JOSÉ SOLA
jose_sola@terra.com.br
São Paulo, SP (Brasil)
Existem
almas gêmeas?
Alguns confrades
encontram uma
dificuldade imensa, em
aceitar a existência das
almas gêmeas. Esta
dificuldade acontece,
pelo fato de
nos demorarmos ainda
presos à letra, então,
fica realmente difícil
entender esta
possibilidade.
Almas gêmeas não são
como corpos gêmeos, pois
os gêmeos vitelinos são
uma clonagem natural, é
a duplicação de uma
única célula, formando
dois corpos, tampouco
são corpos gêmeos,
resultantes da
fecundação de dois
óvulos.
A expressão alma gêmea é
uma metáfora, pois não
aconteceu uma clonagem,
nos primórdios de nossa
criação, quando
concebidos por Deus como
seres inteligentes; não
se fez a duplicação da
substância, ou centelha
divina, que é o plasma
do Criador, tampouco
houve dois
espermatozóides masculinos,
fecundando dois óvulos
femininos, nas
origens da criação;
somos centelhas divinas
de Deus, cada Espírito
guarda sua
individualidade
inviolável.
A expressão “alma gêmea”
caracteriza uma
afinidade específica
entre dois seres, um
complementa o outro,
guardando, entretanto,
sua individualidade, e
vivendo mesmo
uma evolução
diferente, a maior parte
das vezes, basta
lembrarmo-nos de
Emmanuel e Carlos
Klenaghan, pois Lívia e
Alcíone são de uma
evolução muito maior que
as deles.
Fossem um Espírito único
desmembrado, e na
simbiose em que se
demoram, vivendo um para
o outro com infinito
amor, aconteceria
automaticamente a
transferência de
sentimentos, de
vibrações, equalizando a
vida de ambos, pois como
entender uma postura em
que amamos infinitamente
alguém e podemos
transferir nossa
felicidade ao outro, e
não o fazemos?
Não podemos afirmar que
o parceiro mais evoluído
é mais velho
espiritualmente, e,
vice-versa, tampouco
podemos afirmar que
fomos concebidos no
mesmo momento, pois em
nossa caminhada
evolutiva temos o
livre-arbítrio, que nos
outorga o direito de
caminhar com segurança
em nossa evolução, ou
retardar nosso
progresso, na ascensão
que nos está reservada
na eternidade; seria
infantilidade de nossa
parte pretender afirmar
algo a esse respeito.
Tampouco podemos
assegurar seja esta
afinidade infinita,
exclusivamente, a
resultante da vivencia
entre dois seres através
das reencarnações
percorridas em comum,
pois, na caminhada
evolutiva, reencarnamos
em parceria matrimonial,
junto com outros
Espíritos, o que nos
leva a questionar: qual
o motivo que nos levou a
fazer esta seletividade
tão especifica?
Como não acreditamos na
casualidade, pois cremos
que tudo na vida obedece
a um determino de Deus,
somos levados a crer,
tragamos em nossas almas
uma magia especifica,
tão especifica como os
hormônios segregados
pela hipófise, que
embora percorra o
sistema sanguíneo, que
banha e alimenta todas
as glândulas do sistema
endócrino, vai
sensibilizar
especificamente aquela
para a qual foi
segregado.
Alguns confrades me
questionarão, mas não
temos o
livre-arbítrio? Não
seria isto uma
fatalidade impositiva da
parte do Criador?
Temos o livre-arbítrio
sim, tanto é que, mesmo
existindo esta magia,
nos demoramos por um
período vasto de tempo,
preferindo as paixões
torpes, escolhendo a
poligamia, embora
convivamos em muitas
oportunidades com aquele
ou aquela, para quem
estejamos designados.
Comumente temos a
percepção de nos
pertencermos, nos
alvores de nosso
despertar para a
realidade da vida, e
quase sempre é o
aguilhão sagrado da dor
que rompe o véu da
matéria, e nos acorda
para essa realidade
divina.
Lembramos, ainda, que
não nos pertencemos como
um objeto de que nos
apossamos, pois temos
nosso livre-arbítrio,
nossa individualidade;
nos pertencemos por
doação, pois,
amando-nos, nos doamos
um ao outro. Entretanto,
nossa personalidade,
nossos anseios e
atitudes são
individuais, não se
identificam; em outras
palavras, nossas almas
gêmeas não estão
subjugadas à nossa
vontade, não são
reprodução espelho de
nossas vidas, nós as
compreendemos em sua
individualidade, em seu
modo de ser, e
vice-versa.
