Supremacia da Caridade
Casimiro Cunha
A fé é a força potente
Que desponta na alma
crente,
Elevando-a aos altos
Céus:
Ela é chama abrasadora,
Reluzente, redentora,
Que nos eleva até Deus.
A esperança é flor
virente,
Alva estrela
resplendente,
Que ilumina os corações,
Que conduz as criaturas
As almejadas venturas
Entre célicos clarões.
A caridade é o amor,
É o sol que Nosso Senhor
Fez raiar claro e
fecundo;
Alegrando nesta vida
A existência dolorida
Dos que sofrem neste
mundo!
A fé é um clarão divino,
Refulgente, peregrino,
Que irrompe, trazendo a
luz;
A caridade é a expressão
Da personificação
Do Mestre Amado — Jesus!
A esperança é qual lume,
Ou capitoso perfume
Que nos alenta na dor;
A caridade é uma aurora
Que resplende a toda
hora,
Nada empana o seu
fulgor.
Seja, pois, abençoada
Essa fúlgida alvorada
A raiar eternamente!
Caridade salvadora,
Pura bênção redentora
Do Senhor Onipotente.
Casimiro Cunha nasceu em
Vassouras (RJ) em 14 de
abril de 1880 e
desencarnou em 1914.
Pobre, ao demais
espírita confesso, não
teve maior projeção no
cenáculo literário do
seu tempo, mau grado à
suavidade da sua musa e
inatos talentos
literários. Há, na sua
existência terrena, uma
triste particularidade a
assinalar, qual a de
haver perdido uma vista
aos 14 anos, por
acidente, para de todo
cegar da outra aos 16.
Órfão de pai aos 7 anos,
apenas frequentou
escolas primárias. Era
um espírito jovial e
forte no infortúnio, que
ele sabia aproveitar no
enobrecimento da sua fé.
O poema acima integra o
Parnaso de
Além-Túmulo, obra
psicografada pelo médium
Chico Xavier.