João José Carlos de Souza,
de
Recife-PE, conforme texto
publicado na seção de
Cartas da edição 181
desta revista, enviou-nos a
seguinte pergunta:
Se existe uma programação
para a reencarnação, como se
explica a reencarnação
proveniente de um estupro?
Entendemos, à vista dos
ensinamentos contidos na
obra de Allan Kardec, que
ninguém vem ao mundo para
matar, estuprar ou cometer
suicídio. Em face disso,
tais ações não fazem parte,
com toda a certeza, de
nenhuma programação
reencarnatória.
Isso não implica dizer que
as vítimas de um assassínio
ou de um estupro tenham
passado por essa situação
por mera obra do acaso,
visto que o acaso não
existe. As ações que
cometemos num dado momento
apresentarão necessariamente
uma reação, e o próprio
Cristo a isso se referiu
quando do conhecido episódio
narrado no Evangelho de
Mateus em que Jesus diz a
Pedro: “Embainha
a tua espada; porque todos
os que lançarem mão da
espada, à espada morrerão”
(Mateus, 26:52).
Em entrevista publicada na
edição 51 desta revista foi
perguntado a Divaldo Franco:
– Qual deve ser, à luz do
Espiritismo, a posição de
uma jovem e sua família
diante de uma gravidez
originada de um estupro?
O conhecido médium e orador
respondeu: “Embora
lamentável e dolorosa a
circunstância traumática da
ocorrência, é dever da jovem
e dos seus familiares
manterem a gravidez,
auxiliando o Espírito que se
reencarna em situação
aflitiva e angustiante.
Compreende-se a dor da
vítima e dos seus
familiares, no entanto, não
se tem o direito de matar o
ser reencarnante que
necessita do retorno naquela
maneira, a fim de crescer
para Deus. Não raro, esses
seres que renascem nessa
conjuntura tornam-se
amorosos e profundamente
agradecidos àqueles que lhe
propiciaram o recomeço
terrestre: a mãe e os
familiares”.
(1)
Chamamos a atenção para este
trecho da resposta dada por
Divaldo: “Não raro, esses
seres que renascem nessa
conjuntura tornam-se
amorosos e profundamente
agradecidos...”.
Por que será? Se não houve
programação alguma do
estupro contra aquela
mulher, que filho é esse
que, anos mais tarde,
torna-se amoroso e
agradecido?
A resposta vamos encontrar
em um texto do Dr. Jorge
Andréa (Encontro com a
Cultura Espírita, págs.
91 a 95), que afirma que
nenhum Espírito chegará ao
processo reencarnatório sem
uma atração específica com
sua futura mãe.
O mergulho na reencarnação –
diz ele – só se dará quando
a sintonia entre mãe e
futuro filho estiver
praticamente indissolúvel.
Qualquer que seja a
qualidade do reencarnante,
haverá sempre com a mãe
correlação de causas, onde
ambos lucrarão sempre, no
sentido evolutivo, quer os
mecanismos se exteriorizem
nas faixas do amor ou do
ódio. O Espírito
reencarnante, com o seu
campo específico de
energias, fará a seleção do
espermatozoide pelas
contingências de suas
irradiações, adquirindo e
construindo o futuro corpo
de acordo com as suas
necessidades.
A posição de Joanna de
Ângelis (Após a
Tempestade, cap. 10,
obra psicografada por
Divaldo P. Franco) não é
diferente. Os filhos – diz
ela - não são realizações
fortuitas. Procedem de
compromissos aceitos antes
da reencarnação pelos
futuros genitores, de modo a
edificarem a família de que
necessitam para a própria
evolução.
Se é lícito a uma pessoa
adiar a recepção de
Espíritos que lhes são
vinculados, impossibilitando
mesmo que se reencarnem por
seu intermédio, as Soberanas
Leis da Vida dispõem de
meios para fazer com que
aqueles rejeitados venham
por outros processos à porta
dos seus devedores ou
credores, em circunstâncias
talvez mui dolorosas.
É por isso que, à luz dos
ensinamentos espíritas, só
podemos admitir o aborto que
se pratica para salvar a
vida da gestante, e nenhum
outro, como nesta revista
tem sido dito repetidas
vezes.
(1)
A entrevista concedida por
Divaldo Franco pode ser
vista na íntegra clicando-se
neste link:
http://www.oconsolador.com.br/51/entrevista.html.
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