ANGÉLICA
REIS
a_reis_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná
(Brasil)
|
Fenômenos de Transporte
Ernesto Bozzano
(Parte
9 e final)
Concluímos a apresentação
do
estudo do clássico
Fenômenos de Transporte,
de Ernesto Bozzano, com base
na tradução de
Francisco Klörs Werneck,
publicada pelas
Edições FEESP, 4a
edição, março de 1995.
Questões preliminares
A. Após todos os fatos
examinados neste livro,
a que conclusão chegou
Bozzano quanto à
produção dos
transportes?
Ao final desta obra,
Bozzano reiterou sua
convicção de que os
“transportes” se
produzem por força do
processo, quase
instantâneo, de
desintegração e
reintegração do objeto
transportado, processo
que algumas vezes assume
forma inversa com
desintegração e
reintegração de um furo
nas portas e nas
paredes, o que não muda
a essência do fenômeno.
(Fenômenos de
Transporte, pp. 112 e
113.)
B. Nos transportes há
sempre atuação dos
Espíritos?
Não. Segundo Bozzano,
parte dos fenômenos tem
origem em um ato de
vontade da personalidade
subconsciente do próprio
médium, enquanto outro
tanto só se explica com
a intervenção dos
Espíritos. Um destes
fatos é o caso XVI em
que a entidade
comunicante se expressou
na língua turca, que
ninguém ali entre os
presentes conhecia.
(Obra citada, pp. 117 a
120.)
C. De todos os fatos
descritos, qual foi,
segundo Bozzano, o mais
marcante?
Foi o “transporte” do
menino Paulo, então com
nove meses, levado da
sala das sessões, onde
dormia em sua caminha de
ferro, para um quarto
contíguo, no momento em
que o grupo se havia
retirado da sala para
cear noutro recinto. Ao
retornarem à sessão,
eles viram a criança
acocorada perto de uma
cadeira, no meio do
quarto, com os olhos
fechados, a choramingar
de sono.
(Obra citada, pp. 122 e
123.)
Texto para leitura
92. Neste capítulo,
Bozzano menciona as
opiniões de alguns dos
mais autorizados homens
de ciência que se
declararam céticos ou
ainda não convencidos
dos fenômenos de
“transportes” e da
“penetração da matéria
através da matéria”: I)
Hartmann, embora tenha
aceitado quase
integralmente a
fenomenologia mediúnica,
inclusive as
materializações de
fantasmas, classificou
os mencionados fenômenos
entre a categoria dos
fatos particularmente
inverossímeis; II) Frank
Podmore manteve-se
irredutível e irrazoável
com referência aos
“transportes”, que ele
explica com a hipótese
da “fraude” ou da
“mentira”; III) Petrovo
Solonovo, ao invés de
admitir a existência
real dos fenômenos de
“transporte”, não
hesitou em acusar o
reverendo Stainton Moses
de práticas
fraudulentas; IV) Oliver
Lodge, como físico que
é, não consegue
compreender o fenômeno
da “penetração da
matéria através da
matéria”, mas
cautelosamente, sem o
negar, assevera ser
preciso que provas
excepcionalmente
importantes e decisivas
o convençam de que o
fenômeno da
desmaterialização é
real; V) Charles Richet
ficou perplexo e
duvidoso quanto ao
fenômeno da “penetração
da matéria através da
matéria” e dos
“transportes”, porque,
segundo ele, nenhuma
prova satisfatória de
ambos os fenômenos até
agora havia sido dada;
VI) Stanley De Brath,
diretor da revista
inglesa “Psychic
Science”, ficou
igualmente perplexo
diante dos “transportes”
e, sem negar o fenômeno,
duvida e recalcitra,
diante da questão da
enorme energia
necessária para
conseguir-se a
desintegração da
matéria. (PP. 105 a 110)
93. A
dúvida oposta pelo
engenheiro Stanley De
Brath tem, como causa,
as mesmas considerações
formuladas pelo
professor Oliver Lodge.
Bozzano argumenta,
porém, que no caso dos
“transportes” não se
trata somente de energia
física, mas, acima de
tudo, de energia
psíquica, liberada por
um ato de vontade
subconsciente ou
exterior. Que sabemos
nós – pergunta ele – das
presumíveis reservas de
energia sui generis
existentes, em potência,
no Espírito humano e
capazes de produzir, na
matéria, explosões
formidáveis de energia
física?
(N.R.: A mesma
dúvida foi e tem sido
levantada no tocante à
materialização de
espíritos, fenômeno que
Richet considera
comprovado e
indubitável. Em seu
livro Chico Xavier
pede Licença, às pp.
