USE promove novo
curso voltado à
educação
infanto-juvenil
Cerca de 70
pessoas
participaram do
Curso de
Formação de
Educadores
Espíritas da
Infância, em que
foi discutida a
responsabilidade
que a atividade
exige
O Departamento
de Educação
Espírita da
Infância, da
União das
Sociedades
Espíritas do
Estado de São
Paulo, reuniu
cerca de 70
educadores das
cidades de
Americana,
Botucatu,
Caçapava,
Cachoeira
Paulista,
Guarulhos, Itupeva, Mogi
das Cruzes, São
Paulo e Sorocaba
nas dependências
do Centro
Espírita Gabriel
Ferreira, no
domingo passado,
dia 29 de
agosto, para a
realização de
mais um Curso de
Formação de
Educadores
Espíritas da
Infância
(fotos).
O local para
realização da
atividade foi
escolhido por
ser uma espécie
de laboratório
para
desenvolvimento
de ações nessa
área de atuação
e por ser a
instituição onde
atua a equipe
que coordena o
Departamento de
Infância em todo
o Estado.
O curso abarcou
os seguintes
módulos: A
Atividade de
Educação
Espírita da
Infância
(definição e
objetivos);
Componentes do
Processo
Educativo
(educador,
educando,
dirigentes e
pais: o papel de
cada um no
sucesso da
atividade;
exemplos de
ações para
interação do
setor na
estrutura da
casa espírita e
para
sensibilização
dos dirigentes e
pais);
Estruturando o
Departamento
(divisão de
turmas; local,
acomodações,
materiais;
criação de
biblioteca
infanto-juvenil;
importância de
arquivos
históricos;
reuniões
de
|
|
Educadores e educandos do C.E. Gabriel Ferreira |
|
|
Educandos em momento de fomento à leitura,
um dos tópicos do curso |
|
|
Momento do intervalo |
|
educadores;
etc);
Planejamento
(geral,
de temas
e
objetivos
de temas;
de aulas);
Recursos
Didáticos
(música,
literatura,
jogos
espíritas,
etc) e
Elaboração
de Aulas.
|
Para os
participantes o
grande
diferencial do
curso foi o
enfoque prático,
feito em
linguagem
simples,
facilitando a
assimilação do
conteúdo e,
principalmente,
a possibilidade
de conhecer
exemplos
práticos e de
fácil
implantação. “Os
participantes
saem daqui com
muito
entusiasmo,
vontade de
trabalhar e,
acima de tudo,
com a certeza de
que é possível
fazer um
trabalho de
qualidade e
pautado nas
obras básicas,
de Allan Kardec”,
disse Rosana
Travaglia, da
cidade de
Americana,
participante do
curso pela
terceira vez.
Segundo ela,
cada
oportunidade
oferece uma
ideia nova e,
ainda, renova as
energias para
continuar a
tarefa em sua
cidade.
Algumas Casas
Espíritas
restringem as
reuniões para
crianças aos
temas morais
O trabalho de
Educação
Espírita
Infanto-juvenil
tem como
principal
objetivo
permitir que
crianças e
jovens tenham
acesso ao
conteúdo da
Doutrina
Espírita e, para
isso, o curso
enfoca a
necessidade de
levar a base
doutrinária para
os educandos e
de o Educador
estudar as obras
de Allan Kardec.
“Muitos
pensam que a
criança não tem
condições de
compreender os
temas
doutrinários,
mas isso é um
grande engano.
Elas têm totais
condições de
captar a
mensagem
espírita, desde
que, para isso,
o Educador use
recursos que
possibilitem aos
menores o
entendimento. Há
que se preparar
para essa
tarefa, porém”,
explicam os
coordenadores do
curso,
enfatizando que
participar de
iniciativas como
essa possibilita
a troca de
experiência,
enriquecendo
todos os que
fazem parte do
processo.
Visando
reflexões mais
aprofundadas
sobre o assunto,
o curso tocou em
temas mais
delicados,
provocando
debates entre os
presentes.
Um deles é o
fato de algumas
Casas Espíritas
restringirem as
reuniões
espíritas para
crianças a temas
morais,
eliminando os
aspectos
filosóficos e
científicos da
Doutrina. Na
maioria das
vezes, as Casas
que assim
procedem
justificam essa
decisão com o
argumento de que
muitas vezes a
instituição
recebe crianças
que são de
outras religiões
e, portanto, não
é aconselhável
entrar em temas
específicos. Se
a principal
função da Casa
Espírita é o
estudo e
divulgação da
Doutrina
Espírita, não é
necessário
repensarmos essa
questão? Não
seria mais
conveniente
termos nas
atividades
crianças e
jovens que
desejem, de
fato, ter
contato com o
Espiritismo em
vez de
“obrigá-los” a
ter um contato
parcial como
forma de obter
um auxílio? Este
é um assunto
palpitante e, de
certa forma,
polêmico, que o
curso abordou
para que os
participantes
reflitam e levem
para debates em
suas
instituições.
A questão do
passe ministrado
às crianças foi
também objeto de
discussão
Não menos
polêmica é a
questão do passe
espírita
empregado nas
aulas de
infância e
mocidade. Ao
serem
questionados
sobre o
significado de
“papa-passes”,
termo
(1)
criado no meio
espírita para
designar os que
vão à Casa
Espírita com a
única finalidade
de receber esse
benefício,
verificou-se uma
unanimidade
entre os
presentes:
“papa-passe” é
algo negativo.
Então, fica a
seguinte
pergunta: se é
negativo, por
que continuamos
formando este
tipo de público?
Afinal, ao
utilizar o passe
em todas as
reuniões, para
todas as
crianças,
passamos a
mensagem que a
ida ao Centro
Espírita deve,
necessariamente,
incluir o
recebimento
desse recurso.
Não seria melhor
esclarecermos as
crianças sobre o
que é o passe,
seus benefícios,
como e quando
utilizá-lo, a
nossa conduta no
momento de
recebê-lo? A
experiência
mostra que as
crianças e
jovens que
recebem essas
informações de
forma clara
passam a fazer
uso desse
importante
benefício nos
momentos
oportunos.
Ampliando o
enfoque da
atividade de
Educação
Espírita da
Infância,
proporcionando o
debate saudável
e fraterno e
respeitando as
convicções de
cada Casa
Espírita, o
curso levou a
reflexões sobre
o verdadeiro
significado da
Doutrina
Espírita e como
ela deve ser
apresentada ao
público
infanto-juvenil.
Assim estaremos
colaborando de
forma direta com
a formação de
uma geração de
espíritas mais
conscientes e
esclarecidos.
Como afirmou
Kardec, no livro
A Gênese,
a nova geração é
formada por
Espíritos
inclinados ao
bem. Se vão
seguir o caminho
do bem, contudo,
dependem da
orientação que
receberem dos
adultos que, de
alguma forma,
estão ligados à
sua formação.
A Casa Espírita
e,
principalmente,
os Educadores
Espíritas,
possuem assim
uma tarefa de
grande
responsabilidade
em suas mãos.
Preparar-se
adequadamente
para tal é
obrigação de
quem optou por
seguir esse
caminho.
(1)
Foi Edgard
Armond, no livro
Trabalhos
práticos de
Espiritismo, p.
84, quem deu o
nome de
“papa-passes” ao
indivíduo que
busca passes
sistematicamente,
mesmo quando
deles não
necessita.