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Estudando as obras de Kardec
Ano 4 - N° 160 - 30 de Maio de 2010

ASTOLFO O. DE OLIVEIRA FILHO
aoofilho@oconsolador.com.br
Londrina, Paraná (Brasil)
 

A Revue Spirite de 1866

Allan Kardec 

(Parte 3)

Continuamos a apresentar o estudo da Revue Spirite correspondente ao ano de 1866. O texto condensado do volume citado será aqui apresentado em 16 partes, com base na tradução de Júlio Abreu Filho publicada pela EDICEL.

Questões preliminares

A. Qual é, segundo Kardec, a causa da loucura obsessional?

Os inúmeros casos de obsessão que estavam se tornando frequentes na França provavam, segundo Kardec, a existência do que ele chamou de loucura obsessional, cuja causa difere da loucura patológica e ante a qual a ciência falhará sempre enquanto se obstinar em negar o elemento espiritual e sua influência sobre o homem. A terapia espírita era, em casos assim, o procedimento indicado, que se tornava, então, bastante conhecido. (Revue Spirite de 1866, pp. 38 a 40.)

B. É fácil afastar os obsessores desencarnados?

Não; não é fácil tal tarefa. “O único meio de os dominar – diz o Codificador – é o ascendente moral”, com cuja ajuda, por meio do raciocínio e de sábios conselhos, é possível torná-los melhores. Este é o segredo da cura: conversa-se com o Espírito, buscando moralizá-lo e educá-lo, como faríamos se ele estivesse encarnado, e dirigindo com tato as instruções que lhe são dadas. As obsessões fazem parte das provas e das misérias devidas à inferioridade do meio em que vivemos. Os homens sofrem, então, neste mundo as consequências de suas imperfeições, porque, se fossem perfeitos, aqui não estariam. (Obra citada, pp. 40 a 42.)  

C. Por que existem antropófagos?

Antropófago [do gr. anthropophágos, pelo lat. anthropophagu] diz respeito a alguém que come carne humana. De acordo com o Siècle de dezembro de 1865, o almirantado inglês advertiu os capitães de navios mercantes que se dirigiam à Oceania para tomarem todas as precauções com vistas a evitar que sua tripulação fosse vítima dos antropófagos das Novas-Hébridas, da baía de Jervis ou da Nova-Caledônia, onde recrudescera a prática da antropofagia. Comentando a notícia, Kardec explica por que existem no mundo antropófagos, que são pessoas como nós mesmos. As almas dos que mantêm esse hábito – diz Kardec – estão ainda próximas de sua origem e suas faculdades intelectuais e morais são pouco desenvolvidas; mas elas progredirão também, graças às vidas sucessivas. O fato de haver aumentado naquela região do planeta a prática da antropofagia explica-se pela circunstância de ter, provavelmente, ocorrido ali uma chegada em massa de almas bastante atrasadas, com vistas ao seu adiantamento, porque só reencarnando é que elas poderão libertar-se desses e de outros hábitos cuja erradicação é sinal inconteste de progresso. (Obra citada, pp. 46 a 49.)  

Texto para leitura 

27. A Revue relata novo caso de obsessão levado a bom termo em julho de 1865, na localidade de Cazères. A jovem obsidiada tinha 22 anos e, embora gozasse de saúde perfeita, fora de repente acometida de um acesso de loucura. Como os médicos não haviam conseguido curá-la, mesmo após sua internação num hospício de alienados mentais, os pais recorreram ao Espiritismo. Evocando o Espírito obsessor durante oito dias seguidos, o grupo espírita conseguiu mudar suas más disposições e, feito isto, a doente ficou curada. (Págs. 38 e 39.)

28. Analisando o fato, Kardec diz que o episódio constituía uma nova prova da existência da loucura obsessional, cuja causa difere da loucura patológica e ante a qual a ciência falhará sempre enquanto se obstinar em negar o elemento espiritual e sua influência sobre o homem. (Pág. 39.)

29. Em seguida, Kardec refere um fato semelhante relatado pelo grupo espírita de Marmande, que também obteve êxito ao tratar um camponês que, atingido por uma loucura furiosa, perseguia as pessoas a golpes de forcado, para as matar. Ele era, no entanto, apenas uma vítima de uma obsessão grave e em oito dias, sem nenhum tratamento físico, voltou ao estado normal, graças à terapia espírita (Págs. 39 e 40.)

30. Os casos de obsessão eram tão frequentes que não seria exagero dizer que nos hospitais de alienados mais da metade têm apenas a aparência da loucura, mas não são loucos. Essa observação é de Kardec, que adverte não ser fácil afastar os obsessores desencarnados. “O único meio de os dominar – diz o Codificador – é o ascendente moral”, com cuja ajuda, pelo raciocínio e com sábios conselhos, é possível torná-los melhores. Esse é o segredo da cura: conversa-se com o Espírito, buscando moralizá-lo e educá-lo, como faríamos se ele estivesse encarnado, e dirigindo com tato as instruções que lhe são dadas. (Págs. 40 a 42.)

31. Não nos devemos admirar mais das obsessões do que das enfermidades e outros males que afligem a humanidade, porque elas fazem parte das provas e das misérias devidas à inferioridade do meio em que vivemos. Os homens sofrem então neste mundo as consequências de suas imperfeições, porque, se fossem mais perfeitos, aqui não estariam. (Pág. 42.)

32. O depoimento de um passageiro que escapou com vida ao naufrágio do Borysthène, ocorrido nas costas da Argélia a 15 de dezembro de 1865, é transcrito pela Revue e comentado por Kardec, que explica por que, em casos assim, há pessoas que se desesperam e se matam, sem esperar o desfecho do desastre. (Págs. 42 a 44.)

33. Duas comunicações sobre o assunto foram, então, recebidas na Sociedade Espírita de Paris no dia 12 de janeiro. Eis, de forma resumida, o que elas revelaram: I – A prece é o veículo dos fluidos espirituais mais poderosos e são como um bálsamo salutar para as feridas da alma e do corpo. Atrai todos os seres para Deus e faz a alma sair da espécie de letargia em que se acha mergulhada, quando esquece seus deveres para com o Criador. II – Dita com fé, provoca nos que a ouvem o desejo de imitar os que oram, porque o exemplo e a palavra também levam fluidos magnéticos de grande força. III – Quanto ao homem que quis suicidar-se em face da morte certa, a ideia lhe veio de uma instintiva repulsa pela água, visto que era a terceira vez que morreria dessa maneira. IV – Devemos orar pelos infelizes, porque a prece de várias pessoas forma um feixe que sustenta e fortifica a alma pela qual é feita, dando-lhe força e resignação. V – Aos que julgam não ter necessidade de Deus, o Pai permite sejam expostos a um fim terrível, sem esperança de qualquer ajuda. Então eles se lembram de que outrora rezaram e que a prece dissipa as tristezas, faz suportar os sofrimentos com coragem e suaviza os últimos momentos do agonizante. VI – É que a prece é uma necessidade da alma e tem para todos uma imensa utilidade. (Págs. 44 a 46.)

34. Segundo o Siècle de dezembro de 1865, o almirantado inglês advertiu os capitães de navios mercantes que se dirigiam à Oceania para tomarem todas as precauções com vistas a evitar que sua tripulação fosse vítima dos antropófagos das Novas-Hébridas, da baía de Jervis ou da Nova-Caledônia, onde recrudescera a prática da antropofagia. (Págs. 46 a 49.)

35. Comentando a notícia, Kardec explica por que existem no mundo antropófagos, que são pessoas como nós mesmos. As almas dos que mantêm esse hábito – diz Kardec – estão ainda próximas de sua origem e suas faculdades intelectuais e morais são pouco desenvolvidas; mas elas progredirão também, graças às vidas sucessivas. (Págs. 48 e 49.)

36. O fato de haver aumentado naquela região do planeta a prática da antropofagia explica-se pela circunstância de ter, provavelmente, ocorrido ali uma chegada em massa de almas bastante atrasadas, com vistas ao seu adiantamento, porque só reencarnando é que elas poderão libertar-se desses e de outros hábitos cuja erradicação é sinal inconteste de progresso. (Pág. 49.)

37. A Revue informa que, desde a interessante história que envolveu o Sr. Bach e a espineta de Henrique III, o citado músico tornou-se médium escrevente. Outro curioso episódio relacionado com aquele instrumento musical é relatado, então, por Kardec, no número de fevereiro de 1866. (Págs. 49 a 55.)

38. O próprio Henrique III, presente à sessão realizada em janeiro na Sociedade Espírita de Paris, de que participava também o Sr. Bach, confirmou ser o autor do pergaminho que o músico encontrara na espineta, à esquerda do teclado, entre duas tabuinhas. A caligrafia, comparada com a utilizada em outros manuscritos encontrados na Biblioteca Imperial, correspondia realmente à do monarca. (Págs. 51 a 55.)

39. Novos episódios de pancadas e outras manifestações físicas espontâneas agitaram a casa de um fazendeiro muito rico, em Équihen, perto de Boulogne. Chamados a intervir, quatro curas, seguidos depois de cinco redentoristas e três ou quatro religiosas foram até a casa e praticaram o exorcismo, sem nenhum resultado. Como a família desconfiasse de que os fenômenos poderiam estar sendo causados por um irmão do fazendeiro, morto dois anos antes na Argélia, os clérigos aconselharam-no a partir para a Argélia à busca do corpo do irmão, cumprindo o que lhe havia sido prometido. (Págs. 56 e 57.) (Continua no próximo número.)


 


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