MARIA MARGARIDA
MOREIRA
3m@uol.com.br
São Paulo, SP
(Brasil)
A gula
O desequilíbrio fisiopsíquico
leva a criatura
a
alimentar-se
além
do necessário
O prazer de
comer tem lá
seus atrativos.
E quem se esmera
preparando os
alimentos recebe
- de bom grado -
os elogios pelo
seu desempenho.
Em “O Livro
dos Espíritos”,
na questão 716,
lemos que a
natureza traçou
o limite de suas
necessidades na
sua organização,
mas o homem é
insaciável, quer
sempre mais,
criando para si
necessidades
artificiais. A
Doutrina
Espírita ensina,
então, que todas
as paixões e
vícios têm como
princípio
originário uma
necessidade
natural, e que
os prazeres que
o físico
proporciona são
regulados por
leis divinas.
Estas
estabelecem, por
sua vez, limites
em função das
reais
necessidades do
homem. O
desrespeito a
essas leis
ocasiona consequências
funestas.
Emmanuel alerta
para o fato de
que Deus criou
corpos perfeitos
para abrigar
Espíritos
perfeitos.
Entretanto, o
homem, pelas
suas
imperfeições,
desarmoniza essa
máquina
danificando-a.
Esclarece,
ainda, que
apenas cinco por
cento das nossas
doenças atuais
são resultados
de desatinos em
existências
passadas; o
restante são
escolhas
equivocadas,
ilusórias, que
fazemos nesta
reencarnação. O
excesso de
alimentação, que
sobrecarrega
nossos órgãos,
não passa de um
descontrole
ocasionado por
fatores físicos
e/ou emocionais.
O desequilíbrio
fisiopsíquico
leva a criatura
a alimentar-se
além do
necessário, e
tal excesso traz
acúmulos de
gordura no
sistema
circulatório em
forma de
colesterol,
triglicérides e
quejandos...
Entendemos que a
gula é, também,
uma manifestação
de egoísmo. A
porção alimentar
que poderia
sustentar mais
de uma ou duas
pessoas é
indevidamente
consumida por
apenas uma, com
visível prejuízo
para a
coletividade. O
homem primitivo
era um ser
totalmente
glutão,
abrutalhado e
egoísta. Talvez
pela dificuldade
de encontrar
alimento à sua
volta, consumia
tudo o que
encontrava e,
egoisticamente,
comendo tudo o
que podia, sem
repartir com
ninguém. Não
desconhecemos,
hoje, as
afirmações
médicas de que
os glutões, de
modo geral,
estão mais
propensos a
enfermidades
ligadas ao
excesso
alimentar.
Sobre a Lei de
Conservação, na
questão 723, de
“O Livro dos
Espíritos”,
Kardec pergunta
aos Espíritos
superiores
quanto à
alimentação
animal para o
homem, se ela é
contrária à lei
natural. A
resposta é não,
porque, na
constituição
física do ser
humano, a carne
nutre a carne,
caso contrário,
o homem perece.
A lei impõe ao
homem o dever de
conservar suas
energias e a sua
saúde, para
poder cumprir a
lei do trabalho.
Ele deve
alimentar-se,
portanto,
segundo o exige
a sua
organização ou
estrutura
orgânica. Não
existe, pois,
por parte da
Doutrina
Espírita,
nenhuma
restrição quanto
à ingestão de
alimentos
animais. Ela
nada proíbe,
apenas
conscientiza.
Cabe a cada um
agir de acordo
com o seu foro
íntimo.
Embora
consideremos as
proteínas de
origem animal
importantes à
nossa
subsistência, a
preferência
pelos produtos
naturais, como
os cereais,
verduras,
frutas, ovos,
mel, leite e
seus derivados,
ou seja, a
alimentação
natural, ainda é
a ideal. É a
mais condizente
com a natureza
da criatura que
busca ascender
espiritualmente.
Entretanto,
sejamos
realistas e não
nos fanatizemos
seguindo a
alimentação com
objetivo de
ascensão
espiritual, pois
“não é o que
entra pela boca
que nos faz
melhores, mas o
esforço que
empreendemos em
fazer com que,
através dela,
saiam palavras
confortadoras,
dóceis,
construtivas”,
ensinou-nos
o Excelso Amigo.
Um dado
interessante: a
ciência mostra
que o homem
possui
aproximadamente
6m de intestino.
Portanto, pela
sua natureza
fisiológica,
deveria ter uma
alimentação
natural, mais
leve.
A lei natural
tem,
necessariamente,
como
manifestação, a
conservação da
matéria que, por
sua vez, é
responsável pelo
maior ou menor
desempenho das
faculdades do
Espírito. O
desrespeito a
ela nos conduz,
também, a um
desequilíbrio
psíquico:
“Amai vossa
alma, mas
cuidai, também,
do corpo,
instrumento da
alma;
desconhecer as
necessidades que
lhes são
peculiares por
força da própria
natureza é
desconhecer a
lei de Deus”.¹
O excesso de
alimento é um
vício nocivo ao
psiquismo,
porque energia
mal distribuída
gera
desequilíbrio
generalizado. A
anorexia
nervosa, por
exemplo, é uma
doença de nível
inconsciente,
quadro mórbido
em que o
indivíduo
diminui a
quantidade de
alimentos
ingeridos,
eliminando
aqueles ricos em
calorias, por
meio de uma
dieta rígida,
autoimposta, que
alterna com
crises de
bulimia, vômitos
provocados ou
ingestão de
purgativos.
Sob o ponto de
vista
espiritual, o
glutão é
considerado
suicida, além do
que está sujeito
a reencarnar com
doenças
gástricas,
úlceras etc.
No livro “Nosso
Lar”², o
próprio André
Luiz é taxado de
suicida quando
retorna ao plano
espiritual,
devido às
condições de seu
decesso. Ao
passar pelo
serviço de
assistência
médica, o Irmão
Henrique de Luna
diz: “... É
de se lamentar
que tenha vindo
pelo suicídio...
Todo aparelho
gástrico foi
destruído à
custa de
excessos de
alimentação e
bebidas
alcoólicas,
aparentemente
sem importância.
Devorou-lhe as
energias
essenciais. Como
vê, o suicídio é
incontestável...”
Inconformado,
André Luiz não
poderia supor
noutro tempo,
que lhe seriam
pedidas as
contas de
episódios
simples, que
costumava
considerar como
fatos sem maior
importância.
Um outro aspecto
de destaque, que
deve ser
considerado
neste tema, diz
respeito à
absorção das
energias
contidas nos
alimentos. Para
se aproveitar as
energias e os
valores
alimentícios,
durante as
refeições, é
necessário que
tenhamos a mente
tranquila e as
emoções
acalmadas, pois,
quando, durante
as refeições
ocorrem
discussões e
contrariedades,
metabolizamos
mal, provocando
perturbações
estomacais e
impregnamos os
alimentos
mastigados de
vibrações
negativas,
altamente
perniciosas ao
nosso Espírito.
Vejamos o que
nos revela o
autor de
“Nosso Lar”,
através da
orientação do
médico benfeitor
Henrique de Luna
a André Luiz
sobre sua
desencarnação:
“O organismo
espiritual
apresenta em si
mesmo a história
completa das
ações praticadas
no mundo... A
moléstia,
talvez, não
assumisse
características
tão graves, se
seu procedimento
mental no
planeta
estivesse
enquadrado nos
princípios de
fraternidade e
da temperança.
Entretanto, seu
modo especial de
conviver, muitas
vezes exasperado
e sombrio,
captava
destruidoras
vibrações
naqueles que o
ouviam... A
ausência de
autodomínio o
conduzia,
frequentemente,
à esfera dos
seres doentes e
inferiores”.
A apetência é
uma necessidade
natural,
enquanto que o
abuso é uma
necessidade
artificial
criada pela
mente. Portanto,
o ponto de
ataque não é o
físico, mas a
fantasia. Daí, a
importância de
sermos
moderados,
porque do abuso
é que nasce a
dor. Progredir é
usar bem os
empréstimos de
Deus. O homem só
conseguirá a
realização plena
quando tiver o
domínio de si
mesmo.
Mais uma vez,
lembrando
Kardec, na
questão 964 de “O
Livro dos
Espíritos":
“Deus tem Suas
leis a regerem
todas as vossas
ações. Se as
violais, vossa é
a culpa.
Indubitavelmente,
quando um homem
comete um
excesso
qualquer, Deus
não profere
contra ele um
julgamento,
dizendo-lhe, por
exemplo: Foste
guloso, vou
punir-te. Ele
traçou um
limite; as
enfermidades e,
muitas vezes, a
morte são
consequências
dos excessos.
Eis, aí, a
punição; é o
resultado da
infração da lei.
Assim é tudo”.
Bibliografia
consultada:
1
- KARDEC, Allan.
O Evangelho
segundo o
Espiritismo,
Capítulo XVII,
item 11;
2- ANDRÉ LUIZ
(Espírito).
Nosso Lar.
[psicografado
por] F. C.
Xavier - 49ª
edição. FEB, Rio
de Janeiro,
1981.
Outra fonte de
pesquisa:
RABELLO, André.
A busca pelo
bem-estar.
http://www.terraespiritual.locaweb.com.br/espiritismo/artigo2118.html.