PAULO HAYASHI JR.
paulo.hayashi@hotmail.com
Porto Alegre, Rio Grande
do Sul (Brasil)
A
justiça divina e o
amor crístico
A vida é cheia de pontos
difíceis de avaliação
sobre certos ou errados,
justiças ou injustiças,
vantagens e desvantagens
e muitas vezes as
situações nos levam a
lições duras, mas
preciosas em
ensinamentos de vida e
de apreciação da
complexidade e, ao mesmo
tempo, da beleza e
sapiência do Universo.
Creio que o caso mais
exemplar, dentre a
história da Humanidade,
é a lição do madeiro, e
sua sonoridade continua
a retumbar não apenas
pela sua intensidade e
violência, mas pela
capacidade de servir
como guia para os homens
ainda tão carentes de
respeito próprio e
consciência sobre seu
valor e papel. Assim,
relembremos um pouco da
questão da justiça do
Universo e o amor crístico.
Para Paulo de Tarso a
justiça pode ser
percebida neste trecho
de Romanos (2, 6): “o
justo juízo de Deus que
retribuirá a cada um
segundo as suas obras”.
Ou ainda, “o que o homem
tiver semeado, é isso
que vai colher” (Gálatas
6, 7). Nada mais justo
do que ser responsável
pelas próprias ações e
consequências e de ser
punido ou recompensado
por isso. Caso
contrário, seríamos como
crianças que aspiram à
liberdade sem querer
assumir as consequências
do uso inadequado ou
imprudente dela. Não
teríamos amadurecimentos
assim.
Todavia, lendo as
passagens de Cristo na
bíblia, percebe-se que
os ensinamentos dele
ultrapassam a relação
causa-efeito,
fogo-fumaça,
semeadura-colheita, ação
e reação. Ele não veio
punir os culpados,
exigir retratação dos
pecadores, endurecer
para os ímpios, vingar
os injustiçados. Ele não
veio cobrar em prol da
férrea balança cármica,
mas ajudar, apesar das
causas, curando os
doentes, perdoando os
que erraram, consolando
os caídos, esclarecendo
os duvidosos. Ou seja, o
amor crístico busca o
estímulo para a
superação das fraquezas
e impurezas, servindo
como verdadeiro
catalisador dos homens,
pois é necessário
vivência e
transformação, estudo e
trabalho para seguir seu
caminho. Não há loteria
espiritual, nem a
invalidação da lei da
causa e efeito. Pelo
contrário, é crescimento
do Homem por meio dela.
É a aprendizagem, mesmo
que haja tombos e
quedas, pois “a nossa
maior glória não reside
no fato de nunca
cairmos, mas sim em
levantarmo-nos sempre
depois de cada queda” –
Confúcio.
É preciso perceber que,
se houve semeaduras
ruins no passado, a
colheita de dor não é
eterna. Tal como aluno
que falha na lição e
recebe as consequências
indesejadas, o mestre
não se esquece de
perdoar e oferecer novas
oportunidades de
aprendizagem e
crescimento interno. A
vida é uma grande
escola.
Por isso, o amor
crístico é um caminho de
afirmação da
imortalidade do Homem,
apesar da mortalidade na
carne. Um caminho de
afirmação do Reino
espiritual, apesar dos
apegos e caprichos das
paixões e desejos
materiais. Um caminho de
afirmação da
perfectibilidade humana,
apesar dos erros e
imperfeições existentes.
Um caminho de afirmação
da bondade e justiça do
Pai, apesar dos tombos
dos homens.