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Clássicos do Espiritismo
Ano 4 - N° 179 10 de Outubro de 2010
ANGÉLICA REIS
a_reis_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná (Brasil)
 

Fenômenos de Transporte

Ernesto Bozzano

(Parte 5)

Continuamos a apresentar o estudo do clássico Fenômenos de Transporte, de Ernesto Bozzano, com base na tradução de Francisco Klörs Werneck, publicada pelas  Edições FEESP, 4a edição, março de 1995.

Questões preliminares

A. Como se explica o fenômeno da penetração de um objeto em um ambiente hermeticamente fechado?

Segundo Bozzano, esse fenômeno se dá por obra de um processo de desintegração molecular da matéria que constitui o objeto, à qual sucede um processo de reintegração instantânea, mas nunca com o auxílio de uma fantástica “quarta dimensão” do espaço que permitiria ao objeto penetrar em um espaço de três dimensões, hermeticamente fechado. (Fenômenos de Transporte, pp. 47 e 48.)

B. Em suas investigações, que providências Bozzano tomava para evitar a possibilidade de fraudes?

Os Casos XII a XVII referidos neste livro foram tirados das investigações pessoais de Bozzano, no período de 1894 a 1904, valendo-se da mediunidade de Eusápia Paladino, Luigi Poggi e Tito Aicardi. A respeito dessas experiências, Bozzano informa: I) as portas eram fechadas à chave, e esta posta em seu bolso; II) todos os presentes faziam rigorosamente a cadeia de mãos, de modo que as mãos do médium eram constantemente controladas; III) no caso de Luigi Poggi, os fenômenos de “transporte” eram invariavelmente anunciados com antecedência por crises de convulsões tônico-clônicas que o assaltavam, as quais avisavam da iminência do transporte; IV) os objetos de pedra ou de metal caíam do alto com barulho sobre os móveis ou o chão; V) as flores e os ramos eram colocados delicadamente no colo das pessoas a que eram destinadas, ações que não poderiam ser praticadas por uma pessoa segura pelas mãos. (Obra citada, pp. 48 e 49.)

C. Além da explicação dada pelos Espíritos, que provas Bozzano reuniu a respeito da desintegração molecular dos objetos?

A revista “Luce e Ombra”, de maio de 1928, publicou um artigo em que o Dr. Guglielmo Civitelli se reporta a um fenômeno obtido em Nápoles, com a mediunidade de Eusápia Paladino, no palácio da princesa Piccolomini. O experimentador havia pedido a “John” para transportar um dedal de prata fechado em um escrínio existente em outro aposento do palácio. Quando se esperava a produção do fenômeno, uma circunstância imprevista fez interromper a sessão. Mais tarde, examinou-se o referido escrínio, verificando-se que, no lugar do dedal, havia apenas uma pitada de pó de prata impalpável. Esse e outros fenômenos de transporte não consumados bastam, segundo Bozzano, para confirmar que os transportes são produzidos por força de um processo de desintegração e reintegração molecular rapidíssima dos objetos transportados, salvo uma variante que não muda, de modo algum, os processos, isto é, a vontade operante se serve, às vezes, de processo idêntico praticando um furo nas portas, janelas, paredes, introduzindo, nesse espaço, um objeto em um ambiente hermeticamente fechado, sem desintegrá-lo. (Obra citada, pp. 60 a 62.)

Texto para leitura  

48. Indagando ao Espírito-guia “Walter”, que trabalhava com a médium Sra. D’Espérance, como fora transportado para o recinto um lírio com sete pés de altura, os experimentadores ouviram-no dizer que a planta já ali estava, antes da chegada deles, pronta para ser materializada, pelo menos uma hora antes de a terem visto. (P. 47)

49. Esclarece Bozzano: I) não são raros os casos em que, no lugar de perceberem as “sombras” dos objetos, se nota, de repente, a fragrância das flores e dos perfumes prestes a serem materializados; II) o fenômeno da penetração de um objeto qualquer em um ambiente hermeticamente fechado se dá por obra de um processo de desintegração molecular da matéria que constitui o objeto, à qual sucede um processo de reintegração instantânea, mas nunca com o auxílio de uma fantástica “quarta dimensão” do espaço que permitiria ao objeto penetrar em um espaço de três dimensões, hermeticamente fechado; III) a sonâmbula Louise dizia a Henri Sausse que, durante a desmaterialização, percebia a desintegração das moléculas dos objetos que conservavam, porém, sua respectiva posição. (PP. 47 e 48)        

50. Os Casos XII a XVII foram tirados das investigações pessoais de Bozzano, no período de 1894 a 1904, valendo-se da mediunidade de Eusápia Paladino, Luigi Poggi e Tito Aicardi, estes dois fundadores, com Bozzano, do Círculo Científico Minerva, de Gênova, ao qual pertenciam Enrico Morselli, Francisco Porro e Giuseppe Venzano. (P. 48)        

51. A respeito dessas experiências, Bozzano informa: I) as portas eram fechadas à chave, e esta posta em seu bolso; II) todos os presentes faziam rigorosamente a cadeia de mãos, de modo que as mãos do médium eram constantemente controladas; III) no caso de Luigi Poggi, os fenômenos de “transporte” eram invariavelmente anunciados com antecedência por crises de convulsões tônico-clônicas que o assaltavam, as quais avisavam da iminência do transporte; IV) os objetos de pedra ou de metal caíam do alto com barulho sobre os móveis ou o chão; V) as flores e os ramos eram colocados delicadamente no colo das pessoas a que eram destinadas, ações que não poderiam ser praticadas por uma pessoa segura pelas mãos. (PP. 48 e 49) 

52. Nos episódios em causa os objetos transportados foram estes: I) um grande pão de “massa de soda”, pelo qual o Sr. Felice Avelino, que dirigia o experimento, teve de dar ao Espírito uma moeda de dois soldos, que foi tirada de sua mão pelo Espírito-guia; II) cravos encarnados, encharcados de água, visto que no momento chovia no local de onde foram extraídos; III) um galho pequeno de uma planta desconhecida, mais tarde identificada como sendo um arbusto comum da flora hindu; IV) um prego bem grosso, com vestígios de cal seca, retirado da parede do terraço do vizinho de cima do apartamento onde se realizava a sessão; V) uma moeda de cobre, de cunhagem turca, com as dimensões de uma moeda italiana de dois soldos;  VI) uma pedra oval do tamanho de um ovo de pavoa, que fora retirada da construção que ornava o túmulo da mãe do médium Luigi Poggi, situado numa pequena cidade toscana, a 300 km do local da experiência. (PP. 49 a 59) 

53. Encorajado com o êxito da reunião, Bozzano perguntou ao espírito se ele poderia trazer um pequeno bloco de pirite que se encontrava em seu escritório, a dois quilômetros dali. A entidade disse que o transporte anteriormente feito quase esgotara a reserva de força, mas, mesmo assim, tentaria obter o solicitado. O médium é tomado de contrações espasmódicas, mas nada cai sobre a mesa. Faltara força ao espírito. Ele conseguira desmaterializar parte do bloco de pirite e trazê-la, mas faltava força para rematerializá-la. Acesa a luz, viu-se com assombro que todos, pessoas, móveis e tapete, estavam cobertos de um pozinho brilhante de pirite e enxofre. (N.R.: Parece-me que o nome certo é pirita, e não pirite. Pirita, segundo a enciclopédia, é um mineral de cor amarelo-dourada, única fonte de enxofre no Brasil.)  (PP. 59 e 60)        

54. De retorno ao seu escritório, após recolher pacientemente grande parte do pó impalpável espalhado sobre a mesa e as pessoas, Bozzano verificou que ao bloco de pirite faltava um grosso fragmento, mais ou menos uma terça parte do objeto, em que se percebia um profundo talho. (P. 60)        

55. Este caso, embora não consumado, acabou revelando grande valor, por evidenciar, de forma incontestável, as modalidades com as quais se produzem os fenômenos de transporte, para o que foram propugnadas hipóteses explicativas diversas, entre as quais a bem absurda e inconcebível de que os objetos transportados penetrariam o recinto fechado, passando antes por uma “quarta dimensão do espaço”, hipótese puramente metafísica, literalmente fantástica e nunca demonstrável. (P. 60)        

56. Considerando que tal fenômeno, positivamente comprovado, basta, por si só, para destruir a hipótese da “quarta dimensão”, colocando a questão sobre bases experimentais seguras, Bozzano acrescenta que o fato não é, como ele imaginava, o único a ocorrer em idênticas condições, pois a revista “Luce e Ombra”, de maio de 1928, publicou um artigo em que o Dr. Guglielmo Civitelli se reporta a fenômeno análogo obtido em Nápoles, com a mediunidade de Eusápia Paladino, no palácio da princesa Piccolomini. (PP. 60 e 61)        

57. Eis como o fato se deu: o experimentador havia pedido a “John” para transportar um dedal de prata fechado em um escrínio existente em outro aposento do palácio. Quando se esperava a produção do fenômeno, uma circunstância imprevista fez interromper a sessão. Mais tarde, examinou-se o referido escrínio, verificando-se que, no lugar do dedal, havia apenas uma pitada de pó de prata impalpável. (P. 61)        

58. Para Bozzano, os dois fenômenos não consumados bastam para confirmar que os “transportes” são produzidos por força de um processo de desintegração e reintegração molecular rapidíssima dos objetos transportados, salvo uma variante que não muda, de modo algum, os processos, isto é, a vontade operante se serve, às vezes, de processo idêntico praticando um furo nas portas, janelas, paredes, introduzindo, nesse espaço, um objeto em um ambiente hermeticamente fechado, sem desintegrá-lo. Esta última variante do fenômeno foi indicado pelo espírito que atuou no transporte incompleto ora referido. Bozzano, aliás, já notara que às vezes os objetos estavam quentes, outras vezes, normais. O “Espírito-guia” informou, então, que quando os objetos estavam quentes, isto acontecia porque eles haviam desintegrado de modo fulminante a matéria que constituía o objeto transportado. No caso em que o objeto chegava termicamente normal, isto acontecia porque, em vez de desintegrar o objeto, eles haviam desintegrado a madeira da porta ou da janela. (PP. 61 e 62) (Continua no próximo número.)





 


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