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Crônicas e Artigos
Ano 4 - N° 168 - 25 de Julho de 2010

WELLINGTON BALBO
wellington_balbo@hotmail.com
Bauru, São Paulo (Brasil)


O lenço de Deus

 

Um dos termômetros de aferição dos valores de uma sociedade é a gratidão que ela demonstra pelas pessoas que deram marcante contribuição ao seu progresso. Quanto maior a gratidão e a lembrança dos homens e mulheres que deixaram marcas indeléveis nos mais diversos campos do conhecimento humano, mais fadada ao sucesso será essa sociedade. Figuras como Irmã Dulce, Josué de Castro, Carlos Chagas e tantos outros arquitetos da evolução social devem ser constantemente lembrados, ou, melhor dizendo, estudados. São interessantes os desdobramentos dessa gratidão, porque assim será constituída uma sociedade que não despreza os seus construtores, sejam famosos ou anônimos, intelectuais ou criaturas simples, no entanto, de singular coração.

E dentro desse rol de figuras humanas admiráveis e abnegadas servidoras de nosso país está, sem dúvida, Francisco Cândido Xavier, o notável Chico Xavier, considerado o mineiro do século.

Se estivesse encarnado, Chico completaria em 2 de abril deste ano 100 primaveras de existência física.

Mineiro de nascimento, Chico Xavier tornou-se cidadão do mundo porque foi adotado pelas milhares de pessoas beneficiadas por seus exemplos de desprendimento e amor. Seu nome possuía uma credibilidade fantástica conquistada, diga-se de passagem, pelas suas atitudes autenticamente cristãs, por isso extrapolou as barreiras da religião e ganhou admiradores nos profitentes dos mais diversos credos.

No entanto, para divulgar a vida do mineiro do século é preciso andar com muito cuidado para não limitar a obra de Chico Xavier. Imperioso admitir a impossibilidade de retratar sua história riquíssima em singelo texto. Obras e obras foram escritas e filmes produzidos sobre sua jornada no mundo e, indubitavelmente, nenhuma delas conseguiu esgotar o assunto Chico Xavier, tamanha a magnitude de suas lições.

E, diante da multiplicidade de adjetivos e mensagens deixadas pelo médium mineiro, vale a pena destacar o Chico cidadão e o cristão. Apenas duas facetas das inúmeras que possui esse homem notável.

O Chico cidadão foi aquele que ao longo da existência demonstrou a importância de acreditar no Brasil e não perder a fé no ser humano. O Chico cidadão visitou presídios, famílias em dificuldade financeira, multiplicou o Bem, restituiu esperança e distribuiu o progresso material e espiritual.

O Chico cristão soube respeitar as diferenças, amar os críticos e seguir fielmente as lições evangélicas no que concerne ao “Dai de graça o que de graça recebestes”. Psicografou mais de 400 livros e doou todos os direitos autorais. Poderia ser milionário, mas eticamente não se apoderou de um patrimônio, o qual, segundo ele mesmo, era obra dos Espíritos. Chico, ah, o fiel e consciente intermediário das inteligências invisíveis foi, também, o lenço de Deus a enxugar as grossas lágrimas de familiares e mães desesperadas pela partida de seus afetos. Dessas mensagens de alento aos desvairados corações surgiram livros que refletem com fidelidade a continuação da vida. São inúmeros, mas destacamos: Somos Seis e Estamos Vivos. Apenas uma pálida lembrança do Chico cristão, do ser humano que viveu intensamente o Evangelho.

Nesses 100 anos de luz, seu legado acaricia não apenas o Brasil, mas o mundo todo, mostrando a possibilidade e importância de reviver a chama do amor ensinada por Jesus há dois mil anos. Relembrar Chico não é importante, mas, sim, fundamental para que sua memória e seus exemplos de cidadania contagiem a todos.


 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita