Comportamento
preconceituoso
Victor
Hugo
O processo
antropossociopsicológico
do indivíduo é
realizado com
imensa
dificuldade, em
razão do
impositivo de
vencer os
hábitos enfermos
que o retêm nas
etapas vencidas,
e que lhe
constituem
vigorosas travas
à aceitação e
adaptação aos
novos
comportamentos.
Como
decorrência, o
desenvolvimento
intelectivo,
tecnológico,
científico dá-se
com mais
facilidade e
repercussão do
que aquele de
natureza moral,
por proceder da
libertação dos
atavismos
viciosos que
produzem as
sensações de
prazer e de
gozo, em
detrimento da
harmonia que
deve viger no
ser que se
ilumina.
O
brilho
intelectual
produz a
jactância que
proporciona a
soberba e a
presunção,
desenvolvendo no
ser imaturo uma
falsa
superioridade,
que observa as
demais pessoas
como sendo
pigmeus
culturais que
não merecem
consideração ou
oportunidade, em
razão do seu
nível de
conhecimentos
não acadêmicos,
como se a
sociedade se
erguesse sobre
os alicerces da
ilusão cultural
e do predomínio
do poder
temporal que
todos perseguem
como maneira de
ocultar os
próprios
conflitos,
descarregando-os
no desdém
dirigido àqueles
que são
considerados
fracos e
submissos.
Quando se trata
de valores
morais e
espirituais,
normalmente a
visão dos
refugiados nos
gabinetes da
pseudossabedoria
presunçosa,
sempre distante
das massas que
despreza, são
tidos como
equipamentos
próprios para
vestir a
ignorância e
mascarar os
limites
intelectuais em
que se demoram.
Em todas as
épocas o
intelectualismo
zombou da
pequenez
daqueles que não
tiveram
oportunidade de
proporcionar
brilho à mente,
embora
trabalhando em
favor do
progresso
sociológico e
moral da
humanidade,
sendo
desconsiderados
nas suas
realizações
enobrecedoras.
Nada obstante,
seres brilhantes
e ricos de
sabedoria como
Racine ou
Voltaire,
Rousseau ou
Clemenceau,
Montaigne ou
Auguste Comte,
Descartes ou
Rossini,
Flaubert ou
Chateaubriand,
Debussy ou
Renoir, ou
Sartre, apenas
para recordar
alguns gênios,
devotaram-se à
compreensão das
necessidades
humanas,
observando e
apoiando as
ideias
revolucionárias
pelo seu
conteúdo
libertador,
embora não sendo
deles, desse
modo construindo
a sociedade
progressista e
dignificada
pelas virtudes e
pela eloquência
dos seus valores
morais e
espirituais...
Têm sido esses
eminentes
pensadores e
outros tantos
cientistas e
investigadores
dos fenômenos da
vida, artistas e
sábios, santos e
apóstolos, como
Pascal, Pasteur
ou Broca,
Charcot ou
Pierre Curie,
Rouger de Lisle
ou Massenet,
Jeanne d’Arc ou
Vincent de Paul,
Degas ou Gide,
que
compreenderam os
fenômenos
humanos e
entregaram-se
com dedicação
total ao
ministério de
construir a
sociedade da
esperança, da
beleza, do
conhecimento e
do amor, a fim
de que todos os
homens e
mulheres do
mundo tivessem
os mesmos
direitos ao
sonho e à
realidade, à
saúde e à
alegria, à
vivência do bem
na Terra livre
do terror, do
sofrimento e da
miséria...
Dentre os
grandes
missionários
franceses
representantes
da inteligência
superior da
evolução, Allan
Kardec
destacou-se como
cientista e
apóstolo,
educador e
missionário de
Jesus-Cristo,
apresentando o
Espiritismo, no
clímax do
enflorescimento
cultural na
França e no
mundo, como
sendo a
filosofia ética
e moral mais bem
urdida durante o
século XIX para
servir de
paradigma
cultural e
social para o
pensamento que
mergulhava no
materialismo
dialético e
mecanicista,
histórico e
agressivo,
fomentador de
guerras e de
desgraças em
nome da
soberania
ideológica dos
seus líderes
apaixonados e de
algumas nações
enlouquecidas...
Concomitantemente,
ocorrendo a
separação
natural que
eclodiu nas
academias
colocando as
religiões
totalitárias nos
seus devidos
lugares, sem que
se imiscuíssem
nos negócios do
Estado e no
comportamento
das
investigações a
respeito do ser
humano, da vida
e do Cosmo,
surgiu, com
Allan Kardec, a
doutrina
libertadora de
consciências,
capaz de
proporcionar a
fé raciocinada
apoiada na
experiência dos
fatos, avançando
com as
conquistas da
ciência nos seus
diversos campos
de investigação,
propondo novos e
felizes
conceitos
perfeitamente de
acordo com os
avanços
culturais e
filosóficos de
então.
Desdenhado pela
presunção de
alguns magister
dixit, o
Espiritismo
serviu de campo
de
experimentação
para Charles
Richet, Gabriel
Delanne, Osty,
Geley, Mme.
Bisson, na
França, e no
mundo para
Crookes,
Lombroso,
Aksakof e toda
uma elite de
homens e
mulheres
comprometidos
com a verdade e
não com os
interesses
mesquinhos da
prepotência
humana um tanto
irracional.
Jean Jaurés, por
exemplo,
tornou-se mártir
por defender a
França do
compromisso de
entrar na guerra
de 1914, sendo
assassinado
covardemente
pelos defensores
da hecatombe, e,
à semelhança de
outros mártires
dos direitos
humanos e da
liberdade,
ofereceu-se para
a preservação da
vida, enquanto a
sua foi
sacrificada...
Resultado de
profundas
observações no
campo da
mediunidade, na
França das
liberdades
democráticas e
das conquistas
da beleza e da
sabedoria, essa
nobre doutrina
lentamente foi
transformada em
campo para
inqualificáveis
comportamentos,
quais os de
exploração da
ignorância por
falsos médiuns e
fantoches da
indignidade
travestidos de
espíritas... Os
farsantes,
aproveitando-se
da
respeitabilidade
do Espiritismo,
sendo alguns
portadores de
mediunidade
atormentada ou
dirigida por
Espíritos
vulgares,
zombeteiros e
mistificadores,
passaram
explorando a
ingenuidade da
clientela
aturdida,
contribuindo
para a
desmoralização,
no país, da obra
gloriosa e
libertadora da
Codificação...
Por outro lado,
pessoas aflitas,
que se lhe
vincularam aos
postulados
renovadores, não
tiveram a
coragem de
despir-se das
indumentárias
nefastas do
orgulho, da
presunção, e
apropriaram-se
do nome
respeitável do
Espiritismo para
o adaptar a
conceitos e
doutrinas
outras, que lhes
pareciam
simpáticas, numa
mixórdia
compatível com
as suas
necessidades de
sucesso, ora
discordando da
parte religiosa,
momentos outros
da científica e
até mesmo da
filosófica, para
criarem grupos
de
investigadores,
alguns
inescrupulosos,
gerando
contínuas e
lamentáveis
discórdias na
grei.
Por outro lado,
a partir da
guerra
franco-prussiana
de 1870 e as que
a sucederam, o
país ficou
assinalado pelo
sofrimento, e os
maus exemplos de
alguns
religiosos, que
fugiram dos
deveres de
amparar as
ovelhas dos seus
rebanhos,
geraram a
animosidade a
todo e qualquer
movimento
portador de
propostas
ético-morais e
de religiosidade
doutrinária,
ampliando a área
do materialismo
e do
existencialismo,
de modo que o
imediato passou
a dominar as
mentes e a
emocionar os
sentimentos.
-
Viver por viver
é gozar – passou
a ser normativa
existencial de
milhões de
pessoas, não
apenas na França
mas em todo o
mundo.
À
medida que as
comunicações e o
intercâmbio de
ideias
tornaram-se mais
fáceis e
presentes em
todos os
momentos, a
ânsia do ser
humano pelas
informações e a
busca
desordenada
pelos
acontecimentos
trágicos, em
mecanismos de
fuga da
realidade e de
transferência
dos conflitos,
estimularam o
surgimento e a
manutenção de
comportamentos
alienados uns,
frios outros,
inquietos ainda
outros mais...
Nesse comenos
diminuiu a
divulgação dos
postulados
espíritas, na
veneranda e
moderna Gália,
apesar da
presença digna e
ativa de
trabalhadores
dedicados à
seara da luz,
ficando, porém,
o campo antigo
trabalhado pelos
pioneiros à
mercê das pragas
da indiferença e
da desconfiança
dos presunçosos
intelectuais que
passaram a
considerar o
Espiritismo
pelas
informações
errôneas, ao
invés de
mergulharem nos
conteúdos
extraordinários
da filosofia
profunda,
sustentada pelos
fatos
extraordinários
defluentes das
seguras
comprovações da
imortalidade, da
justiça divina,
da
reencarnação...
O
Espiritismo é
uma doutrina que
não pode ser
penetrada por
meio de leituras
superficiais,
aliás, como
sucede com toda
ciência
experimental,
exigindo
reflexões
cuidadosas em
torno dos seus
conteúdos
iluminativos, da
sua moral
assentada nos
ensinamentos de
Jesus-Cristo,
conforme Ele os
enunciou, e não
conforme foram
adaptados às
paixões de
grupos e de
teólogos
amargurados e
déspotas,
formando greis
fanáticas e
perversas.
Libertando o
Evangelho da letra
que mata e
facultando o
conhecimento do espírito
que vivifica,
a sua é a missão
de esclarecer e
de proporcionar
condutas
saudáveis,
mediante a mais
elevada ética de
que se tem
notícia,
aplicando a
justiça social,
favorecendo
todos os
indivíduos com
as mesmas
oportunidades de
dignificação
mediante o
trabalho, a
educação, o
repouso, a
construção da
solidariedade e
o respeito aos
direitos de
pensamento e
ação
igualitariamente
para todos.
Não havendo sido
fruto da
elaboração de um
homem, antes,
porém, resultado
de uma proposta
firmada pelos
expoentes da
filosofia
universal que
atravessaram os
penetrais da
morte e
retornaram vivos
confirmando a
sua e a nossa
imortalidade,
fixa-se no
mecanismo da
mediunidade, que
lhe constitui o
instrumento de
comprovações,
favorecendo
aqueles que
buscam
entendê-lo com
textos de
insuperável
beleza sobre os
mais diversos
conhecimentos
históricos e
lógicos dos
tempos passados
e dos atuais e
com as belas
perspectivas em
torno do futuro.
Desdenhado,
porém, pelos
multiplicadores
de opinião e
pelos
intelectuais de
gabinete, que
jamais se
permitiram sair
das suas celas
douradas para a
convivência com
a massa de
sofredores de
que o mundo está
referto, ou
mesmo com os
portadores das
chagas morais
virulentas das
enfermidades mal
disfarçadas, que
são os tormentos
interiores, não
encontra
ressonância,
exceto
esporadicamente
quando algo
abala a opinião
pública pela sua
grandeza ou
miséria, nas
páginas dos
veículos da
mídia escrita ou
comentários
edificantes na
comunicação
radiofônica,
televisiva, na
virtual, no
abençoado e
formoso campo
cultural da
veneranda
França...
Os fatos, são
imperiosos, escreveu
Cromwell Varley,
ao tornar-se
espírita, e não
existe nada
mais brutal do
que um fato, proclamou
Broussai,
defendendo as
pesquisas
científicas do
seu tempo.
A
formação
cultural
francesa é
cartesiana,
enfrentando
sempre a razão e
contestando tudo
quanto suporte a
demonstração
científica e o
debate cultural.
O
Espiritismo foi
trabalhado pelos
seres imortais
dentro desses
parâmetros
vigorosos e, por
essa razão,
suplantou a
intolerância com
que o atacaram
acadêmicos e
religiosos
partidaristas,
populares
ignorantes,
enfrentando a
revolução das
doutrinas
psicológicas que
passaram a
confirmar-lhe
indiretamente os
conteúdos
psicoterapêuticos,
os avanços da
física e da
astronomia, da
medicina e da
antropologia,
demonstrando a
robustez dos
seus
ensinamentos sem
alterar um
paradigma
sequer,
mantendo-se tão
atual neste
momento, quanto
o esteve ao ser
publicado, há
mais de um
século e meio...
A
indiferença
francesa ao
Espiritismo,
ainda confundido
por alguns
jactanciosos,
como sendo uma
seita, apesar do
seu caráter
científico,
portador de
moral elevada e
profundamente
cristã, sua
ética
socraticoplatônica
e todo o acervo
de sabedoria,
não deixa de ser
chocante.
A
atitude
científica é
sempre a de
pesquisar, tendo
o direito de
discrepar,
combater ou
confirmar as
metas a que se
propõe, nunca
porém ignorar o
que se encontra
à disposição e
ao alcance de
quem se permita
a
experimentação.
Esse
comportamento,
porém, é
transitório e
passará, queiram
ou não os
ditadores da
cultura e os
sábios de
ocasião, porque
ninguém pode
deter a força do
progresso nem a
marcha do
conhecimento que
atingirá o
Infinito,
decifrando todas
as incógnitas
que ainda
aturdem a mente
e afligem os
sentimentos.
O
Espiritismo se
propõe a
construir a nova
sociedade humana
em a qual o
sofrimento
deixará de
afligir, e as
manifestações da
barbárie, tais
como as
injustiças
sociais, a
violência, as
arbitrariedades,
os crimes
hediondos e o
desrespeito pela
vida, cederão
lugar ao
equilíbrio e à
beleza, ao
conhecimento
enobrecido e ao
amor, à saúde e
à arte, à
dignificação da
criatura e à
consideração
afetuosa pela
mãe Terra, que
nos tem servido
de lar desde os
primórdios da
nossa evolução.
Auguramos,
sinceramente
emocionado e
confiante, que
esses formosos e
bem-aventurados
tempos logo
chegarão,
porquanto já se
encontram em
acercamento,
proporcionando,
por antecipação,
alegria e
bem-estar,
ventura e
plenitude.
Página
psicografada
pelo médium
Divaldo Pereira
Franco no dia 11
de maio de 2010,
na residência de
João e Milena
Rabelo Júnior,
em Paris,
França.