ROGÉRIO COELHO
rcoelho47@yahoo.com.br
Muriaé, Minas Gerais (Brasil)
Secessão
O Evangelho, em suas
bases, guarda a beleza
do primeiro dia
“(...) O meu mandamento
é este: que vos ameis
uns aos outros como eu
vos amei.”
- Jesus. (Jo., 15:12.)
Sob assomos de
perplexidades observamos
os paradoxais anátemas
entre confrades
incentivadores de corrilhos dissolventes,
demonstrando –
claramente – que ainda
existe um longo caminho
a percorrer até
lograr-se o perfil do vero cristão. E não
faltam as lições de luz,
como por exemplo, esta
notável preleção do
venerando Espírito
Eusébio,
que desenhou com
magistral acuidade a
realidade hodierna em
prova cruzada com a de
antanho:
“(...) Ser cristão,
outrora, simbolizava a
escolha da experiência
mais nobre, com dever de
exemplificar o padrão de
conduta consagrado pelo
Mestre Divino.
Constituía ininterrupto
combate ao mal com as
armas do bem,
manifestação ativa do
amor contra o ódio,
segurança de vitória da
luz contra as sombras,
triunfo inconteste da
paz construtiva sobre a
discórdia.
Ante a intransigência do
Estado Romano,
convertido ao
imperialismo e
corrupção, os sectários
do Evangelho não se
expunham a polêmicas
mordazes, não se
enredavam nas teias do
personalismo
dissolvente, não
dilapidavam
possibilidades
preciosas, a erigir
fronteiras
dogmáticas...
Entreamavam-se em nome
do Senhor e ofereciam a
própria vida em penhor
de gratidão Àquele que
não trepidava em seguir
com a cruz, por amor a
todos nós... Erguiam os
seus mais sublimes
santuários na comunhão
com os princípios
santificantes que os
identificavam com o
Redentor do Mundo.
Sabiam perder as
vantagens transitórias,
para conquistar os
imperecíveis tesouros
celestiais.
Sacrificavam-se uns
pelos outros, na viva
demonstração do
devotamento fraternal.
Repartiam os sofrimentos
e multiplicavam os
júbilos entre si.
Morriam em testemunhos
angustiosos, para
alcançar a vida eterna.
Guerreavam os
desequilíbrios da época
e de seus conterrâneos,
não a golpes de
maldição, nem a fio de
espada, mas pela prática
da renunciação,
submetendo-se a
disciplinas cruéis e
revelando, nas palavras,
nos pensamentos e nos
atos, a mensagem sublime
do Mestre que lhes
renovara os corações.
Entretanto, herdeiros
que sois daqueles heróis
anônimos que transitaram
nas aflições, de
espírito edificado nas
promessas do Cristo, que
fizestes vós da
esperança
transformadora, da
confiança sem vacilação?
Onde colocastes a fé
viva que os vossos
patriarcas adquiriram a
preço de sangue e de
lágrimas? Que é do
espírito de fraternidade
que assinalava os
aprendizes da Boa
Nova?
Enriquecidos pelas
graças do Céu, pouco a
pouco olvidastes as
portas da Revelação
Divina em troca das
comodidades humanas.
Construístes entre vós
mesmos barreiras
dificilmente
transponíveis.
Intoxica-vos o
dogmatismo, corrompe-vos
a secessão. Estreitas
interpretações do plano
divino vos obscurecem os
horizontes mentais.
Abris hostilidades
francas, em nome do
Reino de Deus que
significa amor universal
e união eterna.
Conspurcais a fonte de
bênçãos,
amaldiçoando-vos uns aos
outros, invocando, para
isso, o Príncipe da Paz,
que, para ajudar-nos,
não hesitou ante a
própria morte afrontosa.
A que delírio chegastes,
estabelecendo mútua
concorrência à
imaginária obtenção de
privilégios divinos?
Antigamente, os
companheiros do Cristo
disputavam a
oportunidade de servir;
no entanto, na
atualidade, procurais as
mínimas ocasiões de
serdes servidos.
Reverenciais do Senhor a
Luz dos Séculos, e
mantende-vos nas sombras
de nefando egoísmo.
Proclamais n`Ele a
glória da paz, e
incentivais a guerra
fratricida, em que os
homens e instituições se
trucidam reciprocamente.
Recorreis ao Divino
Mestre, centralizando em
Sua bondade a fonte
inesgotável do amor;
entretanto, cultivais a
desarmonia no recôndito
do ser...
Jesus fundou a Religião
do Amor Universal, que
os sacerdotes políticos
dividiram em várias
escolas orientadas pelo
sectarismo
injustificável. Malgrado
esse erro lastimável dos
homens, a essência dos
vossos princípios é
aquela mesma que
sustentou a coragem e a
nobreza dos
trabalhadores
sacrificados nos
primeiros dias do
Cristianismo.
Porque alguns
missionários das
verdades religiosas
olvidassem a Paternidade
Divina e se permitissem
desmandos da autoridade,
preferindo a opressão e
a tirania, não sois
menos responsáveis,
agora, pelos sagrados
depósitos que Jesus nos
confiou, destinados aos
serviços de elevação
humana e de santificação
da Terra. O Evangelho,
em suas bases, guarda a
beleza do primeiro
dia.
Infrutífera seria a
divina missão do Mestre,
se a Boa Nova
permanecesse
circunscrita às
trincheiras sectárias,
onde presunçosamente vos
refugiais, com o
objetivo de inflamar a
execranda fogueira das
hostilidades
simuladamente cordiais.
Como invocar-Lhe o nome
para justificar os
desvarios da desunião
por motivos de fé? Como
apoiar-se no Amigo de
Todos para deflagrar
embates de opinião,
acendendo fogueiras de
ódio em prejuízo da
solidariedade comum que
Ele exemplificou até ao
supremo sacrifício? Não
será denegrir-lhe a
memória, difundir a
discórdia em Seu nome?
Fugi ao farisaísmo dos
tempos modernos que se
recusa ao auxílio
fraternal, em nome do
gênio satânico do cisma
dogmático. Jesus nunca
foi o pregador da
desarmonia, jamais
endossou a vaidade
petulante dos que pelos
lábios se declaram
puros, mantendo o
coração atascado no lodo
miasmático do orgulho e
do egoísmo fatais.
Abracemo-nos, pois, uns
aos outros, em nome do
Cordeiro de Deus, que
nos reformou a mente,
alçando-a a planos
superiores pela ascensão
gloriosa através do
sacrifício. Somente
assim, meus amigos, é
possível atender à
elevada destinação que
nos cabe...
Diante do mundo
periclitante, alucinado
por ambições rasteiras e
dominado pelo ódio e
pela miséria, sequências
das guerras incessantes
e aniquiladoras,
harmonizemo-nos em Jesus
Cristo, a fim de
equilibrarmos a esfera
carnal.
Sombras perturbadoras
vagueiam em torno de
vossos passos e de
vossas Instituições, em
ronda sinistra. Evitai a
subversão dos valores
espirituais, afugentai
as trevas que vos
ameaçam a organizações
político-religiosas.
Temei a ciência que
estadeie sem sabedoria,
livrai-nos do raciocínio
que calcula sem amor;
revisai a fé para que
seus impulsos não se
desordenem à míngua de
edificação.
A Crosta da Terra é
hodiernamente um campo
de batalha mais áspera,
dolorosa... Despertai a
consciência adormecida e
afeiçoai-vos à Lei
Divina, olvidando o
multissecular cativeiro
da ilusão. A salvação é
contínuo trabalho de
renovação e
aprimoramento. Ao mundo
atormentado proclamemos
a nossa fé em Cristo
Jesus para sempre!...”
Devemos revisar nossa
postura ante o mundo e,
principalmente, nosso
comportamento junto aos
companheiros da Fé
Raciocinada, vez que,
segundo afirmativa de
nosso Mestre Maior, quem
Lhe quiser seguir os
passos deve renunciar a
si mesmo e tomar de sua
cruz; e não será, pois,
dando largas ao
personalismo
dissolvente, que
dignificaremos a
denominação de
discípulos de Jesus,
denominação esta que
desta forma nem
mereceremos. Atentemos
para a insofismável e
grave advertência do
Cristo sobre o perfil do
verdadeiro Cristão:
“Meus discípulos
serão reconhecidos por
muito se amarem".