– Por vezes existe a
“febre” das obras
assistenciais entre os
portugueses. Espiritismo
é isso, ou é educar,
libertar consciências,
auxiliando-as, é claro?
Raul Teixeira:
A chamada febre de
construir ou criar as
obras de assistência,
materialmente falando,
não caracteriza
propriamente uma postura
espírita, mas o
interesse de muitas
pessoas. O trabalho
espírita por excelência
é aquele da
reconstituição das
almas, de levantar os
indivíduos caídos nas
estradas morais do
mundo. Mas muitas vezes
esses indivíduos caídos
existem entre aqueles
que sofrem necessidades
variadas e de diverso
porte, a nível
material... Aqui, em
Portugal, quando não
existam essas
necessidades,
tipicamente materiais,
todos os esforços
deverão voltar-se para
as necessidades morais,
para os problemas de
ordem ética... Quando um
centro espírita não
dispõe de uma obra
material, um lar de
crianças, de idosos, uma
creche, um hospital,
isso não diminui o seu
mérito diante da obra da
educação e de
esclarecimento das almas
que esteja a realizar.
Até porque o movimento
espírita deve
expandir-se calcando
sempre nessa necessidade
que a doutrina tem de
chegar aos corações, de
fazer com que as pessoas
libertem-se da
ignorância... Não
perderemos de vista, no
entanto, a importância
do socorro material
àquelas pessoas que
estejam nessa faixa de
necessidade... mas com
certeza de que não cabe
ao trabalhador espírita,
à Instituição Espírita
manter um quadro de
criaturas miseráveis
improdutivas em nome do
seu esforço de caridade.
O trabalho assistencial
espírita visa promover a
criatura. O objetivo do
Espiritismo é fazer o
homem crescer, fazer o
homem levantar-se,
alcançando os objetivos
da sua reencarnação.
Entrevista concedida em
30/10/1993 publicada
pela revista
Fraternidade, de
Portugal, em
fevereiro/1994.