EUGÊNIA PICKINA
eugeniamva@yahoo.com.br
Londrina, Paraná
(Brasil)
Trabalho
expressivo
Muitos voltam
para casa
desanimados e
com a alma
desgastada. E
dificilmente
conseguirão
extrair os
clarões advindos
dos instantes de
repouso, quando
se colocam
visíveis para si
mesmos...
Assim, em vez de
se darem luz, se
guiam em direção
a uma escuridão
sufocante –
aquilo que Blake
chama de
“experiências
escuras e
satânicas”. Como
fazer
diferente?
Na maioria das
vezes estamos
fartos das
máscaras e é
isso que nos
desvitaliza,
pois há mais em
nós para ser
desperto e
desenvolvido.
Nossa carência,
então, diz
respeito a um
segredo, um
segredo que
conta que a
força exterior
precisa emanar
da força
interior para
que resistamos
às alienações
cotidianas, que
nos desviam
daquilo que
nossa alma
reivindica como
expressivo à
nossa
felicidade, e
talvez muito
distante do que
fazemos
diariamente
conosco.
A angústia que
nos aperta pode
ser o cri de
coeur de uma
alma deformada
pelo papel
procrustiano,
porque a
circunscrição a
este enredo nos
faz ignorar que
ser bem-sucedido
pelas normas do
mundo não está
implicado,
necessariamente,
com o fato do
indivíduo
inteiro.
Sem querer,
seguimos os
valores
superficiais
porque, no
geral, não nos
damos a
oportunidade de
estabelecer uma
revisão radical
de nossas vidas
e de nossos
relacionamentos
a fim de escutar
nossas almas,
pois há uma
recusa
(inconsciente)
que nos impede
de admitir que
não somos
felizes apesar
do que
realizamos.
Então, o que nos
falta?
Em primeiro
lugar,
precisamos
admitir que não
sabemos quem
somos ou o que
podemos fazer
para viver bem.
Em segundo
lugar,
necessitamos
superar o medo
que bloqueia
esse
reconhecimento,
o medo de que,
talvez, teremos
que mudar nossas
vidas caso
permitamos que
nossa
infelicidade se
torne
consciente. Ou
seja: apesar de
todas as boas
intenções, nossa
vida pode estar
num rumo errado
e a mudança de
direção é
responsabilidade
nossa.
A nossa cura
principia no dia
em que
conseguimos
começar a ser
sinceros, no dia
em que somos
capazes de
reconhecer o
quanto a vida é
gerida pelo medo
e o quanto é
reduzida em
razão dos papéis
diários que nos
consomem.
Isso não
significa abrir
mão de vivê-los,
mas compreender
que, ao lado
deles, podemos
recuperar o
centro que foi
obscurecido pelo
comando dos
padrões sociais,
pois elas calam
os
(desconhecidos)
dons de nossa
alma e que não
se encaixam nos
estreitos
limites
coletivos.
Podemos ser
felizes?
Sou otimista,
mas sei que isso
está ligado ao
resgate da
jornada das
nossas almas
para bem
administrar a
respiração
vitalizante
(espírito).
E esse resgate
depende, como
primeiro passo,
da retomada das
perguntas
corretas – o
expressivo
trabalho
interior...