Socialismo e Espiritismo
Léon Denis
(Parte
9)
Continuamos a apresentar o
estudo do clássico
Socialismo e Espiritismo,
de Léon Denis, com base
na tradução
de
Wallace Leal V.
Rodrigues, publicada
pela Casa Editora O
Clarim.
Questões preliminares
A. Léon Denis era
partidário do
Socialismo? |
Sim. Ele o declarou
categoricamente, mas fez
uma ressalva importante:
não aceitava o
Socialismo sem a
doutrina espiritualista,
que o tempera, o
dulcifica e lhe tira
todo o caráter de áspera
violência. “Reprovo o
Socialismo materialista
que só semeia o ódio
entre os homens e, por
conseguinte, permanece
infecundo e destrutivo,
como se pode ver na
Rússia”, asseverou
Denis. “Sou
evolucionista e não
revolucionário.”
(Socialismo e
Espiritismo, pág. 126.)
B. Cerca de quinze anos
antes da eclosão da 2ª
Guerra Mundial, que é
que faltava à República
da França?
Segundo Léon Denis,
faltava à República
francesa o ideal
superior, a tradição
moral que faz a grandeza
e a dignidade das
nações. Na sequência ele
disse que a democracia é
o único sistema capaz de
assegurar a pacificação
e a aproximação entre os
povos. E mencionou então
as duas mais antigas
repúblicas do mundo: a
Suíça e os Estados
Unidos que, em suas
obras fundamentais, se
inspiraram em um ideal
sagrado. “O pacto de
Grutli e o dos
imigrantes de May Flower
uniam os contratantes em
um laço federal
sancionado por uma fé
espiritualista e uma
prece a Deus”, lembrou
Denis.
(Obra citada, pp. 133 e
134.)
C. Para os males
existentes na Terra,
qual será então o
remédio?
Ele pode ser encontrado
em uma renovação do
espírito e do coração,
ou seja, numa educação
que explique ao homem o
porquê de sua presença e
de sua passagem sobre a
Terra. Com efeito, de
que serve ao homem
conquistar os ares, as
águas e todas as forças
materiais, se ele não
aprende a conhecer, a
discernir as finalidades
de sua vida? Se o
remédio não está em tudo
e na Ciência, ele virá
pela prova, pois as
causas amargas são as
mais eficazes para o
progresso e a depuração
do ser.
(Obra citada, pp. 135 e
136.)
Texto para leitura
92. Jamais no curso da
História a solidariedade
nas provações e no
sofrimento se fez
presente de maneira tão
intensa. A cruel Grande
Guerra abriu muitas
almas e a dor se tornou
como que uma promessa de
renovação. A Terra se
prepara para um período
de transformação. A
multidão imensa das
vítimas da Guerra plana
acima de nós. Ela não
permanece inativa e
trabalha de mil
maneiras, com o auxílio
dos Espíritos
superiores, para
multiplicar os laços que
unem o céu à Terra.
Correntes de força, de
inspiração, de recursos
fluídicos vertem do alto
sobre a Humanidade. Uma
revelação nova se
difunde sobre todos os
pontos do globo –
revelação poderosa que
levará a vida planetária
para os horizontes mais
esclarecidos da
sabedoria e da luz
divina. (Págs. 123 e
124)
93. Do ponto de vista da
evolução encontramo-nos
em uma esquina brusca
após a qual será preciso
reencontrar o caminho
seguro. Toda sociedade é
regida por princípios
que, sob a ação do
tempo, revestem aspectos
novos. Os recentes
movimentos políticos são
provocados por seres
reencarnados que já
desempenharam um papel
importante nas épocas
revolucionárias, seja na
França seja no
estrangeiro. É preciso,
no entanto, reconstituir
o prestígio da França
por meio de uma direção
nova inspirada em um
ideal superior. (Pág.
125)
94. Podemos prever que o
Espiritismo, caminhando
a par com a ciência,
tornar-se-á, no futuro,
a base das doutrinas
religiosas chamadas a
substituir os dogmas
envelhecidos, que não
mais respondem às
necessidades da
Humanidade em marcha.
(Pág. 126)
95. Afirmando claramente
alinhar-se entre os
partidários do
Socialismo, Léon Denis
faz uma ressalva
importante: não aceita o
Socialismo sem a
doutrina espiritualista,
que o tempera, o
dulcifica e lhe tira
todo o caráter de áspera
violência. “Reprovo o
Socialismo materialista
que só semeia o ódio
entre os homens e, por
conseguinte, permanece
infecundo e destrutivo,
como se pode ver na
Rússia”, assevera Denis.
“Sou evolucionista e não
revolucionário.”
