WELLINGTON BALBO
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Bauru, São Paulo (Brasil)
Edir Macedo,
Allan Kardec e
D. Petronilda
Em entrevista à
TV Record, o
bispo Edir
Macedo afirmou
ser contra as
religiões, visto
que muitas
guerras foram
disseminadas e
fomentadas em
nome delas. Ele
foi além e disse
que o importante
é o caráter da
pessoa e isso
não depende de
denominação
religiosa.
O que o bispo
diz trata-se
somente de
verdade parcial,
não podemos
generalizar,
porquanto o mal
não está na
religião, mas,
sim, no
fanatismo. É do
fanatismo que
deriva a
intolerância
religiosa, não
raro tingindo de
sangue terras
que,
ironicamente,
são chamadas de
santas.
No entanto, o
bispo não está
totalmente
equivocado e
para
justificá-lo
recorro ao
inesquecível
Allan Kardec,
quando
desfraldou a
bandeira: Fora
da caridade não
há salvação. É
verdade, caro
leitor, o bispo
Edir Macedo
provavelmente se
apoiou em Allan
Kardec para
proferir aquelas
palavras na
entrevista, pois
perceba que
Kardec não
disse: Fora do
Espiritismo não
há salvação ou
fora da Igreja
não há salvação.
Ele foi claro:
Fora da
caridade não há
salvação.
Portanto, pouco
importa a
religião seguida
pelo indivíduo,
pois o
importante serão
suas atitudes e
posturas perante
a vida, o
próximo e si
mesmo.
A propósito, os
próprios
Espíritos
benévolos em
O Livro dos
Espíritos
afirmam que para
conseguir
sucesso
existencial o
primordial é a
prática do bem.
Logo, fácil
compreender que
nenhuma religião
contém o
passaporte para
a felicidade
além túmulo,
porquanto para
que gozemos da
paz de
consciência o
importante é,
como afirma
Kardec, praticar
a sublime
virtude da
caridade.
Aliás, nisso
reside a justiça
divina, pois
coloca o sucesso
espiritual em
nossas mãos,
independentemente
da religião que
professamos. Consequentemente,
pouco importa se
vamos à Igreja
Universal do
Reino de Deus ou
ao Centro
Espírita, porque
o que vale são
nossas
atitudes.
Por isso a
relevância de
destacar a vida
de D. Petronilda,
personagem real
de algumas das
crônicas que
escrevi. D.
Petronilda
sempre vivenciou
em plenitude a
máxima
inspiradamente
exposta por
Kardec: FORA DA
CARIDADE NÃO HÁ
SALVAÇÃO. De sua
boca brotavam
palavras de
esperança
reconfortando
aflitos da alma,
de suas mãos o
carinho para os
necessitados e
com seus parcos
rendimentos
supria as
necessidades de
seus irmãos de
caminhada.
Certa vez
presenteou com
moderna máquina
de lavar uma
amiga que
trabalhava
lavando roupas e
havia quebrado o
braço. Detalhe:
a compra fora
efetuada em
diversas
prestações e
pagas
regularmente com
seus
rendimentos. Seu
desprendimento
era notável. Não
foram poucas as
ocasiões em que
socorreu os
vizinhos com sua
boa vontade para
o trabalho de
auxílio ao
próximo.
Colaborava com
as mamães de
primeira viagem
arrumando a casa
para que elas
pudessem cuidar
do bebê com mais
tranquilidade.
Tudo isso era
feito em suas
poucas horas de
folga. Uma
incansável e
anônima
trabalhadora do
bem.
Infelizmente não
tive a
oportunidade de
passar grandes
momentos ao seu
lado. Tudo que
eu sabia sobre
essa pequena
grande mulher
devia-se a
relatos que me
chegavam por
conhecidos em
comum. Um dia,
porém, tive a
chance de vê-la
na formatura de
seu filho e que
coincidentemente
era minha
formatura
também. Aquela
mulher de
semblante sereno
não sabia, mas
na multidão
havia alguém que
muito a
admirava.
Certamente ela
também não sabe,
mas sempre
relatei seus
exemplos em
palestras. A
propósito, neste
final de semana
enquanto eu
divulgava a vida
de D. Petronilda
nas cidades de
Americana e
Santa Bárbara,
ela se mudava
para a pátria
espiritual. Os
médicos que a
atenderam ao
longo dos quatro
meses de sua
enfermidade
relatam sua
impressionante
serenidade ante
as dificuldades
do já
cambaleante
corpo físico.
Ela não
reclamava, a
única coisa que
pedia era sua
bíblia, queria
partir lendo as
palavras do
Mestre. Sua
religião? Ah,
isso pouco
importa, pois
como afirmou
Kardec é a
caridade que nos
abre as portas
da felicidade, e
isso não faltou
a D. Petronilda.