AYLTON GUIDO
COIMBRA PAIVA
paiva.aylton@terra.com.br
Lins, São Paulo
(Brasil)
A serviço da
dimensão
espiritual
O lar da família
Xavier era
marcado pelas
dores da pobreza
e de diferentes
dificuldades,
mas uma delas
merece destaque.
Uma das irmãs de
Francisco
Cândido Xavier
foi acometida de
grave
desequilíbrio
emocional e
inicialmente foi
tratada pelos
recursos
tradicionais da
Medicina. No
entanto, a
melhora era
muito pequena.
Pessoas amigas,
vendo o
sofrimento da
família, acharam
que o problema
poderia ser de
natureza
espiritual e
recomendaram que
se procurasse
esse tipo de
ajuda espiritual.
A família,
profitente de
religião que não
aceitava tais
ideias, relutou
em buscar a
ajuda. Contudo,
quando a dor
bate em nossa
porta, sabemos
que é preciso
atingir o mais
rápido possível
a solução.
Assim,
resolveram
tentar também
esse caminho.
Foram procurar o
casal Carmen e
Hermínio
Perácio.
Ambos tinham bom
conhecimento da
Doutrina
Espírita,
adquirido
através de
estudos das
obras: O Livro
dos Espíritos, O
Evangelho
segundo o
Espiritismo e O
Livro dos
Médiuns. Todos
organizados por
Allan
Kardec.
Algumas
orientações
foram trazidas
por Maria João
de Deus, a mãe
de Chico, que
lhes deu,
também, pela
mediunidade da
senhora Carmen,
detalhes que só
Chico e
familiares
sabiam.
Passado algum
tempo, a irmã de
Chico Xavier
ficou totalmente
curada,
retornando à
normalidade da
sua vida.
Decorrente desse
contato e da
cura da irmã,
Chico começou a
frequentar as
reuniões
espíritas com o
casal Perácio.
Em uma das
reuniões, dona
Carmen, pela
mediunidade da
vidência
espiritual, vê
como se fosse
uma cachoeira de
livros que
desciam sobre a
cabeça de Chico.
Em seguida, a
senhora Carmen,
também médium
psicógrafa, sob
orientação
espiritual, pede
a Chico que
pegue lápis e
papel.
Sem saber o que
estava
acontecendo,
Chico Xavier
escreve, ou
melhor,
psicografa
dezessete
páginas, que vêm
assinadas
simplesmente:
“Amigo
Espiritual”.
Mais uma vez, o
jovenzinho
surpreendia a
todos pela
velocidade que
escrevia e pela
profundidade do
assunto tratado.
De novo, ele
esclarece que
não pensou em
nada daquilo que
estava escrito e
que alguém usara
a sua mão para
escrever.
Como relata o
próprio
Francisco
Xavier, em
agosto do ano
1931, a
contragosto,
pois não
desejava
envolver-se com
nomes tão
respeitáveis da
literatura
luso-brasileira,
começou a
receber uma
série de poesias
com os nomes de
Guerra Junqueiro,
João de Deus,
Castro Alves,
Olavo Bilac,
Cruz e Souza e
de outros
desconhecidos
como: Marta,
A.G., Um
Desconhecido.
Era lançado,
então, em 1932,
pela editora da
Federação
Espírita
Brasileira, o
livro “Parnaso
de Além-Túmulo”,
com poemas
atribuídos a
vários poetas
mortos.
Nessa obra, pela
pena mediúnica,
Castro Alves diz:
“Há mistérios
peregrinos/ No
mistério dos
destinos/ Que
nos mandam
renascer:/ Da
luz do Criador
nascemos,/
Múltiplas vidas
vivemos,/ Para à
mesma luz volver”.
À época, o
impacto desse
livro foi muito
grande. De novo
a polêmica
envolve Chico,
agora com os
intelectuais...
até da Academia
Brasileira de
Letras: é cópia,
é pastiche, é
falsificação, é
verdadeiro...
Chico permanece
sereno.
- Eu apenas
escrevo. Não sou
o autor.
E assim
permaneceria
firme e
tranquilo, até
os momentos
finais do seu
corpo físico,
tendo
psicografado
mais de 400
livros e doado a
renda para as
obras de
assistência,
promoção social
e educação.
Sua tarefa
estava cumprida:
exaltação do
amor e da
imortalidade.