Fome e ignorância
Atentos ao impositivo do estudo, a fim de que a luz do entendimento nos ensine a caminhar com segurança e a viver proveitosamente, estabeleçamos alguns confrontos entre a fome e a ignorância — dois dos grandes flagelos da Humanidade.
A fome ameniza o corpo. A ignorância obscurece a alma.
A fome atormenta. A ignorância anestesia.
A fome protesta. A ignorância ilude.
A fome cria aflições imediatas. A ignorância cria calamidades remotas.
A fome é crise gritante. A ignorância é problema enquistado.
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Em todos os lugares, vemos o faminto e o ignorante em atitudes diversas.
O faminto trabalha afanosamente na conquista do pão. O ignorante é indiferente à posse da luz.
O faminto reconhece a própria carência. O ignorante não se define.
O faminto aparece. O ignorante oculta-se.
O faminto anuncia a própria necessidade. O ignorante engana a si mesmo.
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Qualquer pessoa pode atender à fome. Raras criaturas, porém, conseguem socorrer a ignorância.
Para sanar a fome, basta estender pão. Para extinguir a ignorância, é indispensável fazer luz.
Nesse sentido, mentalizemos o Provedor Divino.
Todos sabemos que o pão entregue pelos discípulos a Jesus, a fim de ser multiplicado em favor dos famintos, é, aproximadamente, o mesmo de hoje que podemos amassar com facilidade; mas a luz entregue pelo Senhor aos discípulos, para ser multiplicada em favor dos ignorantes, exige perseverança incansável, no serviço do bem aos outros, com espírito de amor puro e sacrifício integral.
Valendo-nos, pois, da conceituação que a fome e a ignorância nos sugerem, concluímos que, na Doutrina Espírita, não nos bastam aqueles amigos que nos mostrem médiuns e fenômenos, para dissipar-nos a inquietação da fome de ver, mas, acima de tudo, precisamos dos companheiros valorosos, com atitude e exemplo, que nos arranquem ao comodismo da ignorância, para ajudar-nos a discernir.
Do cap. 11 do livro Seara dos Médiuns, de Emmanuel, obra psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier.
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