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Cartas
Ano 4 - N° 174 - 5 de Setembro de 2010
Recebemos nos últimos dias as seguintes mensagens de nossos leitores:
 

De: João R. M.  (Porto, Portugal)
Domingo, 29 de agosto de 2010 às 12:15:41

Boa tarde. A questão é a seguinte: eu sou trabalhador espírita (aprendiz), fazendo inclusive parte dos trabalhos mediúnicos. Acontece que, a partir do final do ano passado, minha mediunidade está mudando. Sentimento de angústia, sufoco, crises de choro; entrar em locais públicos está sendo difícil. Numa das vezes que me deu o ataque de choro, de repente começo às gargalhadas. Começou também a acontecer no centro espírita e nos próprios trabalhos mediúnicos. Tive mesmo que recorrer à medicação porque minha cabeça não aguentou (venho de um processo de depressão). Há dias fui assistir aos trabalhos mediúnicos de outro grupo do centro em que trabalho, o responsável desse grupo, sabendo o que tem acontecido comigo, pôs-me na mesa. Aconteceu algo de diferente nesses trabalhos, minhas mãos começaram a movimentar-se bastante, para a frente e para trás e depois começaram em círculos. Ora, esse responsável acha que sou médium de incorporação; no dia seguinte, fui para o trabalho do meu grupo mediúnico e comecei a ter as mesmas sensações, mas, como sou esclarecedor, concentrei-me na tarefa a fazer e desapareceu.
Contei ao responsável do meu grupo o acontecido, e ele não acha que eu passe pela incorporação, primeiro, porque eu fui para um grupo que tem energias diferentes, mas pelo que tem assistido, acha que eu devo dedicar-me ao estudo do esclarecimento e ao estudo do passe, porque posso ter algumas capacidades de magnetização. Só que, no meio disto tudo, ando confuso, mas tendo a certeza de querer servir à causa espírita e dar o meu melhor, quer passe pelo esclarecimento ou pelo passe.
Gostava de algum esclarecimento se fo
sse possível.
Abraços fraternos

João 

Resposta do Editor: 

Toda vez que o participante de um grupo mediúnico acusa em si mesmo os fatos mencionados pelo leitor, duas providências são recomendáveis. A primeira, consultar um especialista da área médica; segundo, buscar uma orientação espiritual por meio de um médium idôneo. No livro Diretrizes de Segurança, de Divaldo Franco e J. Raul Teixeira, cuja leitura recomendamos ao leitor, está bem clara a importância do diagnóstico antes de qualquer medida terapêutica. Raul Teixeira trata disso na questão n. 96 do livro citado. Constatando-se no caso alguma perturbação de fundo obsessivo, Divaldo sugere, na questão n. 97 da mesma obra, que o ideal é o paciente não participar das sessões mediúnicas, porque o trabalho poderá ser-lhe pernicioso. A pessoa então se afastaria durante o tratamento recomendado, para depois voltar à tarefa, encaixando-se naquilo que esteja de acordo com suas faculdades. 

 

De: Irimari S.  (Rio de Janeiro, RJ)
Segunda-feira, 30 de agosto de 2010 às 02:14:51

Acabei de ler a matéria sobre Roustaing, e estranhei a comparação com Kardec. Lendo os estatutos do meu centro, fundado por Bezerra, ele é claro quando se refere à Roustaing como fonte segura, para estudos e apreciações. Como pode isso?
Gratíssima.
Irimari 

Resposta do Editor: 

O assunto já foi mais de uma vez tratado nesta revista. Dada, porém, a relevância do tema, voltamos a repetir: Quem lê a obra de J. B. Roustaing percebe com facilidade que existem nela quatro pontos que a tornam incompatível com a Doutrina Espírita exposta nas obras de Kardec, Léon Denis, Delanne, André Luiz e Emmanuel.

Os quatro pontos são estes:

1o - A tese de que a encarnação não é obrigatória, nem mesmo necessária, e só se dá em caso de queda do Espírito. A evolução da criatura humana, após a passagem do princípio inteligente pelos reinos inferiores da criação, ocorreria, segundo Roustaing, em cidades espirituais nas quais o Espírito reveste tão-somente um corpo fluídico – o perispírito. Se o indivíduo apresentar nessa condição algum defeito a ser corrigido (vaidade, inveja etc.), aí sim, por castigo, terá de encarnar. A reencarnação seria uma consequência dessa primeira encarnação. O assunto é tratado no volume 1, pp. 317 e 321, no volume 3, p. 91, e no volume 4, p. 292, da 8a edição, de agosto de 1994, publicada pela FEB.

2o - Ao ter de encarnar, o Espírito fá-lo-á em um mundo primitivo, encarnando-se aí num corpo rudimentar que viverá, como os animais, do que encontrar no solo. “Não poderíamos compará-los melhor do que a criptógamos carnudos”, diz o livro de Roustaing em seu volume 1, p. 313. Um exemplo conhecido de criptógamo carnudo são as nossas lesmas. Roustaing afirma, portanto, que uma alma humana, depois de viver numa cidade espiritual, encarnará numa forma animal que nem mesmo chegou ao nível dos vertebrados, um ensinamento que reedita a doutrina da metempsicose, rejeitada formalmente pela Doutrina Espírita. O assunto é tratado ainda nas pp. 299 e 312 do volume citado.

3o - A encarnação somente se dá em caso de queda do Espírito, uma alusão à retrogradação da alma, que o Espiritismo não admite. Os motivos, diz Roustaing, são diversos e seus resultados, terríveis. “Qualquer que seja a causa da queda, orgulho, inveja ou ateísmo, os que caem, tornando-se por isso Espíritos de trevas, são precipitados nos tenebrosos lugares da encarnação humana, conforme ao grau de culpabilidade, nas condições impostas pela necessidade de expiar e progredir”, eis a lição transmitida na obra em seu volume 1, p. 311.

4o - Afirma Roustaing que Jesus não encarnou para vir trazer-nos a Boa Nova. Seu corpo teria sido fluídico. Ele fora, assim, um agênere, um Espírito materializado e desse modo se explicariam seu desaparecimento dos 12 aos 30 anos e o sumiço do corpo material nos dias seguintes à crucificação. O assunto é tratado nos quatro volumes da obra, constituindo um dos aspectos mais conhecidos da doutrina roustainguista e, por isso mesmo, o mais criticado.

Allan Kardec examinou em suas obras os quatro assuntos acima focalizados: a encarnação do Espírito, que ele apresenta como requisito indispensável à evolução espiritual e ao progresso dos planetas; a metempsicose, que rejeitou expressamente; o princípio da não-retrogradação da alma e a natureza corpórea do corpo de Jesus, ao qual dedicou os itens 64 a 67 do cap. XV de seu livro “A Gênese”. Fica claro, portanto, que os adeptos de Roustaing não poderiam intitular-se espíritas, pois defendem uma doutrina que contraria frontalmente os princípios espíritas.

 

De: Danilo Soeiro (Rio de Janeiro, RJ)
Quarta-feira, 25 de agosto de 2010 às 18:24:08

Caro amigo.
Solicito seja submetido à apreciação de V. Sª o pedido para colocar as letras "A", que aumentam e diminuem a "FONTE", no interessante site espírita.

Sinceros agradecimentos e muita paz a todos.
 
Danilo 

Resposta do Editor:


Esta revista já utiliza, em seus textos, a fonte 12”, o que torna desnecessário o uso da ferramenta sugerida. Se utilizássemos fontes pequenas, aí, sim, ela se justificaria.
 

 

De: Eliane Bueno (Brasília, DF)
Quinta-feira, 26 de agosto de 2010 às 09:14:23

Olá! Estou com algumas dúvidas quanto às crianças índigo e cristal.
Li que na lei de reencarnações sempre vivemos com aqueles que estavam conosco em outras vidas. 
Estou gestante e, se meu bebê for uma criança índigo ou cristal, ela seria de outro grupo de espíritos que estão vindo para a evolução da Terra, correto?
Sendo ela de outra geração de espíritos, ela já teria vivido comigo e com meu esposo em outras vidas e evoluído antes de nós e agora está voltando? Ou é um espírito que vai conviver pela primeira vez conosco através desta encarnação?
Agradeço a atenção.
Eliane
 

Resposta do Editor: 

O tema crianças índigo e cristal é desses assuntos que requerem, para o incluirmos nas postulações doutrinárias, o critério da universalidade do ensino. Trata-se de algo muito novo e complexo, de tal modo que as duas hipóteses formuladas pela leitora são perfeitamente possíveis, ou seja, podemos receber no seio de nossa família alguém ligado a nós ou não. Ter certeza do que vai ocorrer não está ao nosso alcance e faz parte do chamado esquecimento do passado, uma bênção que Deus nos concede para que nossa vida no plano terrestre seja menos complicada.

 

De: Manoel da Silva Neves (Rio de Janeiro, RJ)
Sexta-feira, 27 de agosto de 2010 às 14:45:31

Sou coordenador do estudo do Livro dos Médiuns em uma casa espírita, e, pelo que os Espíritos e Kardec nos instruem, o termo médium significa intermediário entre o mundo espiritual e o mundo material; e considerando essa definição, médium somente pode ser o encarnado. Porém, no estudo do livro Libertação, de André Luiz , capítulo III, quando o Instrutor Gúbio, André Luiz e Eloi são recebidos pelo Instrutor Gama, o mesmo informa que "os doadores de energia radiante, médiuns de materialização em nosso plano, se alinhavam, não longe, em número de vinte", ao esclarecer que o termo médium aí usado não se referia ao mesmo significado de médium encarnado, pois não haveria intermediação entre planos, mas sim doação fluídica, o fato foi contestado e gerou muitas dúvidas.
Solicito maiores esclarecimentos que possam sanar essas
possíveis dúvidas.
Manoel 

Resposta do Editor:

Ao definir o termo médium, Kardec conceituou-o de modos diferentes em seu magistral “O Livro dos Médiuns”. No cap. 14, ele escreveu: “Todo aquele que sente, num grau qualquer, a influência dos Espíritos é, por esse fato, médium”. No capítulo 32, definiu: “Médium, do latim medium, meio, intermediário – é a pessoa que pode servir de intermediário entre os Espíritos e os homens”. Entendemos que André Luiz e outros autores, como Manoel Philomeno de Miranda, acrescentaram a esse ensino um novo conceito, ou seja, Espíritos desencarnados podem servir também à manifestação de outros Espíritos, algo que Kardec, à época em que escreveu o livro citado, certamente não conhecia.

 

De: Priscila Trevizani (Belo Horizonte, MG)
Segunda-feira, 30 de agosto de 2010 às 17:37:14

Olá amigos, li no link http://www.oconsolador.com.br/ano3/126/movimentoespiritabrasileiro.html 
um informe sobre o evento Luzes na Praça. Mas encontrei um erro: o evento foi organizado pelo DAJ - NE (Departamento de apoio à juventude - regional Nordeste) e pela AME - BH (Aliança Municipal Espírita de Belo Horizonte). Sei que esse informe é antigo, mas achei pertinente avisar. Haverá a II Luzes na Praça em setembro deste ano (dias 18 e 19). Quando eu souber mais informações envio para vocês.

Agradeço a atenção.

Priscila
 

Resposta do Editor: 

Agradecemos a gentileza da leitora e fazemos aqui o registro de nossa falha, pela qual pedimos desculpas aos organizadores do evento.

 

De: Ana Maria de Castro Brandão (Batatais, SP)
Quarta-feira, 1º de setembro de 2010 às 06:22:16

Depressão bipolar, na visão espírita, tem a haver com obsessão? Por favor, me esclareçam. Meu filho está com depressão bipolar.

Ana Maria  

Resposta do Editor: 

Segundo a definição de Kardec, obsessão é o domínio que alguns Espíritos logram adquirir sobre certas pessoas. Transmissão mental de cérebro a cérebro, a obsessão é síndrome alarmante que denuncia enfermidade grave de difícil erradicação. Manifesta-se no início como inspiração sutil, até alcançar o clímax na possessão lamentável. É ideia negativa que se fixa, campo mental que se enfraquece, dando ensejo a ideias negativas que virão. A etiologia das obsessões é complexa e profunda, pois que se origina nos processos morais lamentáveis em que ambos os comparsas da aflição se deixaram consumir pelas vibrações negativas da criminalidade. Reencontrando-se, porém, sob o impositivo da Divina Justiça, que estabelece seja o verdugo jugulado à vítima, tem início o comércio mental, às vezes aos primeiros dias da concepção fetal.

Em toda obsessão, mesmo nos casos mais simples, o encarnado conduz em si mesmo os fatores predisponentes e preponderantes – os débitos morais a resgatar – que facultam a alienação. Ao encontrar sua vítima, sente o espicaçar do remorso e abre as comportas do pensamento aos comunicados que logo advirão, sem que se possa prever quando terminará a obsessão, que pode alongar-se mesmo depois da morte. Daí a importância dos esforços que o enfermo deve fazer para renovar-se intimamente, visto que sua libertação depende muito dele mesmo.

A depressão e outros distúrbios mentais, diferentemente da obsessão, pertencem ao campo da Medicina e como tal devem ser tratados. Evidentemente, num processo depressivo pode estar presente também o fenômeno obsessivo, razão pela qual as terapias espíritas, aliadas ao tratamento médico, são bastante úteis.

Sobre o tratamento específico das obsessões, sugerimos o estudo publicado na edição 127 da revista, que ela poderá acessar clicando em http://www.oconsolador.com.br/ano3/127/esde.html

 

De: João Valente (Rio de Janeiro, RJ)
Quarta-feira, 1º de setembro de 2010 às 12:02:29

Tenho uma dúvida quanto às expiações que passamos quando encarnados, mas não com a própria, mas sim com a daquele que faz o outro passar. Dá-me a impressão de que torna-se um círculo sem fim, um fazendo aplicar a justiça divina no ou
tro, como algo sem fim. 
João 

Resposta do Editor: 

No processo de regeneração do Espírito culpado, o Espiritismo é bem claro ao dizer que ele exigirá três elementos: o arrependimento, a reparação e a expiação. Um indivíduo lesou alguém em determinada existência. Quando se arrepender sinceramente, ele deverá, em futura existência, reparar o mal cometido. Ocorrerá ainda, no processo depurador, a necessidade da expiação, isto é, deverá passar por uma situação semelhante à que ele mesmo provocou no passado. Mas ninguém virá ao mundo com a tarefa de atormentá-lo. Se isso fosse verdade, criar-se-ia um círculo vicioso, como mencionado pelo leitor. O que ocorre então? O culpado, necessitado de expiar sua falta, nascerá em um meio no qual passará naturalmente, em face do atraso espiritual daquele meio, pela situação de que necessita. Há na literatura espírita exemplos inúmeros disso e, em muitos casos, nem existirá a participação de terceiros. Um desses casos, citado com frequência por palestrantes espíritas, ilustra bem o que dizemos. Havendo decepado a mão de uma pessoa, um Espírito reencarnou tendo a mesma mutilação prevista em seu programa reencarnatório, o que ocorreu por meio de um acidente simples com uma máquina da fábrica onde trabalhava. Ele se distraiu e, sem que ninguém tivesse culpa, decepou parte da mão, expiando, a seu pedido, a falta cometida no passado.

 

De: Luciano dos Anjos (Rio de Janeiro, RJ)
Quarta-feira, 1º de setembro de 2010 às 11:18:34
Envio cópia de mensagem dirigida ao confrade Oceano Vieira de Melo:

Prezado Oceano Vieira de Melo.
Li o texto que você me enviou sobre o filme "Nosso Lar". Sendo você quem é, por todos os bons serviços já prestados ao espiritismo, tais os filmes excelentes até aqui produzidos, estou certo, pois, de que "Nosso Lar" representa de fato bom trabalho. Sua opinião, para mim, nessa área, tem muito peso. Assim, irei assistir ao filme motivado por sedutora expectativa.
Assisti à história do Chico Xavier e gostei bastante. Ótima produção. Roteiro correto. Direção competente. Já o filme do Bezerra foi ruim demais, sob vários aspectos, salvando-se apenas a recriação de época.
Pautado, agora, em sua opinião, estarei assistindo à vida do André Luiz. Mas, ao mesmo tempo, desde logo estou apavorado com o comportamento desse movimento espírita que cresce desvairado, sob as atuais lideranças. Como você pode ver - se já não soube -, surgiu, no centro do produtor do filme, uma explicação canhestra no sentido de que a presença nas sessões será beneficiada porque "falanges se preparam para descer à Terra e  atuar durante cada sessão em que o filme passar: cidades espirituais serão esvaziadas, tratamentos espirituais serão realizados, desligamentos de processos obsessivos ocorrerão..."
Isso quer dizer que já começou a loucura do desconhecimento doutrinário, do interesse comercial e do falso chamariz para atrair doentes da matéria e do espírito, que certamente superlotarão as salas de projeção. Enganosa romaria como as produzidas pelos administradores dos "lugares santos", que prometem milagres e salvação eterna.
Mas, tenho ainda outra preocupação, essa de cunho mais grave. Sem uma necessária explicação doutrinária, que você só encontra no estudo sério das boas obras espíritas feito em casa ou nas instituições espíritas, temo que, dada a influência de um trabalho visualmente bem feito, acabem materializando a vida espiritual em "Nosso Lar" e mesmo a própria colônia, o umbral e tudo o mais (com aquele desenho da Heigorina Cunha, a distorção será inevitável), levando espíritas e não espíritas a conceber réplicas do céu e do inferno católicos.
André Luiz, "Nosso Lar", vida espiritual, espíritos bons e espíritos maus são verdades indiscutíveis, mas que não podem ser materializadas nas mesmas formas da absurda materialização de Deus e de Satanás, do céu e do inferno, concebida séculos afora por culpa das religiões que Allan Kardec veio desmistificar.
Estas, meu caro Oceano, as minhas observações que passo para você com absoluta sinceridade, tanto pela estima que lhe tenho, como pelo respeito ao conhecimento que, como profissional, você possui do grande poder da linguagem cinematográfica sobre as mentes menos esclarecidas.
Abraço-o, com apreço e fraternidade.


P.S.
: Tendo em vista a repercussão do filme e do chamamento dramático que está sendo feito, peço licença a você para enviar a outras pessoas esta minha manifestação.

Luciano dos Anjos.
 

 

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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita