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Crônicas e Artigos

Ano 4 - N° 189 - 19 de Dezembro de 2010

ROGÉRIO COELHO
rcoelho47@yahoo.com.br
Muriaé, Minas Gerais (Brasil)


Tormentos da obsessão

A obsessão é enfermidade de origem moral, exige terapêutica específica radicada na transformação espiritual para melhor, de todos aqueles que lhe experimentam a incidência


“Tormentos da Obsessão” é o título de um dos livros de Manoel Philomeno de Miranda, psicografado por Divaldo Franco. Não é obra para ser lida de ânimo ligeiro, mas para ser minuciosamente “dissecado” e re-estudado em grupos de estudos, em especial por aqueles que se dedicam aos misteres da mediunidade, ou seja, ao Espiritismo Prático.

Constituído por trezentos e vinte e quatro páginas emolduradas por capa policromática, contendo surpreendentes e dolorosas revelações, essa obra situa-se como um verdadeiro marco na bibliografia espiritista. Ali os Espíritos de escol como o Dr. Bezerra de Menezes, Eurípedes Barsanulfo, Dr. Ignácio Ferreira e outros, deixam suas luminosas pegadas muito bem realçadas por Manoel Philomeno de Miranda.  

Dentre as muitas revelações graves que nos devem remeter a profundas reflexões sobre a nossa performance espírita, destacamos, em letras garrafais e negritadas, esta frase de Eurípedes Barsanulfo, exarada à página trezentos e dezenove: “Os espíritas estão desencarnando muito mal”.

Que estão fazendo aqueles que se comprometeram amar, ajudar-se reciprocamente, fornecendo as certezas da imortalidade do Espírito e da Justiça Divina? Enleados pelos vigorosos fios da soberba e da presunção, creem-se especiais e dotados com poderes de a tudo e a todos agredir e malsinar.

Como consequência dessa atitude enferma, estão desencarnando muito mal incontáveis trabalhadores das lides espíritas que, ao inverso, deveriam estar em condições felizes. O retorno de expressivo número deles ao Grande Lar tem sido doloroso e angustiante, conforme constatamos nas experiências vivenciadas em nossa Esfera de atividades fraternal e caridosa...”

Na questão novecentos e oitenta e dois de “O Livro dos Espíritos”, o ínclito Mestre Lionês indaga dos Espíritos Superiores se “será necessário que professemos o Espiritismo e creiamos nas manifestações espíritas para termos assegurada a nossa sorte na Vida Futura”.

Os Espíritos Amigos respondem que “se assim fosse, seguir-se-ia que estariam deserdados todos os que não creem. Só o bem assegura a sorte futura”.

Kardec aduz ainda o seguinte comentário:

“A crença no Espiritismo ajuda o homem a se melhorar, firmando-lhe as ideias sobre certos pontos do futuro. Apressa o adiantamento dos indivíduos e das massas, porque faculta nos inteiremos do que seremos um dia. É um ponto de apoio; uma luz que nos guia. O Espiritismo ensina o homem a suportar as provas com paciência e resignação; afasta-o dos atos que possam retardar-lhe a felicidade, mas ninguém diz que, sem ele, não possa ela ser conseguida”.

Mas perguntamos nós: Por que a felicidade e a ventura não estão sendo conquistadas “post mortem” “por incontáveis espíritas”?!...

A resposta está no tomo V da conclusão de “O Livro dos Espíritos”, onde Kardec ensina:

“(...) Três períodos distintos apresenta o desenvolvimento das ideias espíritas: primeiro, o da curiosidade, que a singularidade dos fenômenos produzidos desperta; segundo, o do raciocínio e da filosofia; terceiro, o da aplicação e das consequências. O período da curiosidade passou; a curiosidade dura pouco. Uma vez satisfeita, muda de objeto. O mesmo não acontece com o que desafia a meditação séria e o raciocínio. Começou o segundo período, o terceiro virá inevitavelmente”.

Compreendemos, assim, que os nossos companheiros que estão desencarnando mal não conseguiram ultrapassar o primeiro período que é o da curiosidade. Não atingiram o segundo período que é o da filosofia e do raciocínio. O terrível e angustiante corolário disso é não alcançar o terceiro período que é o da aplicação e das consequências.

