música que
eleva, que
transforma, que
empolga.
Igualmente nos
dois casos,
meninos
prodígios. Um
com a voz
extraordinária,
outro com o
talento musical
para compor,
reger e tocar.
Embora o garoto
da Voz
fosse rebelde,
transformou-se
ao toque
educativo do
professor, e o
garoto do
Som
fosse dócil,
realizou seu
objetivo através
da música; em
ambos os casos a
coincidência de
vidas sofridas e
abaladas pela
violência que
ainda
caracteriza o
comportamento
humano.
Ao mesmo tempo,
porém, as
oportunidades de
vida, as
circunstâncias
de aprendizado,
e, sem dúvida, o
amor que liga os
seres, não
importando
distância, nem
idade, nem
tampouco as
adversidades.
São dois filmes
imperdíveis. Não
deixe de ver.
Confira a
sinopse dos
filmes:
a) A Voz
do coração:
Pierre Morhange
(Jacques Perrin)
é um famoso
maestro que
retorna à sua
cidade-natal ao
saber do
falecimento de
sua mãe. Lá ele
encontra um
diário mantido
por seu antigo
professor de
música, Clémente
Mathieu (Gérard
Jugnot), através
do qual passa a
relembrar sua
própria
infância. Mais
exatamente a
década de 40,
quando passou a
participar de um
coro organizado
pelo professor,
que terminou por
revelar seus
dotes musicais.
Com 95 minutos
de duração, no
gênero drama, e
várias
premiações, foi
produzido na
França em 2004.
b) O Som
do coração:
August Rush (Freddie
Highmore) é
resultado de um
encontro casual
entre um
guitarrista e
uma
violoncelista.
Crescido em
orfanato e
dotado de um dom
musical
impressionante,
ele se apresenta
nas ruas de Nova
York ao lado do
divertido Wizard
(Robin
Williams).
Contando apenas
com seu talento
musical, August
decide usá-lo
para tentar
reencontrar seus
pais. No gênero
drama e 100
minutos de
duração, foi
lançado em 2007
nos Estados
Unidos e já
recebeu
indicação de
premiação.
Para quem
conhece o
Espiritismo é
uma delícia
assistir ao
filme. Ele nos
leva a meditar
sobre os gênios
musicais, sobre
a mediunidade
musical e
especialmente
sobre os sons
produzidos pelos
Espíritos em
harmonia e que
podem ser
captados pelos
Espíritos em
sintonia com a
harmonia que o
bem produz. Em
Obras
Póstumas,
por exemplo, no
capítulo A
Música Celeste,
o compositor
Rossini afirma:
“(...) O
Espírito produz
os sons que
quer. (...)
Aquele que
compreende
muito, que tem
nele a harmonia
já conquistada,
age sobre o
fluido universal
e reproduz o que
o Espírito
concebe, sente e
quer (...)”.
E na Revista
Espírita, de
setembro de
1864, o mesmo
Rossini cita:
A música comove
as fibras
entorpecidas da
sensibilidade e
as predispõe a
receber as
impressões
morais. A música
amolece a alma –
é poderosa
auxiliar de
moralização.
E não posso
deixar de citar
essa pérola da
Revista
Espírita, de
maio de 1858:
Kardec
entrevista o
compositor
Mozart
(1756-1791), que
foi famoso
menino prodígio
e que declarou “Quando
estou em boas
disposições e
inteiramente só,
durante o meu
passeio, os
pensamentos
musicais me vêm
com abundância.
Ignoro donde
procedem esses
pensamentos e
como me chegam;
nisso não tenho
a mínima
vontade, a menor
intervenção”.
Habitante de
Júpiter,
revelou: “Onde
habito, há
melodia em toda
parte: no
murmúrio das
águas, no ciciar
das folhas, no
canto dos
ventos; as
flores rumorejam
e cantam; tudo
produz sons
melodiosos.
Sê bom,
alcança este
planeta pelas
tuas virtudes”.
E fornece essa
pérola para esse
tema: A
música religiosa
ajuda a elevação
da alma. O
pensamento
compõe e os
ouvintes
desfrutam.
O tema sugere o
estudo do item
190 de O
Livro dos
Médiuns,
capítulo XVI da
segunda parte,
onde assinala o
Codificador:
Médiuns músicos:
os que executam,
compõem ou
escrevem música,
sob a influência
dos Espíritos.
Há médiuns
músicos
mecânicos,
semimecânicos,
intuitivos e
inspirados, como
para as
comunicações
literárias.
E Kardec também
classifica os
Médiuns de
efeitos musicais,
considerados
muito raros,
pois que
provocam a
execução de
composições, em
certos
instrumentos de
música, sem
contato com
estes, o que não
é o caso dos
filmes citados.
E tudo isso sem
desconsiderar o
patrimônio,
bagagem,
cultura,
habilidades e
experiências do
próprio Espírito
encarnado, como
também é o caso
dos filmes.
Eis, pois, dois
bons filmes para
fazer bem ao
coração e
estimular o
raciocínio uma
vez mais para
constatar a
beleza do
Espiritismo que
nos amplia os
horizontes do
entendimento.
Neste ponto,
podemos buscar a
questão 251 de
O Livro dos
Espíritos:
Os Espíritos
são sensíveis à
música? E a
resposta:
Queres falar da
vossa música? O
que ela é diante
da música
celeste? Desta
harmonia que
nada sobre a
Terra pode vos
dar uma ideia?
Uma é para a
outra o que o
canto do
selvagem é para
a suave melodia.
Entretanto, os
Espíritos
vulgares podem
experimentar um
certo prazer em
ouvir a vossa
música, porque
não são ainda
capazes de
compreender
outra mais
sublime. A
música tem para
os Espíritos
encantos
infinitos, em
razão de suas
qualidades
sensitivas muito
desenvolvidas.
Refiro-me à
música celeste,
que é tudo o que
a imaginação
espiritual pode
conceber de mais
belo e de mais
suave.
Tudo isso para
pensarmos no
esforço da
espiritualidade
em despertar
nossa
sensibilidade.
Seja através da
música religiosa
– em corais,
conjuntos ou
valores
individuais –,
de qualquer
denominação,
seja pelas
canções que
marcam as
crianças para
sempre ou pelas
melodias dos
grandes gênios
musicais de
nossa
história... Ou
mesmo, e por que
não, nas músicas
contemporâneas e
fruto do
regionalismo, em
todo o planeta?
É que a música é
também um dos
instrumentos de
despertamento da
sensibilidade
humana. Existem
vários, como a
dor através da
expiação; as
provas através
dos obstáculos;
a fé como
virtude, entre
tantos outros. E
entre eles, a
música, para
elevar nosso
padrão
vibratório e nos
convidar a
pensar na
grandeza de
Deus.
Ponderemos que
estamos num
mundo de provas
e expiações,
onde ainda há
império do mal.
E se, num plano
de provas e
expiações, já
temos os sons
magníficos da
natureza, a voz
humana que
sensibiliza nos
esforços e
combinações
vocais, e a
presença das
belas músicas
que nos ajudam a
viver com mais
harmonia,
podemos imaginar
o que nos
aguarda para o
futuro?