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Crônicas e Artigos

Ano 4 - N° 179 - 10 de Outubro de 2010

VALCI SILVA
valcipsi@terra.com.br
Tupã, São Paulo (Brasil)
 

Leis de amor       


Allan Kardec, em O Livro dos Espíritos, estabelece novos princípios que vão nortear a humanidade, como vem acontecendo, quando ensina que: “Com o Espiritismo, a humanidade deve entrar numa fase nova, a do progresso moral, que lhe é consequência inevitável”, estabelecendo bases seguras e muito lógicas, além de muito objetivas quando ensina que a moral dos Espíritos superiores se resume como a do Cristo, nesta máxima evangélica: “fazer aos outros o que quereríamos que os outros nos fizessem”, ou seja, fazer o bem e não fazer o mal.

O homem encontra nesse princípio a regra universal de conduta, mesmo para as menores ações. Tal ensinamento nos remete ao conhecimento de nós mesmos. Bastar buscarmos na pergunta 919 de OLE, quando é indagado aos Espíritos “qual o meio mais prático e eficaz para se melhorar nesta vida e resistir ao arrebatamento do mal?. “Conhece-te a ti mesmo”, respondem os Espíritos de modo peremptório e objetivamente, levando-nos à reflexão de que devemos sondar a nossa própria alma na busca da compreensão de nossos anseios e expectativas nesta vida, além de nos aprofundarmos em nosso ser com o propósito de melhor nos conhecermos. Mas faltava uma grande questão a ser resolvida. Como conhecer-se? Que métodos ou estratégias poderíamos usar para tal mister?

Vamos encontrar o caminho em o Evangelho segundo o Espiritismo, no capítulo Os Bons Espíritas, novamente de modo objetivo e cristalino: “reconhece-se o verdadeiro espírita pela sua transformação moral e pelo esforço que empreende no domínio das más inclinações”. Para tanto o homem precisa compreender e aceitar que é portador de limitações e dificuldades, as quais sozinho não consegue superar. É quando, então, podemos seguir uma outra regra do Evangelho que nos ensina a nos conhecermos através do convívio com o próximo, procurando através da bondade e da solidariedade, amando ao próximo como a si mesmo, ou seja, fazendo aos outros o que quereríamos que os outros nos fizessem, daí decorrendo a mais completa expressão da caridade, pois é sabido que aí se resumem todos os deveres para com o próximo: a verdadeira caridade.

Os relacionamentos entre os seres humanos através da convivência social e as experiências vividas ensinam constantes lições novas, como, por exemplo, o conhecer-se pela dor. É novamente o Evangelho que vem em nosso socorro e amparo quando ensina que: “todos quantos sejam feridos no coração por reveses e decepções da vida consultem serenamente a sua consciência, remontem pouco a pouco à causa dos males que os afligem, e verão se, as mais das vezes, não poderão confessar: se eu tivesse feito, ou se não tivesse feito tal coisa, não estaria nesta situação”.

Posto isto, podemos concluir o quanto esta vida é uma grande lição e quão importante se faz a vida em sociedade, já que é através dela que somos burilados em nossas virtudes e imperfeições, levando-se em consideração que toda semeadura é livre, porém, obrigatória é a colheita. Nada mais oportuno e educativo do que a vida na grande sociedade chamada humanidade. A dor pode nestas circunstâncias retificar as nossas mazelas do ontem ou o futuro próximo, já que os processos de sofrimento, nas suas mais variadas formas, podem provocar na nossa alma o despertar da consciência e a ampliação do nosso grau de sensibilidade, para percebermos os aspectos edificantes que o coração, nas suas manifestações mais nobres, pode realizar.

Diante do quadro atual da humanidade, vemos com clareza que necessitamos urgentemente transformar intimamente três grandes vertentes da alma humana, com vistas ao porvir de nossa evolução, quais sejam: os vícios, os defeitos e as virtudes. Os vícios da atual humanidade, como o uso e o abuso de todas as drogas (álcool, tabaco e outras), os malefícios do jogo (incluindo aqui a anuência dos governos), os malefícios da gula e, entre tantos outros, temos os malefícios do abuso sexual.

No tocante aos defeitos, naturalmente, como maior e pai de todos os demais, encontramos o orgulho, que nos remete para a vaidade, a inveja, o ciúme, a avareza, o ódio, a vingança e a agressividade entre dezenas deles. É sabido que ninguém é portador somente de vícios ou defeitos, estando presentes na alma humana as virtudes, mas que de modo geral se encontram latentes (dormentes na alma), e necessitam ser despertadas e aperfeiçoadas, tais como a humildade, a modéstia, a resignação, a piedade, a afabilidade, a compreensão. No entanto, em uma lista imensa de virtudes humanas, é preciso destacar a do perdão, como o grande recurso e instrumento de que dispomos para superar as adversidades e contrariedades desta nossa jornada terrena, onde frequentemente somos atacados, magoados e feridos em nossa busca incessante de crescimento, mas que nem sempre somos compreendidos ou nos compreendemos uns aos outros.

Precisamos compreender e aprender que outros prados, outras pradarias nos esperam. Mundos espirituais, onde a Justiça não fenece, onde o Amor continuamente floresce, e onde a Bondade perdura como recursos à disposição de todo aquele que busca o Reino de Deus.


 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita