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Crônicas e Artigos
Ano 4 - N° 160 - 30 de Maio de 2010

AYLTON GUIDO COIMBRA PAIVA
paiva.aylton@terra.com.br
Lins, São Paulo (Brasil)
 

O Centenário de Chico Xavier


No dia 2 de abril comemorou-se uma data importante: os 100 anos do nascimento de Francisco Cândido Xavier.

Seu pai era vendedor de bilhete de loteria e a mãe, Maria João de Deus, era lavadeira, pessoas muito pobres e incultas. Ele fica órfão aos 5 anos de idade e o pai, sem condições de ficar com os filhos, os distribui entre parentes e amigos.

Chico vai morar com sua madrinha. Uma senhora desequilibrada mental e emocionalmente que, por qualquer motivo, ou sem motivo, aplicava terríveis surras no pequenino, a ponto de sangrar o frágil corpinho.

No inominável sofrimento da recém-orfandade e os gestos tresloucados da madrinha, Chico, quando podia, corria para o fundo do quintal onde havia uma plantação de bananeiras. Lá ele podia chorar livremente e não apanhar mais porque estava, com razão, chorando.

Entre lágrimas e orações, ele pede à mãezinha “morta” que venha ajudá-lo, pois não aguentava tanto sofrimento. E Deus, na sua infinita bondade, permite que o anjo maternal venha ao encontro do sofrido filhinho.

Ela aparece-lhe e Chico, em sua inocência, conversa com a mãezinha que procura consolá-lo. Em meio à conversa, ela lhe diz:

– Tenha paciência, meu filho! Você precisa crescer mais forte para o trabalho. E quem não sofre, não aprende a lutar.

Na continuidade dos diálogos, ela afirma-lhe que tivesse um pouco de paciência que, em breve, ela encaminharia um anjo bom para cuidar dele e de seus irmãos.

O anjo bom surge na jovem Cidália com quem seu pai se casa. Antes, porém, ela impusera uma condição essencial para o casamento: ele deveria reunir, novamente, os filhos dispersos para a recomposição do lar Xavier. E assim foi feito.

Os fenômenos paranormais, parapsicológicos ou mediúnicos ocorrem com Chico desde a mais tenra idade. Certa feita, o pai e dona Maria João de Deus vão visitar uma amiga que tivera um aborto espontâneo. Na volta, pai e mãe vêm comentando o caso, com a simplicidade e a ignorância deles, quando, subitamente, o menino, com menos de cinco anos, diz:

– Ela teve uma gravidez com nidação atópica – e prosseguiu a explicação em uma terminologia científica.

O pai leva um susto, olha intrigado para a criança e diz:

– Mulher, esse não é o nosso filho não. Acho que trouxemos a criança trocada. Esse aí não é o Chico, não!

– Claro que é, homem! Veja a roupinha que eu pus nele. É ele mesmo! Meu filho, que palavras são essas que você tá falando?

Responde a ingenuidade cândida da criança:

– Não sei não, mãe. Tem um homem aqui “com nóis”, que vai falando, e ele mandou eu repetir o que ele fala.

– Isso é coisa do demônio – atalha o pai assustado.

– Imagina se o demônio vai atentar uma pobre criancinha... – retruca a mãe.

Chico viveu, assim, desde a mais tenra idade, a desconfiança, o conflito de opiniões sobre a sua paranormalidade até os 92 anos de idade. E por ela deixou mais de 400 livros psicografados, não se atribuindo a autoria, nem os direitos autorais. Estes foram outorgados sempre a obras sociais.

Sofreu perseguições, calúnias, traições, de pessoas e de grupos, de estranhos e de familiares. A todos respondeu com a resposta que o Mestre Jesus sempre indicou: o Amor.

Hoje, seus biógrafos ou não, podemos constatar pela sua vivência, pela sua conduta, que Chico foi o amor incondicional.

Continua fazendo sucesso nos cinemas do Brasil o filme Chico Xavier, obra de Daniel Filho, grande diretor e ator da rede Globo, com admirável elenco: Tony Ramos, Christiane Torloni, Ângelo Antonio, Nelson Xavier, Giovana Antonelli, Carlos Vereza, Paulo Goulart, Nicette Bruno e muitos outros.


 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita