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Joias da poesia contemporânea
Ano 4 - N° 165 - 4 de Julho de 2010
 

 

Na jaula da carne

Galdino Pereira de Castro

 

Fora em prisca existência o gênio da batalha,

Era o saque, o terror e a morte em casa alheia...

Agora, reencarnado, em vão ruge, guerreia,

Ataca, deblatera, apedreja, retalha.

 

Obsesso infeliz, estrídulo gargalha;

De outras vezes, a sós, anárquico, pranteia.

Traz o cérebro em chama – incendida cadeia -,

A ocultar-se na sombra e a surgir sobre a palha.

 

“Louco!” – proclama a terra. Ele blasfema e chora,

Contempla, estarrecido, as vítimas de outrora,

Réu da própria consciência em hórrida clausura...

 

Guarda a soma integral das culpas de outras vidas,

Mas, no hospício do mundo, em convulsões doridas,

Ele é tido por monstro em longa noite escura.

 

 

Galdino de Castro nasceu em Salvador, Bahia, em 18 de abril de 1882 e faleceu em S. Paulo, em 23 de agosto de 1939. Destacado poeta do grupo da Nova Cruzada e jornalista precoce, formou-se em Medicina e, depois de desistir do curso jurídico, foi clínico e político. Colaborou em vários periódicos da Bahia, fundando alguns até mesmo nos tempos colegiais. Dedicou-se ao magistério anos antes de transferir-se para S. Paulo, depois de abandonar a literatura. O soneto acima faz parte do livro Antologia dos Imortais, obra psicografada pelos médiuns Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira.


 


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 Revista Semanal de Divulgação Espírita