Um leitor da revista
pergunta-nos sobre a origem
da expressão “Espiritismo
cristão” e quem a utilizou
primeiro nas obras
espíritas.
Contrariamente ao que muitos
imaginam, não foi Emmanuel
quem criou a expressão
“Espiritismo cristão”, que
apareceu pela primeira vez
no início de 1861 em O
Livro dos Médiuns, de
Kardec, e voltou a ser
utilizada em janeiro de 1862
pelo Codificador, em seu
livro O Espiritismo em
sua mais simples expressão.
Em O Livro dos Médiuns
Kardec utilizou também a
expressão “espíritas
cristãos”.
Vejamos os textos em que
tais fatos se deram:
1. No livro O Espiritismo
em sua mais simples
expressão:
“Ao passo que a geração
proscrita vai desaparecer
rapidamente, uma nova
geração se eleva cujas
crenças serão fundadas sobre
o Espiritismo cristão.
Assistimos à transição
que se opera, prelúdio da
renovação moral da qual o
Espiritismo marca o
advento.”
(O Espiritismo em sua mais
simples expressão, item 34.)
“Com o egoísmo, os homens
estão em luta perpétua; com
a caridade, estarão em paz.
A caridade, fazendo a base
de suas instituições, só ela
pode, pois, assegurar sua
felicidade neste mundo;
segundo as palavras do
Cristo, só ela pode também
assegurar sua felicidade
futura, porque encerra,
implicitamente, todas as
virtudes que podem
conduzi-los à perfeição. Com
a verdadeira caridade, tal
qual ensinou e praticou o
Cristo, não mais de egoísmo,
de orgulho, de ódio, de
ciúme, de maledicência; não
mais de agarramento
desordenado aos bens deste
mundo. Por isso o
Espiritismo cristão tem
por máxima: FORA DA CARIDADE
NÃO HÁ SALVAÇÃO.”
(O Espiritismo em sua mais
simples expressão, item 60.)
2. Em O Livro dos Médiuns:
“Entre os que se convenceram
por um estudo direto, podem
destacar-se:
1º Os que creem pura e
simplesmente nas
manifestações. Para eles, o
Espiritismo é apenas uma
ciência de observação, uma
série de fatos mais ou menos
curiosos. Chamar-lhes-emos
espíritas
experimentadores.
2º Os que no Espiritismo
veem mais do que fatos;
compreendem-lhe a parte
filosófica; admiram a moral
daí decorrente, mas não a
praticam. Insignificante ou
nula é a influência que lhes
exerce nos caracteres. Em
nada alteram seus hábitos e
não se privariam de um só
gozo que fosse. O avarento
continua a sê-lo, o
orgulhoso se conserva cheio
de si, o invejoso e o cioso
sempre hostis. Consideram a
caridade cristã apenas uma
bela máxima. São os
espíritas imperfeitos.
3º Os que não se contentam
com admirar a moral
espírita, que a praticam e
lhe aceitam todas as
consequências. Convencidos
de que a existência terrena
é uma prova passageira,
tratam de aproveitar os seus
breves instantes para
avançar pela senda do
progresso, única que os pode
elevar na hierarquia do
mundo dos Espíritos,
esforçando-se por fazer o
bem e coibir seus maus
pendores. As relações com
eles sempre oferecem
segurança, porque a
convicção que nutrem os
preserva de pensarem em
praticar o mal. A caridade
é, em tudo, a regra de
proceder a que obedecem. São
os verdadeiros espíritas,
ou melhor, os
espíritas cristãos.”
(O Livro dos Médiuns, 1ª
Parte, cap. III, item 28.)
“Se o Espiritismo, conforme
foi anunciado, tem que
determinar a transformação
da Humanidade, claro é que
esse efeito ele só poderá
produzir melhorando as
massas, o que se verificará
gradualmente, pouco a pouco,
em consequência do
aperfeiçoamento dos
indivíduos. Que importa crer
na existência dos Espíritos,
se essa crença não faz que
aquele que a tem se torne
melhor, mais benigno e
indulgente para com os seus
semelhantes, mais humilde e
paciente na adversidade? De
que serve ao avarento ser
espírita, se continua
avarento; ao orgulhoso, se
se conserva cheio de si; ao
invejoso, se permanece
dominado pela inveja? Assim,
poderiam todos os homens
acreditar nas manifestações
dos Espíritos e a Humanidade
ficar estacionária. Tais,
porém, não são os desígnios
de Deus. Para o objetivo
providencial, portanto, é
que devem tender todas as
Sociedades espíritas sérias,
grupando todos os que se
achem animados dos mesmos
sentimentos. Então, haverá
união entre elas, simpatia,
fraternidade, em vez de vão
e pueril antagonismo,
nascido do amor-próprio,
mais de palavras do que de
fatos; então, elas serão
fortes e poderosas, porque
assentarão em inabalável
alicerce: o bem para todos;
então, serão respeitadas e
imporão silêncio à zombaria
tola, porque falarão em nome
da moral evangélica, que
todos respeitam. Essa a
estrada pela qual temos
procurado com esforço fazer
que o Espiritismo enverede.
A bandeira que desfraldamos
bem alto é a do
Espiritismo cristão e
humanitário, em torno da
qual já temos a ventura de
ver, em todas as partes do
globo, congregados tantos
homens, por compreenderem
que aí é que está a âncora
de salvação, a salvaguarda
da ordem pública, o sinal de
uma era nova para a
Humanidade. Convidamos,
pois, todas as Sociedades
espíritas a colaborar nessa
grande obra. Que de um
extremo ao outro do mundo
elas se estendam
fraternalmente as mãos e eis
que terão colhido o mal em
inextricáveis malhas.”
(O Livro dos Médiuns, 2ª
Parte, cap. XXIX, item 350.)
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