(Pág. 126)
96. Um Espírito amigo
lhe disse: ”Vossa época
tem uma grande
importância. Vossos
homens políticos em
geral não veem senão o
sentido prático e antes
material, a razão e o
interesse são seus
guias, e aí está em
grande parte o que
constitui a política das
esquerdas. Isso, porém,
está longe de ser
suficiente para
assegurar a vida
intelectual e moral de
uma grande nação”. “É
preciso chegar cedo ou
tarde às doutrinas
espiritualistas para dar
a esta política toda a
sua grandeza e o seu
alcance.” No final da
mensagem, o comunicante
espiritual acrescentou:
“Do Espaço, trabalha-se
para dilatar as
concepções do homem de
direita e a moderar os
impulsos dos
extremistas. É preciso
saber esperar sem muito
otimismo e preparar na
ordem e na razão a
eclosão dos princípios
novos”. (Págs. 126 a
128)
97. A 6 de maio de 1924
um outro Espírito
escreveu-lhe: “Para que
vossa Terra evolua e o
homem possa alcançar um
outro planeta, é preciso
renunciar às ideias
militaristas. Uma nova
era psíquica se prepara
para vós. Sugestões
apropriadas irão se
produzir e não haverá
outra guerra nos
próximos quatro anos”. A
primeira medida a tomar,
sugeriu o instrutor
espiritual, será
“reforçar o espírito
laico e fazer penetrar
na instrução este
espírito de beleza que,
dulcificando as
disciplinas políticas,
morais e científicas,
criará um impulso para a
espiritualidade que não
deverá jamais se
enfraquecer”. (Págs.
129 e 130)
98. A 11 de julho do
mesmo ano um Espírito
falou-lhe do papel da
França e da Inglaterra,
que poderiam, se
quisessem, conjugar seus
esforços para comprimir
os círculos adversos.
Fora preciso pouca coisa
para isto, mas mesmo
esse pouco era difícil
de realizar. É que,
segundo o comunicante
espiritual, faltava
sinceridade à fé inglesa
e, na França, o ideal
nacionalista não era
suficiente. “O que nos
impede de agir do Espaço
– explicou o comunicante
– é que forças postas aí
suscitam controvérsias
incessantes.” E
acrescentou: “Três
forças estão, pois,
presentes: a força
brutal alemã, o ideal
incompleto francês, o
egoísmo e a lógica
puritana inglesa”. Do
Alto, disse ele,
desejar-se-ia que
surgissem na França
homens honestos,
íntegros, com um ideal
formado de amor pelo
país e de justiça
social. A França os
possuía, mas em feixes
separados. O ideal
espírita deveria
crescer, mas, antes que
tal se desse, era
preciso que a tempestade
moral fosse acalmada.
(N.R.: A 2a.
Guerra Mundial teve
início 15 anos depois
dessa mensagem e sabe-se
que a aventura alemã só
foi possível por causa
das incertezas e
desconfianças que
caracterizavam então os
governos da França e da
Inglaterra, as maiores
potências da época.)
(Págs. 132 e 133)
99. As mensagens
referidas foram ditadas
por Espíritos que haviam
desempenhado um papel
político importante
quando de sua última
jornada terrestre. Eram
todos republicanos, do
mesmo modo que Léon
Denis, que entende que à
República francesa
faltava o ideal
superior, a tradição
moral que faz a grandeza
e a dignidade das
nações. Na sequência ele
enaltece a democracia, o
único sistema capaz de
assegurar a pacificação
e a aproximação entre os
povos. E menciona então
as duas mais antigas
repúblicas do mundo: a
Suíça e os Estados
Unidos que, em suas
obras fundamentais, se
inspiraram em um ideal
sagrado. “O pacto de
Grutli e o dos
imigrantes de May Flower
uniam os contratantes em
um laço federal
sancionado por uma fé
espiritualista e uma
prece a Deus”, lembra
Denis. (Págs. 133 e
134)
100. A França, disse
ele, teve também horas
de idealismo e de
espiritualidade. A
Declaração dos Direitos
do Homem é um testemunho
disso, mas ela parecia
ter esquecido esse ideal
superior que faz o
prestígio das obras
humanas. A Grande Guerra
alterou em muito os
caracteres e as
consciências e
desencadeou apetites,
cobiças sem limites.
Outrora conheciam-se
duas maneiras de fazer
face às necessidades:
adquirir riquezas ou
restringir as
necessidades, procedendo
com economia. Este
último meio caiu, no
entanto, em desuso.
Quer-se possuir a todo
preço. As necessidades
se multiplicaram a ponto
de tornar a luta pela
vida mais áspera, mais
tirânica, e o trabalho,
a tarefa cotidiana, que
se realizava outrora com
alegria e bom humor,
tornou-se para muitos
uma contrariedade, um
jugo que se suporta
dificilmente. (Pág.
135)
101. Multiplicar as
necessidades fictícias e
atiçar os desejos
concorrem para a
desgraça do ser, não
apenas na Terra, mas
também na vida do
Espaço, porque os
desejos do Espírito
persistem nele e as
privações fazem-se
sentir no mundo
espiritual, onde a
matéria não tem mais
império. A ausência das
coisas que muito amamos
torna-se, então, causa
de sofrimento. (Pág.
135)
102. Para todos esses
males, qual será então o
remédio? Ele pode ser
encontrado em uma
renovação do espírito e
do coração, ou seja,
numa educação que
explique ao homem o
porquê de sua presença e
de sua passagem sobre a
Terra. Com efeito, de
que serve ao homem
conquistar os ares, as
águas e todas as forças
materiais, se ele não
aprende a conhecer, a
discernir as finalidades
de sua vida? Se o
remédio não está em tudo
e na Ciência, ele virá
pela prova, pois as
causas amargas são as
mais eficazes para o
progresso e a depuração
do ser. (Pág. 136)
(Continua no próximo
número.)