PAULO HAYASHI JR.
paulo.hayashi@hotmail.com
Porto Alegre, Rio Grande
do Sul (Brasil)
A
caridade é o pão dos
anjos
É indiscutível a
diferença existente
entre os níveis e
estilos de vida dos
Homens. Há pessoas cujos
padrões, mesmo em país
tupiniquim, são
elevadíssimos, vivendo
do bom e do melhor que o
dinheiro e o cartão de
crédito podem comprar. E
há também aqueles cuja
miséria é sentida, não
apenas pela falta de
água potável, saneamento
básico e educação, mas
nas dificuldades em
viver o tempo atual. Há
analfabetos tecnológicos,
bem como pessoas
excluídas de eventos
públicos, shopping
centers, hipermercados.
Tudo isso pela falta de
preparo, seja em termos
de roupas e vestuários,
seja em termos
psicológicos. Seria como
colocar um peixe fora do
ambiente que está
acostumado. Todavia,
qual é a causa deste
disparate? Por que há
tanto desnível entre os
seres humanos?
Primeiramente não culpo
o sistema capitalista,
pois acredito que ele
seja o modo de produção
mais permeável à subida
e à descida hierárquica
do que outros modos (produção
asiática, escravocrata,
feudalismo, socialismo).
Além de ele ser o que
mais defende a
democracia até agora.
Todavia, ele (o
capitalismo) não é
perfeito, pois o ser
humano não é perfeito.
Se sonhamos com uma
sociedade próxima da
perfeição, precisamos
estudar e refletir, orar
e trabalhar para o
aprimoramento de nós
mesmos por meio da
substituição de velhos
vícios arraigados por
novos hábitos saudáveis
e altruísticos. É a
educação de nossos
hábitos e rotinas que
formará um modo de
produção cada vez mais
perfeito e justo. Não é
por meio do egoísmo que
se melhora uma sociedade,
nem por meio da
hipocrisia. É necessário
partir para a prática.
Daí a importância da
caridade. Não vejo como
ensinar a caridade sem a
prática, uma vez que ela
não permite ficar apenas
no discurso. A caridade
vivenciada é forma
segura de aprimoramento
do ser humano e,
consequentemente, da
sociedade.
Não é pelo poder e pela
sua luta que iremos
mudar a sociedade para
melhor, muito menos o
ser humano. Tal questão
já foi carimbada na
história da humanidade,
seja pela morte de
Sócrates, seja pela
crucificação de Jesus e
de tantos outros
inocentes. É necessário
buscar primeiro a
perfeição interior da
pessoa, pois, senão,
“como atirar a primeira
pedra”?! É o que
diz Amit Goswamy sobre a
revolução quântica que é
a revolução ou reforma
íntima do ser. Todos nós
temos defeitos e
imperfeições, mas somos
plenamente e
perfeitamente
perfectíveis. Cabe a
cada um de nós consertar
o seu próprio telhado.
Desta forma, como bem
disse Paulo de Tarso, “o
que uma pessoa plantar,
é isso mesmo que colherá”.
(Gálatas 6,7.)
A caridade é uma virtude
chave, a chave mestra,
pois ela possibilita
iluminar outras virtudes
e hábitos que podem
mudar o caráter e a
moral, o destino e a
felicidade do ser humano.
Se há diferenças entre
os homens não é por
acaso, pois é o ser
humano quem se faz,
recebendo no presente a
carga de consequências
do uso do livre-arbítrio
no passado, bem como as
lições e oportunidades
de melhora.
Sejamos como bons
semeadores, cujas
sementes de caridade e
altruísmo,
esclarecimento e consolo
sirvam como meios que
possibilitam a melhora
da vida de muitos e
também, de nossa própria
situação futura. A
caridade é o pão dos
anjos, o Panis
Angelicus. Assim,
nada mais justo, nada
mais lógico do que
matarmos a nossa fome de
perfeição com a caridade.