WEB

BUSCA NO SITE

Edição Atual
Capa desta edição
Edições Anteriores
Adicionar
aos Favoritos
Defina como sua Página Inicial
Biblioteca Virtual
 
Biografias
 
Filmes
Livros Espíritas em Português Libros Espíritas en Español  Spiritist Books in English    
Mensagens na voz
de Chico Xavier
Programação da
TV Espírita on-line
Rádio Espírita
On-line
Jornal
O Imortal
Estudos
Espíritas
Vocabulário
Espírita
Efemérides
do Espiritismo
Esperanto
sem mestre
Divaldo Franco
Site oficial
Raul Teixeira
Site oficial
Conselho
Espírita
Internacional
Federação
Espírita
Brasileira
Federação
Espírita
do Paraná
Associação de
Magistrados
Espíritas
Associação
Médico-Espírita
do Brasil
Associação de
Psicólogos
Espíritas
Cruzada dos
Militares
Espíritas
Outros
Links de sites
Espíritas
Esclareça
suas dúvidas
Quem somos
Fale Conosco

Crônicas e Artigos

Ano 4 - N° 192 - 16 de Janeiro de 2011

ANSELMO FERREIRA VASCONCELOS 
afv@uol.com.br 
São Paulo, SP (Brasil)

 
Variantes do livre-arbítrio:
dois casos reais


No apagar das luzes da primeira década do presente século fomos brindados com duas notícias muito importantes e, ao mesmo tempo, absolutamente contrastantes. Entendemos que ambas merecem uma reflexão à luz dos postulados espíritas-cristãos. Ambas, aliás, foram noticiadas pela prestigiosa revista Veja - considerada a mais importante publicação do país no segmento de interesse geral - na edição de 22 de dezembro de 2010. No primeiro caso, o assunto central foi o estratosférico aumento de salário autoconcedido – com repercussão altamente negativa - pelos nossos parlamentares. É de conhecimento geral que os “representantes do povo” não têm medido esforços nos últimos anos, quando se trata de legislar em causa própria.

Não queremos nos colocar contra o direito de vossas excelências receberem uma remuneração digna e justa, em que pese que tais adjetivos hodiernamente possam ter uma conotação exageradamente elástica. Na verdade, nada mais próximo de um pensamento cristão do que uma sociedade igualitária, onde absolutamente todos pudessem ter acesso a direitos básicos, bem como desfrutar das mesmas oportunidades de desenvolvimento social. Mas não é assim ainda.

O fato é que vivemos numa sociedade fortemente regida pelo signo da competição. Desse modo, o mais preparado, o mais rico, o mais privilegiado, enfim, desfruta de condições de vida excepcionais. Os mais humildes, os mais desprovidos, em contrapartida, vivem uma existência extremamente penosa na qual geralmente prevalece a ausência de itens básicos. A doutrina espírita nos alerta – com muita propriedade – que os mais abastados devem se precaver, pois ao usufruírem um presente róseo, eles podem se perder e, em consequência, semear um futuro cinzento. Jesus Cristo, a propósito, foi muito específico com relação aos perigos – nem sempre claramente detectados – que rondam a vida dos endinheirados.

É fato também que vivemos numa sociedade egoísta, em que o “salve-se quem puder” ou o “quem pode mais chora menos” são pensamentos que moldam de maneira explícita as relações humanas existentes. Os setores e as classes com mais poder de defesa dos seus próprios interesses cobram o quanto acham que devem sem um mínimo de hesitação. Já se foi o tempo, por exemplo, em que se chamava um prestador de serviços e ele nos cobrava um preço justo pelo seu trabalho. Mas tais coisas denotam, grosso modo, um baixo nível de consciência e de espiritualidade. Nesse sentido, declarar-se profitente desta ou daquela religião não nos faz necessariamente criaturas espiritualizadas. Mas nenhuma classe se encaixa melhor no perfil acima descrito do que a dos políticos. Salvo raríssimas exceções, a grande maioria é movida apenas e tão-somente pelo autointeresse.

Posto isto, o que causou-nos sobressalto – e certamente a milhões de brasileiros – foi a avidez, a insensibilidade e a falta de bom senso de nossos deputados e senadores ao se permitirem um reajuste de 62%. Além de se tratar de um percentual exorbitante e descabido, já que ultrapassa em larga medida a inflação acumulada dos últimos três anos, somados os benefícios que cada um deles deverá receber mais de R$ 100.000,00 por mês. Ademais, tamanha generosidade com o dinheiro do contribuinte tem um efeito cascata devastador. Afinal, devido às leis vigentes, as assembleias estaduais e câmaras municipais podem igualmente reajustar os vencimentos dos seus deputados estaduais e vereadores, respectivamente. Tal medida enfraquece ainda mais as já combalidas finanças dos municípios e estados brasileiros considerando que irão dispor de menos verbas para investimentos. Mas o que é mais triste é ver o minguadíssimo percentual de reajuste que se cogita para os aposentados. Na verdade, ser aposentado no Brasil é fazer parte de um grupo que está sob intensa provação coletiva, exceção aos oriundos de determinadas classes trabalhadoras como juízes, deputados, senadores, fiscais etc.

O político brasileiro tem, de modo geral, uma lamentável tendência de demonstrar permanente menosprezo e indiferença pela opinião pública que chega a gerar indignação. Parece que nada abala certas “convicções” de vossas excelências. Vale ressaltar que o nosso parlamento é considerado um dos mais bem pagos do mundo (ver, a propósito, em Veja de 29 de dezembro de 2010, matéria cujo título é “Muito dinheiro, pouco mérito”). Não obstante essa “honrosa posição” no ranking mundial das remunerações de políticos que ultrapassa países ricos como Japão, EUA, Canadá, Alemanha, Reino Unido etc., nossos parlamentares – repetindo, uma vez mais, salvo honrosas exceções – apresentam um desempenho e uma produtividade pífios. Afinal de contas, quantos projetos cruciais há anos estão enfurnados nos porões do Congresso aguardando votação? Quantas reformas básicas e essenciais ainda não foram colocadas em prática porque nossos congressistas não as priorizaram? Quantas leis que poderiam elevar a condição geral do país para melhor se nossos digníssimos “servidores públicos” lotados no Congresso tivessem se disposto a cumprir a função básica (trabalhar pela sociedade) para a qual foram eleitos?

Infere-se, portanto, que esmagadora percentagem dos membros da classe política – que milita, aliás, numa atividade extremamente importante e necessária para dar conta das demandas sociais e institucionais do mundo moderno – está totalmente divorciada da realidade que a cerca. É igualmente paradoxal observar que muitos, embora sendo eleitos para um cargo no parlamento, “abdicam” do mandato e acabam em algum ministério ou outra função no executivo. Apesar de estarmos vivendo num século de profundas transformações e alterações na vida humana, nossos parlamentares não ouvem o clamor dos seus semelhantes (isto é, nós eleitores). Embalados por um egoísmo doentio sem falar no irrefreável desejo de ampliar os seus espaços de influência (poder) – em todas as frentes possíveis – não atinam com o que os aguarda no além-túmulo. A preocupação de mandar, tirar proveito e barganhar lhes consome inteiramente as energias e os pensamentos. Almas profundamente insensíveis, insaciáveis e egocêntricas não percebem que “amanhã” terão de prestar contas dos seus atos para uma justiça infalível e incorruptível, muito diferente da que, de certa maneira, lhes beneficiam. Aliás, várias obras espíritas recentemente publicadas dão uma clara ideia dos terríveis padecimentos que aguardam todos os que se escondem atrás de um mandato quando retornam ao mundo dos Espíritos.

Mas felizmente nem tudo é negro na atualidade. Existe gente nesse mundo devotada a fazer o bem aos seus semelhantes, apesar dos péssimos exemplos advindos da classe política. Assim sendo, na aludida edição da revista Veja, como afirmamos no início, também há um exemplo maravilhoso e inspirador do bom uso do livre-arbítrio. São os “Anjos de carne e osso”, conforme se lê no adequado título da matéria. Ou seja, são pessoas que empregam as suas capacidades e mesmo recursos para aliviar a dor e o sofrimento dos mais infelizes. Pessoas notáveis que se empenham vigorosamente em dar algo mais à sociedade. São empresários, dentistas, médicos, professores, artistas e até mesmo jogadores de futebol, entre outros, cada qual contribuindo com as suas habilidades próprias para minorar a dura experiência de vida dos menos afortunados. A reportagem relata inúmeros casos que não seria possível – por falta de espaço – descrever aqui. Todavia, o que queremos enfatizar é que existem diferentes formas de empregarmos o nosso livre-arbítrio.

Enquanto alguns fazem um uso turvado, inconsequente e perverso dessa condição, outros há que aproveitam-na para se enriquecer em virtudes e em ações concretas voltadas ao bem-estar dos seus irmãos. O planeta Terra, talvez mais do que nunca, precisa de Espíritos engajados no ideal cristão dispostos a servir para que se alcance o equilíbrio da natureza e o bem geral das sociedades humanas, por fim. São oportunidades reais que temos de usar o nosso livre-arbítrio de maneira positiva e construtiva que, no final, beneficiarão a nós próprios.   
 



 


Voltar à página anterior


O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita