Sonetos
(2)
Batista Cepelos
Ninguém ouve na Terra
esse lamento
Da minha dor imensa,
incompreendida,
Nas pavorosas trevas
desta vida
Em que eu julgava achar
o Esquecimento.
Tenebrosa, essa noite
indefinida,
Cheia de tempestade e
sofrimento,
No país do Pavor e do
Tormento
Onde chora a minhalma
enceguecida.
Onde o não-ser, a paz
calma e serena,
Que me traria o bálsamo
a esta pena
Interminável, rude,
dolorosa?
Ninguém! Uma só voz não
me responde!
Sinto somente a treva
que me esconde
Na vastidão da noite
tormentosa...
Poeta paulista, Batista
Cepelos desencarnou no
Rio de Janeiro em 1915,
atribuindo-se a suicídio
o encontro do seu corpo
entre pedras de uma
rocha, na rua Pedro
Américo. Esta versão
parece confirmar-se
agora neste soneto que
integra o Parnaso de
Além-Túmulo, obra
psicografada pelo médium
Francisco Cândido
Xavier.