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Clássicos do Espiritismo
Ano 4 - N° 160 - 30 de Maio de 2010

ANGÉLICA REIS
a_reis_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná (Brasil)
 
 

O Tesouro dos Espíritas

Miguel Vives y Vives

(Parte 2)

Continuamos a apresentar o estudo do clássico O Tesouro dos Espíritas, de Miguel Vives y Vives, que será aqui estudado em 16 partes, com base na tradução de J. Herculano Pires, conforme a 6a edição publicada pela Edicel.

Questões preliminares

A. Que fato geralmente se dá na vida de alguém que adentra o Espiritismo?

Diz Miguel Vives que se abre diante dessa pessoa um campo tão vasto de investigações cuja grandeza de momento ela não sabe avaliar. À medida, porém, que vai ampliando seus estudos e suas experiências, mais ampla se torna a perspectiva do que antes lhe era desconhecido e em tudo começa a ver a grandeza de Deus. Vendo o que significa a sua individualidade na obra da Criação, compreende que sua vida é eterna e que não se encontra aqui por acaso, mas que sua existência está ligada ao concerto universal da Criação. (O Tesouro dos Espíritas, 1ª Parte, Guia Prático para a Vida Espírita, pp. 33 e 34.)

B. É correto pensar que nada devemos pedir a Deus e, portanto, não existe razão para a prece?

Alguns espíritas assim pensam, alegando que Deus não derrogará suas leis e que Ele já nos deu tudo. “Maneira errada de pensar”, afirma Miguel Vives. Da mesma maneira que um homem que tem maus pensamentos atrai sobre ele influências que o impulsionam ao mal, o homem que formula bons pensamentos e possui desejos bons atrairá sobre ele boas influências. É o que se dá com a prece. Ora, se os desejos e pensamentos bons atraem boas influências, quanto mais não deverá atraí-las aquele que saiba amar o Pai, adorá-lo e procurar seguir os seus mandamentos? Assim, aquele que ora pode, sem derrogação das leis divinas e sem obtenção de privilégios, atrair influências que lhe serão muito proveitosas no curso de sua existência. (Obra citada, pp. 35 a 37.)

C. Que é, segundo Miguel Vives, “Espiritismo mental”?

Diz ele ter conhecido espíritas que tudo confiavam ao seu critério e ao seu saber, esquecendo-se de manter vivo o amor a Deus e de observar outras práticas adiante tratadas em seu livro. Suas conversas, seus procedimentos, suas maneiras, por causa disso, quase não se distinguem dos homens vulgares. Embora creiam no Espiritismo, esse é apenas um Espiritismo mental, que não domina o coração. Por isso, em muitos atos da vida, pouco divergem dos que não conhecem a Doutrina. “Daí a razão de existirem espíritas que não fazem nenhum mal, mas que também não praticam nenhum bem, e que por um simples descuido caem no ridículo, prejudicando então a propaganda da doutrina que sustentam.” (Obra citada, pp. 38 e 39.)

Texto para leitura  

14. Miguel Vives reconhece que lhe foi necessário passar por uma grande e prolongada aflição, para receber a luz do Espiritismo. “Se tivesse gozado de boa saúde - diz ele -, me engolfaria nas distrações do mundo e, distraído e preocupado com as coisas da Terra, não teria dado importância ao que hoje tanto estimo, tanto me há servido e tanto me servirá no futuro.” (PP. 28 e 29)

15. Num momento de meditação e prece, Vives diz ao Senhor da vida: “Quando reflito no drama do Calvário, e vejo submetido a tanto sofrimento e tanta dor o Ser maior que veio encarnar-se neste mundo, exclamo: Se Ele, que era e é mais do que todos os que habitam a Terra, não veio cingir uma coroa e empunhar um cetro, mas fazer-se o mais humilde, o servidor de todos, o que curou as dores da Humanidade, o que sofreu todas as impertinências, todos os suplícios, e deu tão grande exemplo de paciência, humildade e perdão, é que o Pai, é que Vós, Senhor, não admitis categorias nem grandezas humanas, nem ostentação, mas apenas virtude, amor, pureza, sacrifício e caridade. Assim, concluo: a vossa lei exalta o abatido, consola o aflito, e o mais humilde é para Vós o maior, se for virtuoso e bom”.  (PP. 29 e 30)

16. O capítulo inicial do livro fala de Deus. Miguel Vives diz que quando o homem, venha de onde vier, entra no Espiritismo, abre-se ante ele um campo tão vasto de investigações, cuja grandeza  de momento ele não sabe avaliar. À medida que vai ampliando os seus estudos e as suas experiências, mais ampla se torna a perspectiva do que antes lhe era desconhecido, e em tudo começa a ver a grandeza de Deus. (P. 33)

17. Vendo o que significa a sua individualidade nesta Criação, compreende que sua vida é eterna e que não se encontra aqui por acaso, mas que sua existência está ligada ao concerto universal da Criação. (PP. 33 e 34)

18. Essa impressão, recebida ao converter-se ao Espiritismo, deve todo espírita procurar guardar e até aumentar, porque disso -- assevera Miguel Vives -- depende o seu progresso. “Digo isso, porque, passado o momento das primeiras impressões, o espírita começa a esquecer-se do respeito e da adoração que deve ao Pai, incorrendo numa falta de agradecimento, que vai aos poucos separando-o de influências que lhe são muito necessárias, no curso da sua vida no planeta.” (P. 35)

19. Alguns espíritas dizem que nada se deve pedir a Deus, porque Ele não derrogará suas leis e porque tudo já nos deu. “Maneira errada de pensar”, afirma Miguel Vives. (P. 35)

20. Da mesma maneira que um homem que tem maus pensamentos atrai sobre ele influências que o impulsionam ao mal, o homem que formula bons pensamentos e possui desejos bons atrairá sobre ele boas influências. É o que se dá com a prece. (P. 36)

21. Ora, se os desejos e pensamentos bons atraem boas influências, quanto mais não deverá atraí-las aquele que saiba amar o Pai, adorá-lo e procurar seguir os seus mandamentos? Assim, aquele que ora pode, sem derrogação das leis divinas e sem obtenção de privilégios, atrair influências que lhe serão muito proveitosas no curso de sua existência. Aliás, se os espíritas nos houvéssemos firmado nessa posição, buscando praticar o amor divino, não estaríamos tão disseminados e desunidos como Estados. Poucos são os Centros Espíritas em que não tenha havido dissensões, fato que não ocorreria se o amor e a adoração do Pai reinassem no coração de cada espírita. (PP. 36 e 37)

22. Vives diz ter conhecido espíritas que tudo confiavam ao seu critério e ao seu saber, esquecendo-se de manter vivo o amor a Deus e de outras práticas adiante tratadas neste livro. Suas conversas, seus procedimentos, suas maneiras, por causa disso, quase não se distinguem dos homens vulgares. Embora creiam no Espiritismo, trata-se apenas de um Espiritismo mental, que não domina o coração. Por isso, em muitos atos da vida, pouco divergem dos que não conhecem a Doutrina. “Daí a razão de existirem espíritas que não fazem nenhum mal, mas que também não praticam nenhum bem, e que por um simples descuido caem no ridículo, prejudicando então a propaganda da doutrina que sustentam.” (P. 38)

23.  O amor a Deus pode atrair certas influências para o espírita que o procure avivar em seu coração e saiba transportar-se ao infinito através da prece, dessas expansões da alma, da oração que é acompanhada pelo sentimento, que edifica, que consola, que brota do mais fundo da alma. (PP. 39 e 40)

24. Essa forma de oração é tão necessária a todo espírita que, segundo Miguel Vives, quem dela prescinde não se elevará às qualidades morais necessárias a um bom espírita. E ainda mais: quem dela prescinde não poderá alcançar, quando voltar ao mundo espiritual, a condição de Espírito de luz, a menos que seus trabalhos na Terra tenham sido pautados pela caridade e pelo amor ao próximo, o que é tão raro neste mundo. (P. 40)

25. A Humanidade está cheia de erros, de maldade, de hipocrisia, de egoísmo, de orgulho. Cada um de nós despende alguma coisa de si mesmo, daquilo que é, neste mundo. Coloquemos um espírita em meio de toda essa imperfeição, e apesar de suas crenças ele se contagiará nessa atmosfera geral. Se esse espírita não dispõe do meio de se livrar das más influências que o envolvem, é impossível que se conserve prudente, circunspecto, tolerante, justiceiro. (P. 41)

26. É por isso que o espírita, para livrar-se dos vícios, deve saturar-se de fluidos e influências superiores aos que nos rodeiam neste mundo, e para que eles nos envolvam é preciso pôr-nos em condições de recebê-los. (P. 41)(Continua na próxima edição.)


 


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 Revista Semanal de Divulgação Espírita