JOSÉ REIS CHAVES
jreischaves@gmail.com
Belo Horizonte,
Minas Gerais
(Brasil)
O homem morre
uma vez só,
e seu Espírito é
imortal
Hoje se sabe que
Hebreus não é de
autoria de São
Paulo. Mas ele
levou as ideias
judaicas de
sacrifícios para
as suas
epístolas, que
são tidos como
sendo os mais
velhos escritos
do cristianismo:
“Cristo vos
amou, e se
entregou a si
mesmo por nós,
como oferta e
sacrifício a
Deus em aroma
suave”. (Efésios
5,2.) Compare-se
esse texto com
este de Moisés:
“Assim queimarás
todo o carneiro
sobre o altar; é
holocausto para
o Senhor, de
aroma
agradável...”
(Êxodo 29,18.)
Paulo condena
também os
sacrifícios de
animais, mas
para enfatizar a
importância do
de Jesus, que os
substitui. Mas
será que Deus se
deleitaria mais
com o de Jesus,
que condenou os
de animais?
“Misericórdia
quero, e não
holocaustos.”
(Mateus 9,13.) E
não seria
estranho que
Jesus, apoiado
por Deus,
exigisse a sua
própria morte na
cruz, para o fim
dos sacrifícios
de animais? Deus
e Jesus estariam
por trás desse
monstruoso
pecado? E como
pode um pecado
tão grave como
esse anular
todos os pecados
da humanidade?
Para Deus seria
mesmo mais
importante o
sacrifício de
morte na cruz de
seu Filho Jesus?
Os teólogos, com
sua teologia do
sangue, não
teriam
confundido o
Espírito do
próprio Deus com
um Espírito
atrasado que
gosta de sangue?
Nenhum ser
humano e nem
mesmo Jesus
sabem tudo, mas
apenas Deus o
sabe. (São
Mateus 24,36.)
Não é
surpreendente,
pois, que Paulo
e o autor de
Hebreus tenham
cometido o erro
de achar que
Deus gostasse de
sacrifícios. E,
inicialmente,
Paulo até
ensinava, também
erroneamente,
que a segunda
vinda de Jesus
aconteceria com
ele, Paulo,
ainda encarnado:
“Nós, os vivos,
os que ficarmos
até a vinda do
Senhor...”
(Tessalonicenses
4,15.)
E é por causa de
um texto de
Hebreus (seria
seu autor
discípulo de
Paulo?) que
muitos,
equivocadamente,
pensam – ou
fingem que
pensam – que
Hebreus é
contrário à
reencarnação:
“E, assim como
aos homens está
ordenado
morrerem uma só
vez e, depois
disto, o juízo,”
(Hebreus 9,27),
o que nada tem a
ver com a
reencarnação.
O que o autor de
Hebreus destaca
é justamente a
morte de Jesus
na cruz, que foi
uma vez só. A
sequência da
leitura do
texto, que até
continua com a
inicial
minúscula, nos
mostra isso:
“assim também
Cristo, tendo-se
oferecido uma
vez para sempre
para tirar os
pecados de
muitos...”
(Hebreus 9,28.)
E o autor de
Hebreus, nessa
comparação, se
referiu ao homem
fenomênico,
exterior (2
Coríntios 4,16),
de barro, que
morre mesmo uma
vez só, voltando
ao seu pó, e não
ao homem
interior
(2Coríntios
4,16), que é o
espírito imortal
do homem, que
apenas sai do
homem, que
morre, e volta
para o mundo
espiritual
(Eclesiastes
12,7). É falso,
pois, o
argumento de que
não se pode
separar o
espírito do
homem do homem.
As referências
bíblicas
mencionadas
mostram-nos o
contrário. E
todo o homem
morto vai para o
cemitério,
enquanto que seu
espírito vai
para o além.
Ademais, o
julgamento
cármico paulino
(2 coríntios
5,10), após a
morte, não é o
único, pois há o
do juízo final
(1 Pedro 4,5),
já que a jornada
evolutiva do
Espírito não
termina no
túmulo.
E cada homem
morto que morre
uma vez só vai
também uma vez
só para o
cemitério,
virando pó. Mas
seu Espírito
jamais morre,
jamais vai para
o cemitério e
jamais vira pó.
E é esse
Espírito imortal
que reencarna em
outro homem que
nasce e que
sempre morrerá
uma vez só!