O lenço de Deus
Um dos termômetros de
aferição dos valores de
uma sociedade é a
gratidão que ela
demonstra pelas pessoas
que deram marcante
contribuição ao seu
progresso. Quanto maior
a gratidão e a lembrança
dos homens e mulheres
que deixaram marcas
indeléveis nos mais
diversos campos do
conhecimento humano,
mais fadada ao sucesso
será essa sociedade.
Figuras como Irmã Dulce,
Josué de Castro, Carlos
Chagas e tantos outros
arquitetos da evolução
social devem ser
constantemente
lembrados, ou, melhor
dizendo, estudados. São
interessantes os
desdobramentos dessa
gratidão, porque assim
será constituída uma
sociedade que não
despreza os seus
construtores, sejam
famosos ou anônimos,
intelectuais ou
criaturas simples, no
entanto, de singular
coração.
E dentro desse rol de
figuras humanas
admiráveis e abnegadas
servidoras de nosso país
está, sem dúvida,
Francisco Cândido
Xavier, o notável Chico
Xavier, considerado o
mineiro do século.
Se estivesse encarnado,
Chico completaria em 2
de abril deste ano 100
primaveras de existência
física.
Mineiro de nascimento,
Chico Xavier tornou-se
cidadão do mundo porque
foi adotado pelas
milhares de pessoas
beneficiadas por seus
exemplos de
desprendimento e amor.
Seu nome possuía uma
credibilidade fantástica
conquistada, diga-se de
passagem, pelas suas
atitudes autenticamente
cristãs, por isso
extrapolou as barreiras
da religião e ganhou
admiradores nos
profitentes dos mais
diversos credos.
No entanto, para
divulgar a vida do
mineiro do século é
preciso andar com muito
cuidado para não limitar
a obra de Chico Xavier.
Imperioso admitir a
impossibilidade de
retratar sua história
riquíssima em singelo
texto. Obras e obras
foram escritas e filmes
produzidos sobre sua
jornada no mundo e,
indubitavelmente,
nenhuma delas conseguiu
esgotar o assunto Chico
Xavier, tamanha a
magnitude de suas
lições.
E, diante da
multiplicidade de
adjetivos e mensagens
deixadas pelo médium
mineiro, vale a pena
destacar o Chico cidadão
e o cristão. Apenas duas
facetas das inúmeras que
possui esse homem
notável.
O Chico cidadão foi
aquele que ao longo da
existência demonstrou a
importância de acreditar
no Brasil e não perder a
fé no ser humano. O
Chico cidadão visitou
presídios, famílias em
dificuldade financeira,
multiplicou o Bem,
restituiu esperança e
distribuiu o progresso
material e espiritual.
O Chico cristão soube
respeitar as diferenças,
amar os críticos e
seguir fielmente as
lições evangélicas no
que concerne ao “Dai de
graça o que de graça
recebestes”. Psicografou
mais de 400 livros e
doou todos os direitos
autorais. Poderia ser
milionário, mas
eticamente não se
apoderou de um
patrimônio, o qual,
segundo ele mesmo, era
obra dos Espíritos.
Chico, ah, o fiel e
consciente intermediário
das inteligências
invisíveis foi, também,
o lenço de Deus a
enxugar as grossas
lágrimas de familiares e
mães desesperadas pela
partida de seus afetos.
Dessas mensagens de
alento aos desvairados
corações surgiram livros
que refletem com
fidelidade a continuação
da vida. São inúmeros,
mas destacamos: Somos
Seis e Estamos Vivos.
Apenas uma pálida
lembrança do Chico
cristão, do ser humano
que viveu intensamente o
Evangelho.
Nesses 100 anos de luz,
seu legado acaricia não
apenas o Brasil, mas o
mundo todo, mostrando a
possibilidade e
importância de reviver a
chama do amor ensinada
por Jesus há dois mil
anos. Relembrar Chico
não é importante, mas,
sim, fundamental para
que sua memória e seus
exemplos de cidadania
contagiem a todos.