LEDA MARIA
FLABOREA
ledaflaborea@uol.com.br
São Paulo, SP
(Brasil)
A
propósito da busca
da
felicidade
“E assim, esperando com
paciência, alcançou a
promessa.” – Paulo
(Hebreus, 6:15.)
A carta de Paulo ao povo
hebreu tem por
finalidade mostrar que
as promessas de Deus aos
homens são imutáveis, e
que através de Jesus
elas se realizam, quando
o Mestre nos ensina como
proceder para que elas
se cumpram. Procura
destacar a superioridade
de Jesus a todos os
outros que O
antecederam, deixando
claro que Ele trazia os
ensinamentos necessários
ao nosso crescimento,
através das leis
amorosas de Deus. Com a
autoridade de quem fala
em nome Dele, o Divino
Amigo nos conclama à
conscientização dessas
leis, pela prática da
caridade.
O próprio Cristo
representa essa
caridade, porque tudo
que ensinou tem por base
o amor. Assim, quando
nos disse que
alcançaríamos o Reino
dos Céus e que a paz
divina faria morada em
nossos corações,
depositou em nosso ser,
para sempre, a semente
da esperança. E é a
esperança de atingir
essa paz, essa
felicidade que jamais se
alterará, que nos faz
continuar lutando,
apesar de todas as
dificuldades.
Com base na esperança de
alcançarmos a promessa
que Deus nos fez é que
Emmanuel nos proporciona
ensinamentos preciosos
sobre esses temas. Diz
para aguardarmos. Mas
como aguardaremos essa
promessa?
Desde os tempos remotos,
até hoje, os homens
esperam ter seus lares
abençoados, a
possibilidade do dever
cumprido, a consciência
edificada; ensejam que
seus ideais mais
elevados sejam
atendidos, que possam
ter seu trabalho
vitorioso e uma colheita
farta. Em toda parte, em
qualquer época, para
todos os homens, os
anseios são sempre os
mesmos. Mas fica claro
que não basta desejar e
esperar que as coisas se
realizem. Esperar não
significa inércia. Ao
contrário, significa
persistir sem cansaço,
porque alcançar
representa o triunfo
definitivo.
Nesse processo de
conquista, deve existir
um objetivo, mas, além
do objetivo, há que se
ter uma meta que
represente a
exteriorização desse
propósito. E esse
caminho, entre o
objetivo e a meta,
precisa ser traçado com
esforço constante e
inadiável da nossa parte
na busca desses anseios
que, muitas vezes, tomam
conta de nós, e que não
sabemos definir nem o
que sejam, nem de onde
vêm. Para nós se
apresenta, às vezes,
como uma insatisfação,
como algo que está nos
faltando sem que,
contudo, consigamos
detectar o que seja.
Quando falamos em
objetivos e metas,
vêm-nos à mente bens
materiais de todas as
espécies. Entretanto,
nosso objetivo volta-se,
neste momento, para o
Cristo. Estamos nos
ligando, a partir de
agora, com as promessas
de felicidade que Ele
nos fez, em nome do Pai.
Mas de que maneira
podemos materializar
esses objetivos com o
Cristo? Emmanuel diz que
a fórmula para isso está
na paciência, pois ela é
a única porta aberta
para a vitória que
almejamos. Diz ele que
em qualquer
circunstância é
necessária a paciência.
Se há sofrimento em
nossos sonhos, se há
incompreensão de muitos
ao redor de nossos
desejos e se a dor e a
ingratidão nos visitam a
alma, aguardemos. Chorar
significa perda de
minutos preciosos e
maldição das
dificuldades. O choro
não nos facilitará o
entendimento da solução
que já está a caminho.
Adverte para o fato de
que, se alguém nos
ofendeu, é conveniente
que aguardemos, pois é
perda de tempo nos
desgastarmos com quem já
traz a infelicidade
dentro de si. Se alguém
nos prejudicou, melhor
esperarmos, pois não
precisamos nos vingar em
alguém que já está
assinalado pela justiça
divina. E se sofremos,
aguardemos com
paciência, pois a dor é
sempre aviso
santificante quando
tiramos dela lições
benditas de elevação.
Muitas vezes, os
embaraços que hoje
experimentamos podem ser
os benefícios de amanhã.
A natureza mostra-nos
constantes sinais dessa
espera que se transforma
em dádivas divinas: “a
fonte, ajudando onde
passa, espera pelo rio e
atinge o oceano vasto”;
a noite, trazendo
consigo a sombra, espera
o dia que trará nova
luz, “a árvore,
prestando incessante
auxílio, espera pela
flor e ganha a bênção do
fruto; mas a enxada, que
espera imóvel, adquire a
ferrugem que a desgasta;
o poço que espera,
guardando águas paradas,
converte a si próprio em
vaso de podridão”. Em
toda a Natureza, o tempo
traz surpresas. Assim
também acontece conosco,
quando, sem
precipitação, entendemos
que cada um está em
diferente fase de
crescimento, em
diferente processo de
compreensão dos
ensinamentos de Jesus.
Mas que, como nós,
também espera pelas
promessas que o Cristo
nos fez, em nome de
Deus.
Provavelmente, estamos
retendo em nossos
corações, há bastante
tempo, esperanças que
não se concretizam.
Acreditamos que o mundo
deveria responder
imediatamente aos nossos
anseios; que merecemos
ser felizes agora, pois
estamos cansados de
carregar o peso das
aflições e das
incertezas.
Mas que paz e que
felicidade usufruiríamos
se ainda não resgatamos
os débitos que
desencadearam o problema
que nos aflige e a
dificuldade que
experimentamos? Como
podemos repousar se
temos um credor a bater
em nossa porta? Sabemos
que fomos criados para a
felicidade, mas não
podemos ignorar que, na
arena de lutas em que
nos encontramos, estamos
presos a obrigações às
quais devemos
cumprimento. Se pararmos
para pensar na nossa
vida diária, podemos
encontrar nela inúmeros
exemplos de obrigações a
serem executadas: nosso
lar convertido em
oficina de angústias; o
local de trabalho onde a
calúnia e a crueldade,
muitas vezes, nos rondam
a tarefa; o parente ao
qual devemos carinho e
respeito e que nos
devolve ingratidão e
desprezo; os obstáculos
que cercam nosso
caminhar, continuamente;
a perseguição gratuita,
a enfermidade do corpo,
a imposição do ambiente
no qual vivemos...
Se todas essas provas
nos “encarceram nas
grades constringentes do
dever a cumprir”, é
necessário que tenhamos
paciência e que
realizemos as obrigações
com as quais nos
enredamos, em pretéritos
não tão distantes. “É
imprescindível que não
renunciemos ao trabalho
renovador que essas
dificuldades nos
proporcionam. Não
devemos perder de vista
que a vontade de Deus se
expressa através das
circunstâncias que nos
cercam. Movimentando
providências inúmeras,
as leis da vida situam
todos nós, a cada
instante, no lugar certo
para a construção dessa
felicidade eterna. É
assim que estamos
colocados com exatidão:
no dia certo, no caminho
certo, no lugar certo,
na profissão certa, na
experiência certa, na
circunstância certa e
com os recursos certos.”
Nada que nos cerca é sem
significação, e ninguém
é inútil. Cada momento
que vivenciamos
representa recurso
bendito para que
possamos realizar o
melhor, para que
aprendamos a amar, a
perdoar e a prosseguir
com paciência na limpeza
do nosso caminho até o
Pai. Cada um de nós
recebeu Dele um talento
para que possa servir e
receber o que for de seu
merecimento, como o
trabalhador que recebe o
salário justo no fim da
sua jornada. Pretender
receber o salário sem
haver trabalhado não faz
parte da promessa que
Jesus nos fez. E
Emmanuel recorda que
“velho ou moço, com
saúde do corpo ou sem
ela, é necessário
movimentar o dom que
recebeste do Senhor,
para avançares na
direção da Grande Luz”.
Ninguém é tão pobre que
nada possa dar de si. O
que dizer do exemplo
valoroso daqueles que,
retidos na deficiência
física, não se deixam
abater, lecionando
coragem, paz, resignação
no soerguimento de
muitos que lhes
assimilam a lição?
É nosso dever realizar
aquilo que nos compete,
com naturalidade, sem a
pretensão de querer
fazer melhor que o
outro, gerando
desarmonia e
perturbação; usar de
paciência, compreendendo
que cada um realiza a
seu tempo e à sua hora o
que lhe é próprio. Só
nos cabe aguardar e
auxiliar com nosso
respeito. Onde
estivermos, procuremos
atender com disciplina e
zelo as tarefas que nos
competem. Todo dia é dia
de semear e de colher o
que tenhamos semeado.
Auxiliar é bênção na lei
divina, por isso conclui
Emmanuel que não devemos
nos deter em nossas
dificuldades, procurando
fazer em favor dos
outros o melhor que
pudermos, a fim de que
nossa esperança se erga
sublime, em luminosa
realização.
Nota:
Os trechos entre aspas
são das seguintes
fontes:
Emmanuel (Espírito) –
Fonte Viva –
[psicografia de F. C.
Xavier] - FEB Editora –
lições 103 e 123
Scheilla (Espírito) –
mensagem Tudo Certo,
psicografada pelo médium
F. C. Xavier.