Com certeza ainda haverá
aqueles que dirão, mas
esse determinismo é uma
fatalidade, sim, é, mas
a evolução do ser a
caminho da luz e da
felicidade é uma
fatalidade, entretanto,
esta fatalidade absorve
o livre-arbítrio,
permitindo-lhe se
manifeste, pois o
próprio livre-arbítrio,
vivido da parte dos
Espíritos, na escolha
dos caminhos mais
variados e diversos, os
conduz para a
perfeição.
Se acreditássemos que a
escolha de nossa alma
gêmea fosse a resultante
única das experiências
por nós vividas, através
das reencarnações
diversas por que
passamos, convivendo com
diversos parceiros do
sexo oposto, estaríamos
aceitando a casualidade,
e teremos ainda que
admitir que a diferença
existente entre a alma
gêmea de nossas vidas,
das demais, não seria
tão intensa como o é;
qual é o motivo deste
algo mais que
encontramos na alma
eleita?
Alguns confrades não
conseguem aceitar a
possibilidade das almas
gêmeas, outros a
aceitam, mas de maneira
equivocada, pois
acreditam que as almas
gêmeas são raras, sem se
aperceberem que com esta
crença aceitam a teoria
da casualidade, pois,
sendo um determinismo de
Deus na vida, não pode
acontecer de maneira
esporádica, assim fosse
e Deus seria parcial,
teria privilegiados. Por
que uns teriam esta
bênção e outros não?
Sem duvida alguma,
alguém me dirá: mas os
que não tiverem o amor
de uma alma gêmea terão
o amor de amigos, de
pais, de uma mãe, e,
pelo que apreendemos, o
amor de mãe é o amor
maior da vida.
Realmente todos nós
temos amores outros
diversos, e
especialmente o amor de
mãe que, sem duvida
alguma, é maravilhoso,
mas não podemos nos
esquecer de que
quem acordou para a
sensibilidade de ter uma
alma gêmea também tem um
amor de mãe; quem não
tivesse sua alma
gêmea estaria ainda em
desvantagem.
Todos têm uma alma
gêmea, pois se alma
gêmea fosse privilégio
de alguns, a Lei Divina
se veria comprometida,
não seria equitativa;
por que um feliz para
sempre para uns e não
para outros?
O que é realmente
difícil é a concepção de
que somos alma gêmea de
alguém, pois essa
percepção a vivemos
depois de
havermos dominado os
sentidos mais
animalizados, depois de
havermos superado as
paixões torpes, ou seja,
a paixão pela carne,
pois Emmanuel e Carlos
Klenaghan, quando
encarnados junto a suas
almas gêmeas, não
tiveram a sensibilidade
de se aperceberem estar
diante das deusas de
suas vidas; as queriam,
as desejavam, sim, mas
não viviam ainda a
percepção daquele algo
mais, daquela magia
divina, que somente
depois de haverem
passado pelo crisol da
dor é que estariam se
apercebendo.
Alguns confrades
distraídos afirmam que
Emmanuel se equivocou
quando apresentou a
teoria das almas gêmeas,
mas é preciso tomar
muito cuidado ao fazer
esta afirmativa, pois o
mentor de Chico Xavier
foi junto ao médium o
dirigente de um
movimento que
revolucionaria o
conceito espírita no
Brasil.
Perguntamos: Emmanuel
estava sozinho à frente
desse movimento?
Pelo que temos visto
através de informações
que nos foram passadas
por Humberto de Campos,
em seu livro "Brasil
Coração do Mundo e
Pátria do Evangelho", o
Anjo Ismael está na
direção de nossa pátria,
e sendo o Espiritismo o
Consolador prometido por
Jesus, ele e o próprio
Kardec, sob os
auspícios do Mestre
divino, sem dúvida
alguma, deram apoio a
Emmanuel no trabalho de
difusão do Espiritismo
no Brasil, pois, apesar
da superioridade de
Emmanuel, não dá para
acreditar fosse Ele o
único responsável pelo
trabalho maravilhoso que
desenvolveu junto com
seu médium, trabalho
este que divulgou o
Espiritismo, no Brasil e
no mundo.
Antes de Emmanuel, o
vocábulo alma gêmea era
tido como uma ficção;
era apenas poesia de que
bem poucos poetas se
utilizavam. Emmanuel
demonstrou esta
possibilidade,
enfatizando mesmo a
questão das almas
gêmeas, pois, em seu
livro "Há Dois mil
Anos", ele não fez uma
alocução rápida da
questão, apresentou a
novidade, detalhou mesmo
esta possibilidade, e eu
pergunto: Apaixonado
como deixou claro ser,
Emmanuel antes de
escrever este livro
nunca comentou com
Flamínio, com outros
amigos seus na caminhada
gloriosa que vinha
fazendo? E mais, o
próprio Anjo Ismael não
se apercebeu jamais
dessa paixão divina que
foi sempre tão
transparente?
A lógica nos diz que
sim, e uma lógica ainda
maior nos leva a pensar:
havendo Emmanuel
escrito o livro "Há Dois
Mil Anos" e havendo-se
enganado, como o
pretendem alguns
confrades, não foi
alertado por nenhum de
seus amigos da
espiritualidade. Eles se
aperceberam do engano,
mas usaram esta postura;
viram que ele se
enganou, mas deixaram
quieto. Ora, essa
atitude é coisa de
Espíritos ainda
imperfeitos, da mesma
forma que nos demoramos
quando notamos o engano
de um amigo e lhe
passamos a mão na
cabeça, para
acariciar-lhe o ego, sem
alertá-lo, acreditando
que estamos sendo
grandes amigos.
O mais interessante é
que cientes de haver
Emmanuel escrito este
livro, apresentando esta
possibilidade, ficaram
quietos e o deixaram
escrever ainda mais
dois, "50 Anos depois, e
Renúncia", sendo que
nestes dois volumes
Emmanuel continua
enfatizando a teoria da
alma gêmea; não nos
esquecendo ainda que em
o livro "O Consolador",
ele volta a afirmar esta
teoria.
Em momento algum
Emmanuel se referiu à
alma gêmea afirmando ser
um Espírito duplicado,
vivendo as mesmas
vontades, a mesma
evolução. Ele nos
apresenta as almas
gêmeas como Espíritos
afins, ligados um ao
outro por fortes
afinidades, simpatias,
no entanto, ele mesmo
nos informa da diferença
de evolução, e de
costumes mesmo, em nossa
caminhada ascensional; a
malvada letra é que nos
atrapalha.
Mas as almas gêmeas, ou
almas afins, como o
queiramos, existem. São
almas que nos
complementam, nos
completam, o amor que
nos envolve é muito mais
que uma mera paixão em
que o desejo se
manifesta desvairado,
levando-nos aos crimes
mais torpes que possamos
imaginar, e, muitas
vezes, a infidelidade
para com o cônjuge, com
quem estejamos vivendo;
pois encontramos muitas
vezes nas casas
espíritas, confrades e
confreiras que vivem
relacionamentos
infelizes, alegando
haver encontrado sua
alma gêmea, o que não é
verdade, encontraram,
sim, Espíritos que se
demoram ainda envoltos
pelas paixões, como eles
próprios, ignorantes do
sentido do verdadeiro
amor, mergulhando nas
malhas de entidades
trevosas, e, se
houvessem realmente
encontrado sua alma
gêmea, com esta atitude
estariam se afastando da
mesma, por muitos
séculos futuros.
O amor que sentimos por
nossa alma gêmea é
aquele amor que vai ao
sacrifício, é amor que
renuncia a tudo, até
mesmo a própria vida,
para que o amor de nossa
eternidade seja feliz;
este amor supera a
paixão convencional,
paixão esta que se
satisfaz unicamente com
o relacionamento físico,
ao passo que o amor que
sentimos por nossa alma
gêmea é um amor sublime
que está muito além da
atração física, e quem
tenha este amor sabe
esperar o momento divino
de estarem juntos,
permutando a essência do
amor divino.
Então, vou terminando
este texto, com a
certeza de que cada
príncipe encontrará sua
princesa encantada, e
vice-versa, no castelo
de seus ideais divinos,
e encontrará, na (o)
mesma (o), o presente
maior do criador da
vida. E então não haverá
outra beleza que encante
nossos olhos, igual à
beleza desse ser
maravilhoso, e direi
mesmo ser esta alma
gêmea de nossa alma o
motivo maior para que
apreciemos a beleza que
se manifesta na
natureza, pois, junto a
este ser divino, a vida
se envolve de novo
encanto.
Emmanuel, amigo querido,
sou infinitamente
agradecido, pois eu
acreditava, quando
criança, na magia dos
“Felizes para Sempre",
entretanto, as ilusões
da vida terrena me
haviam apagado este
lindo sonho que você
veio não reativar, mas
mostrar-me uma
realidade.