Tão rico de conteúdo é o livro “Tormentos da Obsessão” e tão oportunos seus ensinamentos, quanto estarrecedoras as suas revelações, que fica difícil selecionar entre tantos um pequeno trecho à guisa de amostragem. Sem embargo, optamos por extratar o que se segue, que na verdade é uma palestra feita pelo Dr. Ignácio Ferreira, que foi psiquiatra quando encarnado entre nós, domiciliado há dezenas de anos no Mundo Maior, acerca dos novos descortinos em torno da obsessão:

“A obsessão é pandemia que permanece quase ignorada embora sua virulência para a qual, na sua terrível irrupção, ainda não cogitaram os homens de providenciar vacinas preventivas ou terapias curadoras. Tão antiga e remota quanto a própria existência terrestre por decorrência das afinidades perturbadoras entre os homens — todos os Guias religiosos se lhe referiram com variedade de designações, sempre utilizando os mesmos métodos para a sua erradicação, tais: o amor, a piedade, a paciência e a caridade para com os envolvidos na terrível trama.  

Face à tendência para o envolvimento emocional com o mitológico, não poucas vezes têm confundido a revelação do fenômeno mediúnico com ideias de arquétipos que jazem semi-adormecidos no inconsciente, e que passam a ocupar as paisagens mentais, sem os correspondentes critérios de compreensão, para investir esforços na sua equação, desse modo transferindo-os para a galeria do fantástico e do sobrenatural.

Graças à valiosa contribuição científica do Espiritismo no laboratório da mediunidade, constatando a sobrevivência do ser e o seu intercâmbio com as criaturas terrestres, a obsessão saiu do panteão mítico para fazer parte do dia-a-dia de todos aqueles que pensam. Enfermidade de origem moral, exige terapêutica específica radicada na transformação espiritual para melhor, de todos aqueles que lhe experimentam a incidência.  Ocorre, no entanto, como é fácil de prever-se, que essa psicopatologia, qual sucede com outras tantas, sempre apresenta, no paciente que a sofre, graves oposições para o seu tratamento. Quando, ainda lúcido, o mesmo se recusa receber a conveniente orientação, e, à medida que se lhe faz mais tenaz, as resistências interiores se expressam mais vigorosas.  De um lado, em razão da vaidade pessoal, para não parecer portador de loucura, particularmente porque assim se sente, e, por outro motivo, quando sob os camartelos das obsessões, porque o agente do distúrbio cria dificuldades no enfermo, transmitindo-lhe reações violentas, para ser evitado o tratamento especial. Em todos os casos, porém, o tempo exerce o papel elevado de convencer a vítima da parasitose espiritual, através do padecimento ultriz, quanto à necessidade de submeter-se aos cuidados libertadores.

Iniciando-se de forma sutil e perversa, a obses­são, salvados os casos de agressão violenta, instala-se nos painéis mentais através dos delicados tecidos energéticos do perispírito até alcançar as estruturas neurais, perturbando as sinapses e a harmonia do conjunto encefálico. Ato contínuo, o quimismo neuronial se desarmoniza, face à produção desequilibra­da de enzimas que irão sobrecarregar o sistema nervoso central, dando lugar aos distúrbios da razão e do sentimento.   Noutras vezes, a incidência da energia mental do obsessor sobre o paciente invigilante irá alcançar, mediante o sistema nervoso central, alguns órgãos físicos que sofrerão desajustes e perturbações, registrando distonias correspondentes e comportamentos alterados.  Quando se trata de Espíritos inexperientes, perseguidores desestruturados, a ação magnética se dá automaticamente, em razão da afinidade existente entre o encarnado e o desencarna­do, gerando descompensações mentais e emocionais. Todavia, à medida que o Espírito se adestra no co­mando da mente da sua vítima, percebe que existem métodos muito mais eficazes para uma ação profunda, passando, então, a executá-la cuidadosamente. Ainda, nesse caso, aprende com outros cômpares mais perversos e treinados no mecanismo obsessivo as melhores técnicas de aflição, agindo conscientemente nas áreas perispirituais do desafeto, nas quais implanta delicadas células acionadas por controle remo­to, que passam a funcionar como focos destruidores da arquitetura psíquica, irradiando e ampliando o campo vibratório nefasto, que atingirá outras regiões do encéfalo, prolongando-se pela rede linfática a todo o organismo, que passa a sofrer danos nas áreas afetadas.

Estabelecidas as fixações mentais, o hóspede desencarnado lentamente assume o comando das funções psíquicas do seu hospedeiro, passando a manipulá-lo a bel-prazer. Isso, porém, ocorre, em razão da aceitação parasitária que experimenta o enfermo, que poderia mudar de comportamento para melhor, dessa forma conseguindo anular ou destruir as induções negativas de que se torna vítima. No entanto, afeiçoado à acomodação mental, aos hábitos irregulares, compraz-se no desequilíbrio, perdendo o comando e a direção de si mesmo.  Enquanto se vai estabelecendo o contato entre o assaltante desencarnado e o as­saltado, não faltam a este último inspiração para o bem, indução para mudança de conduta moral, inspiração para a felicidade... Vitimado, em si mesmo, pela autocompaixão ou pela rebeldia sistemática, desconsidera as orientações enobrecedoras que lhe são direcionadas, acolhendo as insinuações doentias e perversas que consegue captar.

Muita falta faz a palavra de Jesus no coração e na mente das criaturas humanas em ambos os lados da vida. Extraordinária fonte de sabedoria, as Suas lições constituem mananciais de saúde e de paz que plenificam, assim que sejam vivenciadas, imunizando o ser contra as terríveis perturbações de qualquer ordem.  Mas o mundo ainda não compreende conscientemente o significado do Mestre na sua condição de Modelo e Guia da Humanidade, o que é lamentável, sofrendo, as consequências dessa indiferença sistemática.

(...) Em toda parte está presente a misericórdia de Deus convidando ao bem, ao amor, à alegria de viver. A opção inditosa, no entanto, de grande número de criaturas é diversa dessa oferta, o que facilita a assimilação das ideias tenebrosas que lhe são dirigidas. Assim mesmo, ante a preferência das terríveis alucinações, o amor paira soberano aguardando, e quando não é captado, a dor traz de volta o calceta, encaminhando-o para o reto proceder mediante oportuno despertar.

(...) O Amor lecionado e exemplificado pelo Mestre é o bem eterno que sobrepaira em todas as situações, mesmo nas mais calamitosas, apontando rumos e abrindo espaços para a realização da felicidade total. Vivê-lo em clima de abundância, é o dever a que nos devemos propor, inundando-nos com a sua sublime energia que dimana de Deus, imunizando-nos, destarte contra os ataques dos inimigos da luz.

Finalizemos com as palavras do nobre Mentor Eurípedes Barsanulfo, pinçadas das páginas 255/256, onde ele fala sobre  o s   t r ê s   m o n t e s:

“Aquele que colocar a mão no arado e olhar para  trás,  não é digno do Reino de Deus.” - Jesus (Lc., 9:62.)

"O carreiro carnal é sempre uma experiência de alto risco para quem deseja atingir as cumeadas da montanha das bem-aventuranças...  Recordando-nos do Mestre, constataremos que Ele venceu os três montes que O desafiaram: O Tabor, onde se transfigurou esplendente de beleza diante de Moisés e Elias, que vieram reverenciá-lO, bem como dos discípulos que ainda não tinham dimensão da Sua grandeza. Foi o monte da comunhão espiritual no seu senti­do mais elevado. O outro foi aquele no qual Ele cantou as bem-aventuranças, revolucionando os códigos de ética, de economia e de moral vigentes na sociedade, abrindo horizontes novos para o entendimento dos valores espirituais. E, por fim, o Gólgota, onde, aparentemente vencido, triunfou, imortal, colocando a ponte para a perpétua comunhão de todas as criaturas com o Pai. No primeiro, Ele desvelou-Se, no segundo estabeleceu as diretrizes do amor, e, no terceiro, viveu todos os ensinamentos que enunciou.

O Espírito reencarnado em tarefa libertadora sempre será chamado ao testemunho nos montes onde problemas equivalentes o aguardam: no primei­ro, deve dar a conhecer o objetivo a que se dedicará; no segundo, cabe-lhe traçar as linhas de comporta­mento que adotará, e no terceiro, vivê-las até o mo­mento final com equilíbrio e abnegação.

Não é demasiado, porque nunca faltará o apoio indispensável ao êxito, que procede do Mundo Espiritual vigilante e ativo. Eis porque, iniciada a tarefa na seara, ninguém deve olhar para trás”.   



 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita