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Crônicas e Artigos
Ano 4 - N° 160 - 30 de Maio de 2010

ROGÉRIO COELHO
rcoelho47@yahoo.com.br
Muriaé, Minas Gerais (Brasil)
 

Estamos no curso da lei!...

"No mundo tereis aflições..." - Jesus (Jo., 16:33.)


Em virtude de nosso apoucamento intelectual e consequente atrofia das potencialidades do Espírito, enquanto encarnados, estaremos com os horizontes do Infinito cobertos por densa névoa, vendo surgir, de todos os lados, as vicissitudes que nos atordoam... Embora amargas, são ocorrências indispensáveis que vão, pouco a pouco, esvurmando a empola má do nosso Espírito.

Há que se considerar os espinhos ferintes como os "instrumentos cirúrgicos" que trazem, como consequência, o bálsamo curador.

Não podemos ter a presunção de compreender a razão de todos os sucessos, sejam eles bons ou maus. Só de uma coisa podemos estar seguros: "Nada se opera no mundo que não obedeça a um princípio sábio e justo".

No capítulo cinco do livro "O Evangelho segundo o Espiritismo", Allan Kardec, junto aos Benfeitores Espirituais, tece largos comentários sobre essas questões, clareando-as e desdobrando-as até as fronteiras do possível à nossa ainda obtusa compreensão.

Conhecendo o proscênio de lutas de Seus tutelados, disse o Cristo[1]: "Bem-aventurados os que choram, pois que serão consolados. Ditosos sois vós que agora chorais, porque rireis".

Explica Kardec: "As vicissitudes da vida derivam de uma causa e, pois que Deus é justo, justa há de ser essa causa”.

Esclarece, ainda, o insuperável Mestre Lionês[2]:

"Os Espíritos não podem aspirar à completa felicidade, enquanto não se tenham tornado puros: qualquer mácula lhes interdita a entrada nos mundos ditosos. São como passageiros de um navio onde há pestosos, aos quais se veda o acesso à cidade a que aportem, até que se hajam expurgado. Mediante as diversas existências corpóreas é que os Espíritos vão se expungindo, pouco a pouco, de suas imperfeições. As provações da Vida os fazem adiantar-se, quando bem suportadas. Como expiações, elas apagam as faltas e purificam. São o remédio que limpa as chagas e cura o doente. Quanto mais grave é o mal, tanto mais enérgico deve ser o remédio. Aquele, pois, que muito sofre, deve reconhecer que muito tinha a espiar e deve regozijar-se à ideia da sua próxima cura. Dele depende, pela resignação, tornar proveitoso o seu sofrimento e não lhe estragar o fruto com as suas impaciências, visto que, do contrário, terá de recomeçar".

Assim, tem plena razão André Fernandes, ao versejar pelos recursos psicográficos do médium fluminense J. Raul Teixeira: “O Cristo clama: Caminha!.../Tem fé por entre os tormentos./ A Reencarnação é bênção/ Que nos confere proventos”.

Portanto, mesmo visitados pela mais angustiante vicissitude que nos prenda sob doloroso guante, jamais olvidemos da fé irrestrita, incondicional, na misericórdia divina que, em hipótese alguma, nos deixa órfãos, vez que em toda e qualquer situação – simplesmente – estamos no curso da Lei!... 


 

[1] - Mateus, 5:5 e Lucas, 6:21.

[2] - KARDEC, Allan. O Evangelho seg. o Espiritismo. 125ª. ed. Rio [de Janeiro]: FEB, 2006, capítulo V, item 10.


 


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