Aformoseamento
moral
Parte 2
e final
Cada
reencarnação
enseja
ao
Espírito
um
progresso
intelectual
e moral
"Digo-vos
que
assim
haverá
alegria
no Céu
por um
pecador
que se
arrepende,
mais do
que por
noventa
e nove
justos
que não
precisam
de
arrependimento."
-
Jesus. (Lc.,
15:7.)
Acompanhemos,
para
completar
o quadro
de nosso
raciocínio,
as
oportunas
ilações
do
ilustre
conterrâneo
e
continuador
da obra
de
Kardec,
Léon
Denis,
registradas
no
capítulo
XIII da
2ª.
parte da
singular
obra:
"O
Problema
do Ser,
do
Destino
e da
Dor":
"(...)
Renascer
não é
mais
extraordinário
que
nascer;
a Alma
volta à
carne
para
nela
submeter-se
às leis
da
necessidade;
as
precisões
e as
lutas da
vida
material
são
outros
tantos
incentivos
que a
obrigam
a
trabalhar,
aumentam
a sua
energia,
avigoram-lhe
o
caráter.
Tais
resultados
não
poderiam
ser
obtidos
na vida
livre do
Espaço
por
Espíritos
juvenis,
cuja
vontade
é
vacilante.
Para
avançarem,
tornam-se
precisos
o látego
da
necessidade
e as
numerosas
encarnações,
durante
as quais
a Alma
vai
encontrar-se,
recolher-se
em si
mesma,
adquirir
elasticidade,
a
impulsão
indispensável
para
descrever
mais
tarde a
sua
imensa
trajetória
no Céu.
A
finalidade
das
encarnações
é, pois,
de
alguma
sorte, a
revelação
da Alma
a si
mesma
ou,
antes, a
sua
própria
valorização
pelo
desenvolvimento
constante
das suas
forças,
dos seus
conhecimentos,
da sua
consciência,
da sua
vontade.
(...)
Antes de
novamente
entrar
em
contato
com a
matéria
e
começar
a nova
carreira,
o
Espírito
tem de
escolher
o meio
onde vai
renascer
para a
vida
terrestre;
mas essa
escolha
é
limitada,
circunscrita,
determinada
por
causas
múltiplas.
Os
antecedentes
do ser,
suas
dívidas
morais,
suas
afeições,
seus
méritos
e
deméritos,
o papel
que está
apto
para
desempenhar,
todos
esses
elementos
intervêm
na
orientação
da vida
em
preparo;
daí a
preferência
por uma
raça,
tal
nação,
tal
família...
As Almas
terrestres
que
havemos
amado
atraem-nos;
os laços
do
passado
reatam-se
em
filiações,
alianças,
amizades
novas.
Os
próprios
lugares
exercem
sobre
nós a
sua
misteriosa
sedução
e é raro
que o
destino
não nos
reconduza
muitas
vezes às
regiões
onde já
vivemos,
amamos e
sofremos.
Os ódios
são
forças
também
que nos
aproximam
dos
nossos
inimigos
de
outrora
para
apagarmos,
com
melhores
relações,
as
inimizades
antigas.
Assim,
tornamos
a
encontrar
em nosso
caminho
a maior
parte
daqueles
que
constituíram
nossa
alegria
ou
fizeram
nossos
tormentos.
Sucede o
mesmo
com a
adoção
de uma
classe
social,
com as
condições
de
ambiente
e
educação,
com os
privilégios
da
fortuna
ou da
saúde,
com as
misérias
da
pobreza.
Todas
essas
causas
tão
variadas,
tão
complexas,
vão
combinar-se
para
assegurar
ao novo
encarnado
as
satisfações,
as
vantagens
ou as
provações
que
convêm
ao seu
grau de
evolução,
aos seus
méritos
ou às
suas
faltas e
às
dívidas
contraídas
por ele.
Todavia,
o
interessado
tem
sempre a
liberdade
de
aceitar
ou adiar
a hora
das
reparações
inelutáveis.
No
momento
de se
ligar a
um
gérmen
humano,
quando a
Alma
possui
ainda
toda a
sua
lucidez,
o seu
Guia
desenrola
diante
dela o
panorama
da
existência
que a
espera;
mostra-lhe
os
obstáculos
e os
males de
que será
eriçada,
faz-lhe
compreender
a
utilidade
desses
obstáculos
e desses
males
para
desenvolver-lhe
as
virtudes
ou
expurgá-la
dos seus
vícios.
(...) Na
hora das
resoluções
supremas,
antes de
tornar a
descer à
carne, o
Espírito
percebe,
atinge o
sentido
geral da
vida que
vai
começar,
ela lhe
aparece
nas suas
linhas
principais,
nos seus
fatos
culminantes,
modificáveis
sempre,
entretanto,
por sua
ação
pessoal
e pelo
uso do
seu
livre-arbítrio;
porque a
Alma é
senhora
dos seus
atos;
mas,
desde
que ela
decidiu,
desde
que o
laço se
dá e a
incorporação
se
debuxa,
tudo se
apaga,
esvai-se
tudo.
A
existência
vai
desenrolar-se
com
todas as
suas
consequências
previstas,
aceitas,
desejadas,
sem que
nenhuma
intuição
do
futuro
subsista
na
consciência
normal
do ser
encarnado.
O
conhecimento
antecipado
dos
males ou
das
catástrofes
que nos
esperam
paralisaria
os
nossos
esforços,
sustaria
a nossa
marcha
para
frente.
O nosso
futuro
está em
nossas
próprias
mãos
Artífice
de seu
próprio
destino,
a Alma
tem de
sujeitar-se
ao
estado
de
coisas
que
preparou,
que
escolheu...
Sem
embargo,
depois
de haver
feito de
sua
consciência
um antro
tenebroso,
um covil
do mal,
terá de
transformá-lo
em
templo
de luz.
As
faltas
acumuladas
farão
nascer
sofrimentos
mais
vivos;
suceder-se-ão
mais
penosas,
mais
dolorosas
as
encarnações;
o
círculo
de ferro
apertar-se-á
até que
a Alma,
triturada
pela
engrenagem
das
causas e
dos
efeitos
que
houver
criado,
compreenderá
a
necessidade
de
reagir
contra
suas
tendências,
vencer
suas
paixões
ruins e
de mudar
de
caminho.
Desde
esse
momento,
por
pouco
que o
arrependimento
a
sensibilize,
sentirá
nascer
em si
forças,
impulsões
novas
que a
levarão
para
meios
mais
adequados
à sua
obra de
reparação,
de
renovação,
e passo
a passo
irá
fazendo
progressos.
Raios e
eflúvios
penetrarão
na Alma
arrependida
e
enternecida,
aspirações
desconhecidas,
necessidades
de ação
útil e
de
dedicação
hão de
despertar
nela.
Entretanto,
não será
sem
custo
que ela
se
levantará,
pois a
ascensão
não
prosseguirá
sem
dificuldades...
As
faltas e
os erros
cometidos
repercutem
como
causas
de
obstrução
nas vias
futuras
e o
esforço
terá de
ser
tanto
mais
enérgico
e
prolongado
quanto
mais
pesadas
forem as
responsabilidades,
quanto
mais
extenso
tiver
sido o
período
da
resistência
e
obstinação
no mal.
Na
escabrosa
e
íngreme
subida,
o
passado
dominará
por
muito
tempo o
presente,
e o peso
fará
vergar
mais de
uma vez
os
ombros
do
caminhante;
mas, do
Alto,
mãos
piedosas
estender-se-ão
para ele
e
ajudá-lo-ão
a
transpor
as
passagens
mais
escarpadas.
Por
reconhecer
a imensa
dificuldade
de que
está
inçada a
emancipação
espiritual
e os
superlativos
esforços
que
devem
empregar
os
Espíritos
calcetas
no afã
de
lográ-la
é que
Jesus
afirmou:
"Há
mais
alegria
nos Céus
por um
pecador
que se
arrepende
do que
por cem
justos
que
perseveram”.
O nosso
futuro
está em
nossas
mãos e
as
nossas
facilidades
para o
bem
aumentam
na razão
direta
dos
esforços
para o
praticarmos;
daí
também
Jesus
afirmar
que
"dar-se-á
ao que
já tem e
este
ficará
na
abundância".
Toda
vida
nobre e
pura,
toda
missão
superior,
é o
corolário
de um
passado
de lutas
acerbas,
de
derrotas
sofridas,
de
infindáveis
recomeços,
de
vitórias
ganhas
contra
nós
mesmos;
é o
remate
de
trabalhos
longos e
pacientes,
a
acumulação
de
frutos
de
ciência
e
caridade
colhidos,
um por
um, no
decurso
das
Idades.
Cada
faculdade
brilhante,
cada
virtude
sólida,
reclamou
existências
multíplices
de
trabalho
obscuro,
de
combates
violentos
entre o
Espírito
e a
carne, a
paixão e
o
dever...
Para
chegar
ao
talento,
ao
gênio, o
pensamento
teve de
amadurecer
lentamente
através
dos
séculos”.
Segundo
ensinamento
de Léon
Denis,
de cada
vez que
o
Espírito
desencarna,
retornando
ao Mundo
Espiritual,
"(...)
procede-se
ao
balanço
dos
lucros e
perdas;
avaliam-se
e
firmam-se
os
progressos.
O ser
examina-se
e
julga-se;
perscruta
minuciosamente
a sua
história
recente,
em si
mesmo
escrita;
passa em
revista
os
frutos
de
experiência
e
sabedoria
que a
sua
última
vida lhe
proporcionou,
para
mais
profundamente
assinalar-lhes
a
substância.
A vida
do
Espaço
é, para
o
Espírito
que
evoluiu,
o
período
de
exame,
de
recolhimento,
em que
as
faculdades,
depois
de se
terem
gasto no
exterior,
refletem-se,
aplicam-se
ao
estudo
íntimo,
ao
interrogatório
da
consciência,
ao
inventário
rigoroso
da
beleza
ou
fealdade
que há
na Alma.
A vida
do
Espaço é
a forma
necessária
e
simétrica
da vida
terrestre,
vida de
equilíbrio,
em que
as
forças
se
reconstituem,
em que
as
energias
se
retemperam,
em que
os
entusiasmos
se
reanimam,
em que o
ser se
prepara
para as
futuras
tarefas;
é o
descanso
depois
do
trabalho,
a
bonança
depois
da
tormenta,
a
concentração
tranquila
e serena
depois
da
expansão
ativa ou
do
conflito
ardente".
Sócrates
via a
reencarnação
como
meio de
evolução
Através
de
experiências
de
regressão
de
memória
com
vários
indivíduos,
concluiu
o
Coronel
A. de
Rochas
que a
palingenesia
favorece
o
processo
evolutivo
dos
Espíritos.
À medida
que
fazia a
regressão
a várias
encarnações
anteriores,
ele
observava,
segundo
Denis3,
o
espetáculo
de
"(...)
uma
série de
individualidades
cada vez
menos
adiantadas
moralmente,
à medida
que
remontava
o curso
das
idades.
Em cada
existência
expiava-se,
por uma
espécie
de "pena
de
Talião",
as
faltas
da
existência
precedente
e o
tempo
que
separava
duas
encarnações
passava-se
num meio
mais ou
menos
luminoso,
segundo
o estado
de
adiantamento
do
indivíduo”.
Notemos
que
essas
experiências
levam a
sancionar
e
ratificar
o
ensinamento
espírita
sobre a
necessidade
da
reencarnação
para o
aformoseamento
moral
das
criaturas,
dando
ênfase
ao
processo
histórico
do
progresso
do
Espírito
que só é
admissível
por esse
meio,
vez que
em
apenas
uma
encarnação
o
Espírito
não
atinge o
nível de
perfeição
que o
isenta
dos
ciclos
palingenésicos.
Já
Sócrates
há dois
milênios
antes da
Codificação
Espírita
possuía
a noção
do
princípio
da
reencarnação
como
meio de
evolução
dos
Espíritos:
"A
Alma
impura,
nesse
estado,
se
encontra
oprimida
e se vê
de novo
arrastada
para o
Mundo
Invisível.
Erra,
diz-se,
em torno
dos
monumentos
e
túmulos,
junto
aos
quais já
se têm
almas
que
deixaram
o corpo
sem
estarem
ainda
inteiramente
puras,
que
ainda
conservam
alguma
coisa de
material,
o que
faz que
a vista
humana
possa
percebê-las.
Não são
as Almas
dos
bons;
são,
porém,
as dos
maus,
que se
veem
forçadas
a vagar
por
esses
lugares,
onde
continuam
a vagar
até que
os
apetites
inerentes
à forma
material
de que
se
revestiram
as
reconduzam
a um
corpo.
Então,
retornam
aos
mesmos
costumes
que
durante
a
primeira
vida
constituíam
objeto
de suas
predileções”.
Allan
Kardec(4)
aduz o
seguinte
comentário:
"Não
somente
o
princípio
da
reencarnação
se acha
aí
claramente
expresso,
mas
também o
estado
das
Almas
que se
mantêm
sob o
jugo da
matéria
é
descrito
qual o
mostra o
Espiritismo
nas
evocações.
Mais
ainda:
no
tópico
acima se
diz que
a
reencarnação
num
corpo
material
é
consequência
da
impureza
da Alma,
enquanto
as Almas
purificadas
se
encontram
isentas
de
reencarnar.
Outra
coisa
não diz
o
Espiritismo,
acrescentando
apenas
que a
Alma,
que boas
resoluções
tomou na
Erraticidade
e que
possui
conhecimentos
adquiridos,
traz, ao
renascer,
menos
defeitos,
mais
virtudes
e ideias
intuitivas
do que
tinha na
sua
existência
precedente.
Assim,
cada
existência
lhe
marca um
progresso
intelectual
e
moral”.
Nos
itens VI
e VII de
sua
profissão
de fé do
século
XX, Léon
Denis
afirma:
"O fim
da Alma,
em sua
evolução,
é
atingir
e
realizar
em si e
em volta
de si,
através
dos
tempos e
das
estações
ascendentes
do
Universo,
pelo
desabrochar
das
potências
que
possui
em
gérmen,
essa
noção
eterna
do Belo
e do
Bem, que
exprime
a ideia
de Deus,
a
própria
ideia da
perfeição.
Da lei
da
ascensão,
bem
entendida,
deriva a
explicação
de todos
os
problemas
do ser:
a
evolução
da Alma
que
recebe,
primeiramente,
pela
transmissão
atávica,
todas as
suas
qualidades
ancestrais,
depois
as
devolve
por sua
ação
própria,
para
lhes
acrescentar
novas
qualidades;
a
liberdade
relativa
do ser
relativo
no Ser
Absoluto;
a
formação
lenta da
consciência
humana
através
dos
séculos
e seus
desenvolvimentos
sucessivos
nos
infinitos
do
porvir;
a
unidade
de
essência
e a
solidariedade
eterna
das
Almas,
em
marcha
para a
conquista
dos
Altos
Cimos”.
Jesus
nos
advertiu:
Vós
sois a
Luz do
Mundo!
O Dr.
Alexandre
Papaderos,
teólogo
e
educador,
narra:
"Eu
ainda
era
criança
quando
rebentou
a
guerra.
Um dia,
no meio
da
estrada,
encontrei
pedaços
de um
espelho
partido
e
guardei
comigo o
maior.
Comecei
então a
brincar
com ele
e fiquei
fascinado
ao
descobrir
que
podia
fazer
refletir
luz nos
locais
escuros
onde o
Sol
nunca
brilhava
–
buracos
fundos,
fendas.
Guardei
para
sempre o
pequeno
espelho
e, ao
tornar-me
adulto,
percebi
que não
se
tratava
apenas
de uma
brincadeira
de
criança,
mas sim
de uma
metáfora
que iria
servir
de lema
para
toda a
vida:
Sou um
fragmento
de um
espelho,
cujo
todo
desconheço.
Com
aquilo
que
tenho,
posso
refletir
luz,
verdade,
compreensão,
conhecimentos,
para os
locais
escuros
do
coração
do homem
e
modificar
certas
coisas
em
determinadas
pessoas.
Talvez
outros
indivíduos
possam
ver e
fazer
como
eu”.
Exorta
um
Espírito
Amigo:
"(...)
Operoso,
meta,
corajoso,
mãos à
obra,
arroteie
o solo
ingrato
com o
esforço
de sua
vontade,
lavre-o
fundo
com o
auxílio
do
arrependimento
e da
esperança,
lance
nele,
confiante,
a
semente
que haja
preparado,
por boa,
dentre
as más,
regue-o
com o
seu amor
e a sua
caridade,
e Deus,
o Deus
de Amor
e de
Caridade,
dará
àquele
que já
recebera.
Verá ele
produzir
cem e
outros
mil.
Ânimo,
trabalhadores!
Tomai
dos
vossos
arados e
das
vossas
charruas;
lavrai
os
vossos
corações;
arrancai
deles a
cizânia;
semeai a
boa
semente
que o
Senhor
vos
confia e
o
orvalho
do amor
lhe fará
produzir
frutos
de
caridade”.
Atendamos
também à
conclamação
do
ilustre
filho de
Foug:
"(...)
Ergamos
os
pensamentos,
os
corações,
as
vontades!
Abramos
nossas
Almas
aos
grandes
sopros
do
Espaço!
Levantemos
nossas
vistas
para o
Futuro
Sem
Limites;
lembremo-nos
de que
esse
Futuro
nos
pertence,
nossa
tarefa é
conquistá-lo”.
Aos
tessalonicenses,
Paulo
ensinou:
"(...)
Porque
todos
vós sois
Filhos
da Luz e
Filhos
do Dia;
não
somos da
noite
nem das
trevas”.
E Jesus
completa:
"Vós
sois a
Luz do
Mundo!
Assim,
resplandeça
a vossa
Luz
diante
dos
homens!"
- KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo. 125. ed. Rio: FEB, 2006, Introdução, tomo IV.
- KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo. 125. ed. Rio: FEB, 2006, cap. XVIII, item 15.