ASTOLFO O. DE OLIVEIRA
FILHO
aoofilho@oconsolador.com.br
Londrina, Paraná
(Brasil)
A Revue Spirite
de 1866
Allan Kardec
(Parte
3)
Continuamos a apresentar
o
estudo da Revue
Spirite
correspondente ao ano de
1866. O texto condensado
do volume citado será
aqui apresentado em 16
partes, com base na
tradução de Júlio Abreu
Filho publicada pela EDICEL.
Questões preliminares
A. Qual é, segundo
Kardec, a causa da
loucura obsessional?
Os inúmeros casos de
obsessão que estavam se
tornando frequentes na
França provavam, segundo
Kardec, a existência do
que ele chamou de
loucura obsessional,
cuja causa difere da
loucura patológica e
ante a qual a ciência
falhará sempre enquanto
se obstinar em negar o
elemento espiritual e
sua influência sobre o
homem. A terapia
espírita era, em casos
assim, o procedimento
indicado, que se
tornava, então, bastante
conhecido.
(Revue Spirite de 1866,
pp. 38 a 40.)
B. É fácil afastar os
obsessores
desencarnados?
Não; não é fácil tal
tarefa. “O único meio de
os dominar – diz o
Codificador – é o
ascendente moral”, com
cuja ajuda, por meio do
raciocínio e de sábios
conselhos, é possível
torná-los melhores. Este
é o segredo da cura:
conversa-se com o
Espírito, buscando
moralizá-lo e educá-lo,
como faríamos se ele
estivesse encarnado, e
dirigindo com tato as
instruções que lhe são
dadas. As obsessões
fazem parte das provas e
das misérias devidas à
inferioridade do meio em
que vivemos. Os homens
sofrem, então, neste
mundo as consequências
de suas imperfeições,
porque, se fossem
perfeitos, aqui não
estariam.
(Obra citada, pp. 40 a
42.)
C. Por que existem
antropófagos?
Antropófago [do gr.
anthropophágos, pelo lat.
anthropophagu] diz
respeito a alguém que
come carne humana.
De acordo com o
Siècle de dezembro
de 1865, o almirantado
inglês advertiu os
capitães de navios
mercantes que se
dirigiam à Oceania para
tomarem todas as
precauções com vistas a
evitar que sua
tripulação fosse vítima
dos antropófagos das
Novas-Hébridas, da baía
de Jervis ou da
Nova-Caledônia, onde
recrudescera a prática
da antropofagia.
Comentando a notícia,
Kardec explica por que
existem no mundo
antropófagos, que são
pessoas como nós mesmos.
As almas dos que mantêm
esse hábito – diz Kardec
– estão ainda próximas
de sua origem e suas
faculdades intelectuais
e morais são pouco
desenvolvidas; mas elas
progredirão também,
graças às vidas
sucessivas. O fato de
haver aumentado naquela
região do planeta a
prática da antropofagia
explica-se pela
circunstância de ter,
provavelmente, ocorrido
ali uma chegada em massa
de almas bastante
atrasadas, com vistas ao
seu adiantamento, porque
só reencarnando é que
elas poderão libertar-se
desses e de outros
hábitos cuja erradicação
é sinal inconteste de
progresso.
(Obra citada, pp. 46 a
49.)
Texto para leitura
27. A Revue
relata novo caso de
obsessão levado a bom
termo em julho de 1865,
na localidade de Cazères.
A jovem obsidiada tinha
22 anos e, embora
gozasse de saúde
perfeita, fora de
repente acometida de um
acesso de loucura. Como
os médicos não haviam
conseguido curá-la,
mesmo após sua
internação num hospício
de alienados mentais, os
pais recorreram ao
Espiritismo. Evocando o
Espírito obsessor
durante oito dias
seguidos, o grupo
espírita conseguiu mudar
suas más disposições e,
feito isto, a doente
ficou curada. (Págs.
38 e 39.)
28. Analisando o fato,
Kardec diz que o
episódio constituía uma
nova prova da existência
da loucura
obsessional, cuja
causa difere da loucura
patológica e ante a qual
a ciência falhará sempre
enquanto se obstinar em
negar o elemento
espiritual e sua
influência sobre o
homem. (Pág. 39.)
29. Em seguida, Kardec
refere um fato
semelhante relatado pelo
grupo espírita de
Marmande, que também
obteve êxito ao tratar
um camponês que,
atingido por uma loucura
furiosa, perseguia as
pessoas a golpes de
forcado, para as matar.
Ele era, no entanto,
apenas uma vítima de uma
obsessão grave e em oito
dias, sem nenhum
tratamento físico,
voltou ao estado normal,
graças à terapia
espírita (Págs. 39 e
40.)
30. Os casos de obsessão
eram tão frequentes que
não seria exagero dizer
que nos hospitais de
alienados mais da metade
têm apenas a aparência
da loucura, mas não são
loucos. Essa observação
é de Kardec, que adverte
não ser fácil afastar os
obsessores
desencarnados. “O único
meio de os dominar – diz
o Codificador – é o
ascendente moral”, com
cuja ajuda, pelo
raciocínio e com sábios
conselhos, é possível
torná-los melhores. Esse
é o segredo da cura:
conversa-se com o
Espírito, buscando
moralizá-lo e educá-lo,
como faríamos se ele
estivesse encarnado, e
dirigindo com tato as
instruções que lhe são
dadas. (Págs. 40 a
42.)
31. Não nos devemos
admirar mais das
obsessões do que das
enfermidades e outros
males que afligem a
humanidade, porque elas
fazem parte das provas e
das misérias devidas à
inferioridade do meio em
que vivemos. Os homens
sofrem então neste mundo
as consequências de suas
imperfeições, porque, se
fossem mais perfeitos,
aqui não estariam.
(Pág. 42.)
32. O depoimento de um
passageiro que escapou
com vida ao naufrágio do
Borysthène,
ocorrido nas costas da
Argélia a 15 de dezembro
de 1865, é transcrito
pela Revue e
comentado por Kardec,
que explica por que, em
casos assim, há pessoas
que se desesperam e se
matam, sem esperar o
desfecho do desastre.
(Págs. 42 a 44.)
33. Duas comunicações
sobre o assunto foram,
então, recebidas na
Sociedade Espírita de
Paris no dia 12 de
janeiro. Eis, de forma
resumida, o que elas
revelaram: I – A prece é
o veículo dos fluidos
espirituais mais
poderosos e são como um
bálsamo salutar para as
feridas da alma e do
corpo. Atrai todos os
seres para Deus e faz a
alma sair da espécie de
letargia em que se acha
mergulhada, quando
esquece seus deveres
para com o Criador. II –
Dita com fé, provoca nos
que a ouvem o desejo de
imitar os que oram,
porque o exemplo e a
palavra também levam
fluidos magnéticos de
grande força. III –
Quanto ao homem que quis
suicidar-se em face da
morte certa, a ideia lhe
veio de uma instintiva
repulsa pela água, visto
que era a terceira vez
que morreria dessa
maneira. IV – Devemos
orar pelos infelizes,
porque a prece de várias
pessoas forma um feixe
que sustenta e fortifica
a alma pela qual é
feita, dando-lhe força e
resignação. V – Aos que
julgam não ter
necessidade de Deus, o
Pai permite sejam
expostos a um fim
terrível, sem esperança
de qualquer ajuda. Então
eles se lembram de que
outrora rezaram e que a
prece dissipa as
tristezas, faz suportar
os sofrimentos com
coragem e suaviza os
últimos momentos do
agonizante. VI – É que a
prece é uma necessidade
da alma e tem para todos
uma imensa utilidade.
(Págs. 44 a 46.)
34. Segundo o Siècle
de dezembro de 1865,
o almirantado inglês
advertiu os capitães de
navios mercantes que se
dirigiam à Oceania para
tomarem todas as
precauções com vistas a
evitar que sua
tripulação fosse vítima
dos antropófagos das
Novas-Hébridas, da baía
de Jervis ou da
Nova-Caledônia, onde
recrudescera a prática
da antropofagia.
(Págs. 46 a 49.)
35. Comentando a
notícia, Kardec explica
por que existem no mundo
antropófagos, que são
pessoas como nós mesmos.
As almas dos que mantêm
esse hábito – diz Kardec
– estão ainda próximas
de sua origem e suas
faculdades intelectuais
e morais são pouco
desenvolvidas; mas elas
progredirão também,
graças às vidas
sucessivas. (Págs. 48
e 49.)
36. O fato de haver
aumentado naquela região
do planeta a prática da
antropofagia explica-se
pela circunstância de
ter, provavelmente,
ocorrido ali uma chegada
em massa de almas
bastante atrasadas, com
vistas ao seu
adiantamento, porque só
reencarnando é que elas
poderão libertar-se
desses e de outros
hábitos cuja erradicação
é sinal inconteste de
progresso. (Pág. 49.)
37. A Revue
informa que, desde a
interessante história
que envolveu o Sr. Bach
e a espineta de Henrique
III, o citado músico
tornou-se médium
escrevente. Outro
curioso episódio
relacionado com aquele
instrumento musical é
relatado, então, por
Kardec, no número de
fevereiro de 1866.
(Págs. 49 a 55.)
38. O próprio Henrique
III, presente à sessão
realizada em janeiro na
Sociedade Espírita de
Paris, de que
participava também o Sr.
Bach, confirmou ser o
autor do pergaminho que
o músico encontrara na
espineta, à esquerda do
teclado, entre duas
tabuinhas. A caligrafia,
comparada com a
utilizada em outros
manuscritos encontrados
na Biblioteca Imperial,
correspondia realmente à
do monarca. (Págs. 51
a 55.)
39. Novos episódios de
pancadas e outras
manifestações físicas
espontâneas agitaram a
casa de um fazendeiro
muito rico, em Équihen,
perto de Boulogne.
Chamados a intervir,
quatro curas, seguidos
depois de cinco
redentoristas e três ou
quatro religiosas foram
até a casa e praticaram
o exorcismo, sem nenhum
resultado. Como a
família desconfiasse de
que os fenômenos
poderiam estar sendo
causados por um irmão do
fazendeiro, morto dois
anos antes na Argélia,
os clérigos
aconselharam-no a partir
para a Argélia à busca
do corpo do irmão,
cumprindo o que lhe
havia sido prometido.
(Págs. 56 e 57.)
(Continua no próximo
número.)