AYLTON GUIDO
COIMBRA PAIVA
paiva.aylton@terra.com.br
Lins, São Paulo
(Brasil)
O Centenário de
Chico Xavier
No dia 2 de
abril
comemorou-se uma
data importante:
os 100 anos do
nascimento de
Francisco
Cândido Xavier.
Seu pai era
vendedor de
bilhete de
loteria e a mãe,
Maria João de
Deus, era
lavadeira,
pessoas muito
pobres e
incultas. Ele
fica órfão aos 5
anos de idade e
o pai, sem
condições de
ficar com os
filhos, os
distribui entre
parentes e
amigos.
Chico vai morar
com sua
madrinha. Uma
senhora
desequilibrada
mental e
emocionalmente
que, por
qualquer motivo,
ou sem motivo,
aplicava
terríveis surras
no pequenino, a
ponto de sangrar
o frágil
corpinho.
No inominável
sofrimento da
recém-orfandade
e os gestos
tresloucados da
madrinha, Chico,
quando podia,
corria para o
fundo do quintal
onde havia uma
plantação de
bananeiras. Lá
ele podia chorar
livremente e não
apanhar mais
porque estava,
com razão,
chorando.
Entre lágrimas e
orações, ele
pede à mãezinha
“morta” que
venha ajudá-lo,
pois não
aguentava tanto
sofrimento. E
Deus, na sua
infinita
bondade, permite
que o anjo
maternal venha
ao encontro do
sofrido
filhinho.
Ela aparece-lhe
e Chico, em sua
inocência,
conversa com a
mãezinha que
procura
consolá-lo. Em
meio à conversa,
ela lhe diz:
– Tenha
paciência, meu
filho! Você
precisa crescer
mais forte para
o trabalho. E
quem não sofre,
não aprende a
lutar.
Na continuidade
dos diálogos,
ela afirma-lhe
que tivesse um
pouco de
paciência que,
em breve, ela
encaminharia um
anjo bom para
cuidar dele e de
seus irmãos.
O anjo bom surge
na jovem Cidália
com quem seu pai
se casa. Antes,
porém, ela
impusera uma
condição
essencial para o
casamento: ele
deveria reunir,
novamente, os
filhos dispersos
para a
recomposição do
lar Xavier. E
assim foi feito.
Os fenômenos
paranormais,
parapsicológicos
ou mediúnicos
ocorrem com
Chico desde a
mais tenra
idade. Certa
feita, o pai e
dona Maria João
de Deus vão
visitar uma
amiga que tivera
um aborto
espontâneo. Na
volta, pai e mãe
vêm comentando o
caso, com a
simplicidade e a
ignorância
deles, quando,
subitamente, o
menino, com
menos de cinco
anos, diz:
– Ela teve uma
gravidez com
nidação atópica
– e prosseguiu a
explicação em
uma terminologia
científica.
O pai leva um
susto, olha
intrigado para a
criança e diz:
– Mulher, esse
não é o nosso
filho não. Acho
que trouxemos a
criança trocada.
Esse aí não é o
Chico, não!
– Claro que é,
homem! Veja a
roupinha que eu
pus nele. É ele
mesmo! Meu
filho, que
palavras são
essas que você
tá falando?
Responde a
ingenuidade
cândida da
criança:
– Não sei não,
mãe. Tem um
homem aqui “com
nóis”, que vai
falando, e ele
mandou eu
repetir o que
ele fala.
– Isso é coisa
do demônio –
atalha o pai
assustado.
– Imagina se o
demônio vai
atentar uma
pobre
criancinha... –
retruca a mãe.
Chico viveu,
assim, desde a
mais tenra
idade, a
desconfiança, o
conflito de
opiniões sobre a
sua
paranormalidade
até os 92 anos
de idade. E por
ela deixou mais
de 400 livros
psicografados,
não se
atribuindo a
autoria, nem os
direitos
autorais. Estes
foram outorgados
sempre a obras
sociais.
Sofreu
perseguições,
calúnias,
traições, de
pessoas e de
grupos, de
estranhos e de
familiares. A
todos respondeu
com a resposta
que o Mestre
Jesus sempre
indicou: o Amor.
Hoje, seus
biógrafos ou
não, podemos
constatar pela
sua vivência,
pela sua
conduta, que
Chico foi o amor
incondicional.
Continua fazendo
sucesso nos
cinemas do
Brasil o filme
Chico Xavier,
obra de Daniel
Filho, grande
diretor e ator
da rede Globo,
com admirável
elenco: Tony
Ramos,
Christiane
Torloni, Ângelo
Antonio, Nelson
Xavier, Giovana
Antonelli,
Carlos Vereza,
Paulo Goulart,
Nicette Bruno e
muitos outros.