Fábio Klester
Rodrigues
Oliveira:
“Ainda há muito
por fazer”
O confrade
baiano fala
sobre as
dificuldades
enfrentadas
pelas casas
espíritas de
Alagoinhas,
cidade
localizada
no
interior da
Bahia
|
Alagoinhas, no
interior baiano,
com 13
instituições
espíritas, é
apresentada por
nosso
entrevistado,
Fábio Klester
Rodrigues
Oliveira (foto),
nascido na
cidade,
professor de
História e
espírita desde
1992.
Vinculado ao NEPOL – Núcleo
Espírita Ponto
de Luz, que
coordena ao lado
da esposa
Cacilda, vive
interessante
experiência de
divulgação
espírita no
Shopping Center
da cidade, que
merece ser
conhecida.
O Consolador:
Situe Alagoinhas
para o leitor,
citando
economia,
população,
localização
geográfica.
|
Alagoinhas
localiza-se a
leste no litoral
norte da Bahia,
a 108 km de
Salvador. Sua
economia gira em
torno de
comércio,
serviços,
indústria e
agropecuária.
Sua população é
de 138 mil
habitantes. |
O Consolador:
Quais as
principais
atividades de
divulgação do
Espiritismo
promovidas pelos
13 centros
espíritas da
cidade?
O principal
evento de
divulgação
espírita em
Alagoinhas é a
Semana Espírita,
que ocorre
anualmente em
novembro.
O Consolador: O
Núcleo Espírita
Ponto de Luz já
iniciou suas
atividades?
Informalmente,
sim. O NEPOL –
Núcleo Espírita
Ponto de Luz
iniciou suas
atividades em
2008 em uma
pequena sala em
nossa casa.
Começamos com o
ESDE, com um
grupo de 7
pessoas nas
terças, o estudo
de O Livro
dos Espíritos
nas quartas e o
estudo de O
Livro dos
Médiuns e
O Evangelho
segundo o
Espiritismo
aos domingos. No
momento,
contudo, O ESDE
está suspenso.
O Consolador:
Por que o ESDE
foi suspenso?
Estamos nos
estruturando
melhor
fisicamente para
atendermos mais
pessoas do
bairro e da
região vizinha.
Para tanto,
teremos 3 salas
que estão quase
prontas, onde
funcionarão o
serviço
mediúnico, a
meditação com
fluidoterapia e
o ESDE, dentre
outros estudos
doutrinários.
Teremos ainda
uma livraria,
uma pequena
biblioteca para
consulta e
empréstimo de
livros e um
local pra
atendimento
fraterno e
orientação
espiritual.
Pretendemos
concluir tudo
até o fim do
ano.
O Consolador:
Como surgiu a
ideia de
divulgação do
livro espírita
no Shopping?
Da necessidade
de arrecadarmos
fundos para o
NEPOL. Tivemos a
ajuda de uma
família amiga da
cidade, os
Mendes, que nos
doou material de
construção e
também
conseguimos um
empréstimo
pessoal num
banco, mas não
foi suficiente.
Então
aproveitamos a
boa vontade da
senhora Célia,
administradora e
irmã dos donos
do Laguna
Shopping, que
nos cedeu um
espaço para
vendermos livros
e revistas
espíritas ali. O
problema é que
não tínhamos nem
os livros nem as
revistas.
O Consolador: E
como vocês
conseguiram os
livros e as
revistas?
Cacilda, minha
esposa, teve a
ideia de entrar
em contato com a
Editora Lachâtre
e uma vendedora
amiga nossa de
lá, a Silvia,
nos falou de uma
promoção: se
comprássemos a
partir de R$
200,00 de
livros, teríamos
500 revistas
espíritas
grátis. Então,
com muito
esforço
compramos R$
400,00 de livros
e conseguimos
1.500 revistas,
36 edições. 500
foram cortesia
da editora.
Assim, em abril
começamos a
divulgação da
literatura
espírita no
Shopping
Center.
O Consolador:
Qual tem sido a
reação do
público?
A melhor
possível, pois
há apenas dois
centros
espíritas na
cidade com
livraria e só
funcionam à
noite ou em
determinados
horários em que
o centro está
aberto, ou ainda
temporariamente
em algum ponto
da cidade ou
evento. A banca
de livros
espíritas do
NEPOL fica no
Shopping Center
em horário
comercial e é
mais uma opção
para o público,
não só de
Alagoinhas, mas
também das
cidades
circunvizinhas
que utilizam os
serviços do
Shopping, as
quais têm acesso
à literatura
espírita.
O Consolador:
Vocês possuem
livros de uma
única editora ou
há livros de
outras editoras
espíritas? As
obras básicas,
por exemplo, são
vendidas na
banca?
Com o lucro das
vendas foi
possível retomar
as obras do
NEPOL e ainda
reinvestir parte
do dinheiro na
compra de mais
livros,
incluindo as
obras básicas e
livros de outras
editoras que não
tínhamos.
Recebemos ainda
a doação de 90
livros, todos
novos e com
variados
títulos, do Sr.
Egídio, um amigo
nosso. Há uma
outra doação de
livros de São
Paulo, que
estamos para
receber, fruto
da generosidade
de amigos
espíritas de
lá.
O Consolador: A
cidade realiza
feira do livro
ou algum
programa de
rádio para
divulgação da
Doutrina?
Infelizmente,
não há nada
disso em
Alagoinhas.
Apesar de ser
uma cidade de
médio porte,
próxima a uma
capital, e ter
tido médiuns
como o Saturnino
Favila, que
tratou em 1914
de Manoel
Philomeno de
Miranda de grave
enfermidade
obsessiva
convertendo-o ao
Espiritismo; e
de ter tido Mãe
Helena (1),
médium espírita
de efeito
físico, que teve
obra social
conhecida na
cidade, não há,
atualmente, em
Alagoinhas
sequer um
jornalzinho
espírita para a
divulgação da
Doutrina.
O Consolador:
Existe
integração entre
as casas
espíritas?
A principal
dificuldade é
justamente essa
falta de união e
integração entre
as casas
espíritas. A
FEEB, através do
Conselho
Regional
Espírita local,
tenta alguma
forma de
integração entre
as casas,
através de
caravanas que
visitam
anualmente, nos
meses de março a
maio, os centros
de Alagoinhas e
região, a fim de
unir o movimento
espírita, mas
essa ação,
embora louvável,
não tem sido
suficiente. Há
também hoje a
falta de equipes
nas casas para
se tratarem nos
moldes espíritas
os casos
urgentes e
graves de
obsessão
espiritual.
Muitos procuram
as casas e saem
sem atendimento
adequado, indo
tratar-se em
Salvador ou em
outras cidades
ou estados ou
mesmo em outros
segmentos
religiosos. Por
fim, observo a
dificuldade
crônica de parte
das casas em
captar recursos,
tanto humanos
como materiais,
para continuar
promovendo o
atendimento
espírita à
população local.
O Consolador: Há
alguma
influência das
cidades vizinhas
no movimento
espírita local?
Observo
influência de
Salvador no
movimento
espírita local,
na medida em que
algumas casas
aqui buscam ter
certos centros
de lá como
referência para
a sua atuação,
além de sempre
buscarem
expositores da
capital para
cursos e
palestras. Isso
porque
Alagoinhas é
muito carente de
expositores
espíritas. Não
existe nas casas
aqui, de um modo
geral, uma
preocupação dos
dirigentes em se
formar esse tipo
de trabalhador.
O Consolador: A
cultura da
cidade é
favorável ao
pensamento
espírita ou há
resistência?
De um modo
geral, há por
aqui muita
ignorância e
preconceito
sobre a doutrina
espírita. Muitos
ainda a
confundem com
outras religiões
que também
trabalham com a
mediunidade e a
crença na
reencarnação
como o Candomblé
e a Umbanda, que
são igualmente
dignas de
respeito, mas
possuem práticas
diferentes do
Espiritismo.
Apesar disso,
muitos nos
procuram na
banca de livros
pedindo
orientação
espiritual,
inclusive
pessoas de
outras
religiões.
O Consolador:
Algo mais a
acrescentar?
O bom da
divulgação da
literatura
espírita em um
Shopping Center
é que você, além
de sustentar a
obra, faz novas
amizades, indica
livros, conta e
ouve casos, ri,
se emociona, se
chateia ainda
com alguns que
passam e gritam
que aquilo é
coisa do demônio
e tentam rasgar
as revistas,
mas, por outro
lado, você sente
a presença
constante dos
amigos
espirituais
próximos à
banca, como a
nos dizerem:
“Continuem!
Vocês não estão
sós! Travem o
bom combate!
Promovam o
bem!”
O Consolador:
Suas palavras
finais.
Quando nos
sentirmos
abatidos perante
os obstáculos da
divulgação da
Doutrina,
principalmente
no interior, que
tomemos como
exemplo a luta
de Paulo de
Tarso para
divulgar o
Evangelho de
Jesus nas suas
viagens. Ele
sofreu todo tipo
de opróbrios e
agressões, mas
nunca desistiu.
Lembremos que
hoje temos muito
mais facilidades
que ele por meio
da mídia e da
literatura
espírita em
particular.
Portanto,
tomemos da
charrua e não
olhemos para
trás, pois ainda
há muito por
fazer.
(1)
A história da
médium Mãe
Helena, como era
conhecida, se
encontra no
livro As
Mulheres Médiuns,
de Carlos
Bernardo
Loureiro,
editado pela FEB
em 1996.
Contato com o
entrevistado:
fabioklester@hotmail.com