74 e 75, J. Herculano
Pires comenta a objeção
feita pelo professor
Carlos Chohfi, do
Departamento de Física
da Universidade
Mackenzie, para quem
seria impossível
materializar uma pessoa
de 70 kg, o que exigiria
toda a energia produzida
em 293 anos pela
hidrelétrica de Jupiá.
Os Espíritos, contudo,
se materializam... Ora,
lembra Herculano, a
materialização de
espíritos, apesar dessa
expressão, não significa
a formação de um
organismo humano, mas
simplesmente a
utilização do ectoplasma
para dar ao corpo
espiritual a aparência
humana, um problema, não
de Física habitual, mas,
como diria Zöllner, de
Física Transcendental.)
94. Esperando que a
exuberância de provas
reunidas nesta obra
possa concorrer para
dissipar as dúvidas
levantadas pelos
eminentes cientistas
aqui citados, Bozzano
reitera a sua convicção
de que os “transportes”
se produzem por força do
processo, quase
instantâneo, de
desintegração e
reintegração que parece
tão árduo aos cientistas
referidos, processo que
algumas vezes assume
forma inversa com
desintegração e
reintegração de um furo
nas portas e nas
paredes, o que não muda
a essência do fenômeno.
(N.R.: A respeito
do assunto é bom lembrar
que Allan Kardec tratou
do fenômeno de
transporte no cap. V,
itens 96 a 99, de “O
Livro dos Médiuns”.
Indagado se um objeto
pode ser trazido a um
lugar inteiramente
fechado, Erasto
respondeu a Kardec:
“É complexa esta
questão. O Espírito pode
tornar invisíveis,
porém, não penetráveis,
os objetos que ele
transporte; não pode
quebrar a agregação da
matéria, porque seria a
destruição do objeto.
Tornando este invisível,
o Espírito o pode
transportar quando
queira e não o libertar
senão no momento
oportuno, para fazê-lo
aparecer. De modo
diverso se passam as
coisas, com relação aos
que compomos. Como
nestes só introduzimos
os elementos da matéria,
como esses elementos são
essencialmente
penetráveis e, ainda,
como nós mesmos
penetramos e
atravessamos os corpos
mais condensados, com a
mesma facilidade com que
os raios solares
atravessam uma placa de
vidro, podemos
perfeitamente dizer que
introduzimos o objeto
num lugar que esteja
hermeticamente fechado,
mas isso somente neste
caso”. André Luiz
examinou a questão em
seu livro “Nos Domínios
da Mediunidade”, cap.
28, pp. 268 a 271, em
que relata o seguinte
caso: Findo o trabalho
medicamentoso, um
Espírito tomou pequena
porção das forças
materializantes do
médium sobre as mãos e
afastou-se, para trazer,
daí a instantes,
algumas flores que
foram distribuídas com
os irmãos encarnados, no
intuito de sossegar-lhes
a mente excitadiça. O
Assistente Aulus
explicou: “E' o
transporte comum,
realizado com reduzida
cooperação das energias
medianímicas. Nosso
amigo apenas tomou
diminuta quantidade de
força ectoplásmica,
formando somente
pequeninas
cristalizações
superficiais do polegar
e do indicador, em ambas
as mãos, a fim de colher
as flores e trazê-las
até nós”. Hilário
observou a facilidade
com que a energia
ectoplásmica atravessou
a matéria densa, porque
o Espírito, usando-a nos
dedos, não encontrou
qualquer obstáculo na
transposição da parede.
Aulus lembrou-lhe que
também as flores
transpuseram o tapume de
alvenaria, penetrando o
recinto graças ao
concurso de técnicos
bastante competentes
para desmaterializar os
elementos físicos e
reconstituí-los de
imediato. O Assistente
informou que, caso
houvesse utilidade, um
objeto poderia ser
removido da sala de
sessões para o exterior,
com a mesma facilidade.
“As cidadelas atômicas,
em qualquer construção
da forma física, não são
fortalezas maciças, qual
acontece em nossa
própria esfera de ação.
O espaço persiste em
todas as formações e,
através dele, os
elementos se
interpenetram”, explicou
Aulus.)
(PP. 112 e 113)
95. Dito isto, Bozzano
recorda, de forma
ligeira, as
considerações principais
que o levaram a admitir
tal processo:
I)
em primeiro lugar, a
circunstância dos
“transportes” de pedra
ou de metal que bastas
vezes foram encontrados
tépidos, quentes ou
ardentes, conforme a
estrutura atômica dos
mesmos;
II)
em segundo lugar, o fato
de terem muitos
experimentadores
assistido, em plena luz,
ao fenômeno de
reintegração do objeto
transportado;
III)
em terceiro lugar, a
circunstância de que, ao
serem interrogadas a
respeito, as
personalidades
mediúnicas informaram,
concordemente, que
desmaterializavam e
rematerializavam os
objetos transportados ou
uma seção adequada das
portas ou das paredes;
IV)
em quarto lugar, o fato
de terem sido
fotografados alguns
“transportes” no
instante mesmo em que os
objetos se reintegravam.
Com a mediunidade do Sr.
Lynn obtiveram-se várias
fotografias muito
animadoras, inclusive a
de uma colher de sal no
momento em que era
materializada, como
publicado no número de
julho de 1929 da
“Psychic Science”.
(PP. 113 e 114)
96. Na sequência,
Bozzano reconhece que os
fenômenos de transporte,
por serem de natureza
física, não fornecem,
por si mesmos, provas
diretas da existência e
sobrevivência do
Espírito humano. Ele
acrescenta, porém, que a
hipótese espírita não
tem necessidade dos
“transportes” para ser
demonstrada. (P. 114)
97. De qualquer modo, os
fenômenos de
“transporte” poderiam
fornecer provas
indiretas em tal
sentido, levando-se em
conta que os mesmos se
realizam com o auxílio
de faculdades
supranormais inerentes à
personalidade integral
subconsciente. “Já o
afirmei repetidas vezes:
o Animismo prova o
Espiritismo e, se não
houvesse fenômenos
anímicos, faltaria base
ao Espiritismo.” (PP.
114 e 115)
98. Comentando a tese de
certo fisiologista que
atribui as faculdades
supranormais a um “sexto
sentido” em gestação na
criatura humana, Bozzano
diz considerar a
hipótese de “sexto
sentido” sob outro ponto
de vista. Para ele, tudo
prova que as faculdades
supranormais
subconscientes jamais se
tornarão normais, porque
são inconciliáveis com
as condições em que se
realiza a vida terrena.
E ele justifica seu
pensamento, mostrando
como seria terrível o
homem inferior, que nós
bem conhecemos na Terra,
dotado de forma
generalizada de várias
aptidões para ler
pensamento, saber o
futuro, produzir os
transportes.
(N.R.: Embora
Bozzano não o diga, é
fácil deduzir que num
planeta moralmente mais
adiantado a extensão da
mediunidade a todos não
traria os problemas que
ele, corretamente,
levanta.)
(P. 115)
99. Fechando suas
considerações, Bozzano
entende que, no caso dos
“transportes”, após
analisar detidamente os
fatos, parte dos
fenômenos tem origem em
um ato de vontade da
personalidade
subconsciente do próprio
médium, mas outro tanto
só se explica com a
intervenção dos
espíritos. Um destes
fatos é o caso XVI em
que a entidade
comunicante se expressou
na língua turca, que
ninguém ali entre os
presentes conhecia.
Outra razão diz respeito
à ética observada em
determinados
“transportes”, nos quais
o agente não concordou
em trazer objetos de
grande valor. Ora, se o
ato é meramente
subconsciente e o
experimentador deseja o
objeto, que ética impede
que o fato se dê? Se não
vem do experimentador,
só pode provir da
entidade espiritual
operante. (PP. 117 a
120)
100. No último capítulo
desta obra, Bozzano
transcreve um caso de
“transporte” que lhe foi
relatado por Charles
Richet. O fenômeno
ocorreu em Buenos Aires,
no ano de 1891, com o
visconde Saúl de
Vitray-Ségur, neto da
famosa condessa de Ségur.
Foram trazidos ao
recinto da sessão: I) um
grande punhado de
violetas de Parma, com
flores e hastes
entrecruzadas, colhidas
em Mar del Plata, a 250
km da capital; II) uma
nota de cinco centavos,
a menor divisão da moeda
da época, retirada do
cofre de um banco
(registre-se que o
experimentador queria
uma nota de 1.000
piastras, mas o agente
operante recusou-se a
trazê-la, porque isso
seria um furto); III)
objetos diversos, chaves
etc. (PP. 121 e 122)
101. O fenômeno mais
marcante foi, contudo, o
“transporte” do menino
Paulo, então com nove
meses, levado da sala
das sessões, onde dormia
em sua caminha de ferro,
para um quarto contíguo,
no momento em que o
grupo se havia retirado
da sala para cear noutro
recinto. Ao retornarem à
sessão, eles viram a
criança acocorada perto
de uma cadeira, no meio
do quarto, com os olhos
fechados, a choramingar
de sono. (PP. 122 e
123)
102. Comentando o caso e
a recusa do agente
operante em trazer a
nota pedida pelo grupo
de experimentadores,
Bozzano assevera:
“Convenhamo-nos: tudo
concorre para demonstrar
que não se poderia
cogitar de uma prova
mais eficaz do que esta
aqui considerada para
provar a intervenção de
entidades espirituais na
realização dos fenômenos
de transporte”. “Repito,
portanto, meu desafio:
Quem for de parecer
contrário, queira expor
publicamente as suas
razões, e eu
replicarei.” (P. 125)